A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso. ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acredito que o tempo será suficiente para fazer esse registro.

O Sr. Romero Jucá - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª. BENEDITA DA SILVA - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Romero Jucá - Gostaria apenas de reforçar as colocações de V. Exª com relação à importância efetiva da comunidade em todos os estágios, em todas as regiões. É necessário que a cidadania brasileira avançe para que possamos ter condições de mudar este País efetivamente. Tenho feito permanentemente, desta tribuna, um alerta no sentido de que o Governo Federal defina urgentemente uma política de desenvolvimento regional para enfrentar as desigualdades e as dificuldades das regiões mais pobres. Há quase um ano de Governo e não temos ainda uma política efetiva, uma política definida que realmente enfrente e resolva a questão dos desequilíbrios regionais. Quero parabenizá-la, Senadora, por suas palavras. V. Exª sabe que essa é uma questão para a qual todo o País clama por solução, e é importante que se tenha a participação da sociedade mas que haja também um efetivo projeto de governo que modifique a realidade brasileira, que é bastante perversa para as populações mais pobres de nosso País.

A SRª BENEDITA DA SILVA - Agradeço o aparte de V. Exª. Esta sua preocupação, sem dúvida alguma, deverá ser a de cada um de nós, não apenas no Congresso Nacional, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, mas uma preocupação, como V. Exª coloca, prioritária do Governo. Porque, sem que haja uma definição governamental, não poderemos garantir que essa população, que vagueia de um lado para outro nas ruas das nossas cidades, tenha emprego, atendimento de saúde e educacional.

Estamos discutindo a cidadania do povo brasileiro. Ouvi uma coisa interessante de um dos co-patrocinadores dessa mesa- redonda da qual participei, do representante do Presidente da Coca-Cola. E ele dizia o seguinte: "Vocês poderão perguntar o que é que a Coca-Cola tem a ver com a questão da miséria ou com o projeto da América Latina para o ano 2000, tratando-se da pobreza?" E continuou: "Porque em nossa cabeça, em nossa consciência empresarial, temos sido bem-sucedidos. O mundo inteiro bebe Coca-Cola." Só que ele tem consciência de que a maioria da população da América Latina e do Caribe, cerca de 170 milhões, não bebe a coca-cola que ele vende e que se ele pensasse agora em investir nesse projeto, com certeza garantiria uma maior venda do seu produto. Foi com essa visão empresarial ligada a um consumo, que era do seu interesse, mas também de um investimento consciente da existência da pobreza que ele se fez representar naquela mesa-redonda.

Essa mesa-redonda foi muito significativa porque não se discutiu apenas um projeto onde iríamos dar alguma coisa para alguém, mas, sobretudo, capacitá-lo com bolsas de estudo, com políticas regionalizadas, porque acreditamos que descentralização e política regional, nesse momento, é que vão sustentar a base da pirâmide social, seja no Brasil ou na América Latina e Caribe.

Sr. Presidente, peço a V. Exª que conste do meu pronunciamento o discurso feito por mim no Instituto Kellog, cujo título é: Pobreza na América Latina: Problema e Soluções.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada.