A SRª MARINA SILVA (PT- AC. Para uma comunicação. Sem revisão da oradora.) - Agradeço à Mesa.

Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de fazer um registro com relação ao programa SBT Repórter, que foi ao ar ontem à noite, levando uma matéria de valor inestimável para a democracia deste País. Ali, tivemos a oportunidade de ver abordados dois temas de fundamental importância: a questão da situação dos sem-terra e também a questão da ameaça dos madeireiros na Amazônia, mais particularmente no meu Estado, o Acre.

Quem assistiu ao programa teve a oportunidade de ver como os madeireiros, de forma inescrupulosa, estão rapinando o ouro vegetal da Amazônia: o mogno. E, em função do lucro que eles obtêm a partir dessa rapina, colocam em risco a vida de pessoas de bem, como é o caso do Padre Heitor e do Padre Paulino.

O programa faz uma demonstração de como uma tora de madeira sai do Acre por R$130 das mãos de um seringueiro, chegando ao Porto de Santos a R$5 mil o metro cúbico de mogno, custando menos de R$20,00 nas colocações nos altos rios. É uma situação desesperadora.

Quem assistiu ao programa percebe que se faz necessária uma ação urgente do Governo Federal no sentido de coibir esse tipo de abuso, de desrespeito pela pessoa humana, pela natureza.

Agora, Sr. Presidente, Srs. Senadores, faço uma ligação dessa situação dolorosa em que vive o meu Estado no que se refere à segurança, à saúde e à educação. Mais uma vez, infelizmente, o povo do meu Estado se encontra à deriva, sem a mínima condição de ter um acolhimento por parte da autoridade maior, o Governador do Estado.

Tenho em minhas mãos uma notícia veiculada hoje por um jornal de Brasília, afirmando o seguinte:

      "O Departamento de Aviação Civil dos Estados Unidos informou ao DAC brasileiro que o Boeing 727 da família do Governador do Acre, Sr. Orleir Cameli, apreendido em agosto com contrabando em São Paulo, pertencia ao "Cartel de Medellín".

      O Cartel colocou o avião à venda no Deserto de Mojave, em Nevada, onde teria sido comprado por uma empresa de intermediação com sede no aeroporto de Opa-Loka, em Miami. Lá, o Boeing passou às mãos da família de Cameli.

      Na semana passada, o governador tentava um suado acordo com o Líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE): trocaria o PPB (ex-PPR) pelo PFL se o Boeing de US$3 milhões fosse liberado.

      Chegou tarde. O Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, confiscou o avião e o transferiu à Aeronáutica."

Em um Estado com os problemas sociais que estamos enfrentando, com o Governador envolvido nesse tipo de falcatrua, além da denúncia corajosa do Senador Romeu Tuma, as autoridades federais têm de tomar providências, através do Ministério da Justiça ou da Procuradoria da República. Do contrário, estaremos deixando meio milhão de brasileiros entregues à sua própria sorte.