Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO POLITICO E LIDER EMPRESARIAL, INGO WOLFGANG HERING. CONTRARIO A PROPOSTA DE SUPRIMIR A CONTRIBUIÇÃO COMPULSORIA AS ENTIDADES DE SERVIÇO MANTIDAS PELA INDUSTRIA NACIONAL - SESI, SENAI, SESC E SENAC.

Autor
Esperidião Amin (PPR - Partido Progressista Reformador/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO POLITICO E LIDER EMPRESARIAL, INGO WOLFGANG HERING. CONTRARIO A PROPOSTA DE SUPRIMIR A CONTRIBUIÇÃO COMPULSORIA AS ENTIDADES DE SERVIÇO MANTIDAS PELA INDUSTRIA NACIONAL - SESI, SENAI, SESC E SENAC.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/1995 - Página 1240
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, INGO WOLFGANG HERING, POLITICO, LIDER, EMPRESARIO, IMPORTANCIA, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • DEFESA, ATUAÇÃO, SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO (SESC), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), IMPORTANCIA, CONSOLIDAÇÃO, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, INDUSTRIA NACIONAL, MERCADO INTERNACIONAL.
  • CRITICA, PROPOSTA, EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO COMPULSORIA, SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO (SESC), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), AGRAVAÇÃO, PROBLEMA, SAUDE, EDUCAÇÃO, TRABALHADOR, INDUSTRIA, PAIS.

            O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPR-SC) - Sr. Presidente, Srªs Srs. Senadores:"Elogiemos os homens ilustres, nossos antepassados, em sua ordem de sucessão. O Senhor criou uma imensa glória e mostrou sua grandeza desde os tempos antigos. Homens exerceram autoridade real, ganharam nome por seus feitos; outros foram ponderados nos conselhos e exprimiram-se em oráculos proféticos. Outros regeram o povo com seus conselhos, inteligência, sabedoria popular e os sábios discursos de seu ensinamento, outros cultivaram a música e escreveram poesias; outros foram ricos e dotados de recursos, vivendo em paz em suas habitações. Todos esses foram honrados por seus contemporâneos e glorificados já em seus dias. Alguns deles deixaram um nome que ainda é citado com elogios. Outros não deixaram nenhuma lembrança e desapareceram como se não tivessem existido. Existiram como se não tivessem existido, assim como os seus filhos depois deles. Mas eis os homens de bem cujos benefícios não foram esquecidos. Na sua descendência eles encontram uma rica herança, sua posteridade. Os seus descendentes ficam fiéis aos mandamentos e também, graças a eles, os seus filhos. Para sempre dura sua descendência e a sua glória não acabará jamais. Os seus corpos serão sepultados em paz e seus nomes vivem por gerações. Os povos proclamarão sua sabedoria, a assembléia anunciará os seus louvores".

            Isso nos ensina o Livro Sapiencial de Sirac, o Eclesiástico, a fim de que as gerações vindouras saibam reconhecer, agradecer e preservar a memória dos nossos antepassados, dos homens ilustres que construíram o mundo em que vivemos e de cujas obras e idéias desfrutamos e somos beneficiários.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realmente, homens há que existiram como se nunca tivessem existido, desapareceram sem deixar marca de sua missão sobre a Terra.

            Hoje não falamos desses homens, que não desejamos nem pretendemos julgar.

            Hoje falamos daquela estirpe de homens ilustres que o Livro de Sirac nos recomenda elogiar por seus feitos e grandeza, por seus exemplos de vida e benefícios deixados aos pósteros.

            Dentre esses homens ilustres, homens de sabedoria e de realizações, hoje desejo destacar a figura ímpar de INGO WOLFGANG HERING, nascido no dia vinte e cinco de março de 1907 e falecido no dia vinte e três de agosto de l992, em Blumenau, Santa Catarina.

            INGO HERING foi político e líder empresarial, presidente de um dos maiores grupos empresariais de Santa Catarina e homem de grande visão social e cultural, seja como Vereador, jornalista, líder partidário e figura proeminente na fundação da Universidade local e da Escola Superior de Música e da Orquestra de Câmara de Blumenau, entre outros relevantes serviços públicos prestados ao País e ao povo de Santa Catarina.

            O Grupo Hering mantém atualmente cerca de vinte e oito mil empregos diretos e estáveis no conjunto de empresas componentes do conglomerado produtivo.

            O Brasil inteiro conhece o nome Hering e isto se deve principalmente à liderança e ao trabalho de INGO HERING, como principal sustentáculo e coluna no desenvolvimento daquele complexo empresarial vitorioso.

            A carreira empresarial e política de INGO HERING se baseia principalmente no trabalho firme e constante, no estudo e na perseverança: fez seus primeiros estudos em Blumenau, concluiu sua formação escolar em Braunschweig, na Alemanha, dedicou-se ao ramo comercial e ingressou na Cia. Hering em l929, como diretor suplente, desempenhando todas as principais funções, até assumir a Presidência da empresa em l97l.

            Homem austero, de hábitos simples e moderados, voz calma, pausada, tranqüila, evitava qualquer demonstração de riqueza ou ostentação, jamais usando a riqueza para humilhar quem quer que fosse; era firme nos negócios, dedicado às suas atividades não apenas empresariais mas também sociais e comunitárias.

            INGO HERING é símbolo do empresário MODERNO, na acepção verdadeira do termo, de uma modernidade realizadora, criadora, sem ostentação nem esnobismo: em suma, um exemplo para nossa juventude, para nossos empresários, para nossos políticos e, principalmente, para nossos governantes.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inaugura-se em meu Estado, em Santa Catarina, o trecho rodoviário federal da BR-470, entre a cidade de Navegantes e a Divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

            Os Senadores e Deputados Federais componentes da bancada federal de Santa Catarina estão apoiando por unanimidade o nome de INGO HERING para denominar aquele trecho rodoviário, como "RODOVIA INGO HERING".

            Isso demonstra e comprova a grande obra realizada por INGO HERING para o povo de Santa Catarina, sua liderança e seu exemplo de vida, como aquele "homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha".

            Minha presença hoje na tribuna do Senado Federal objetiva registrar e ratificar meu total apoio à homenagem ao nome respeitável de INGO HERING, merecedor do respeito e da gratidão do povo de Santa Catarina por toda uma vida dedicada a realizações sérias, como homem que "combateu o bom combate".

            Outro assunto me traz à tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: a proposta de suprimir, nas reformas em andamento, a contribuição compulsória às entidades de serviço mantidas pela indústria nacional representa a ameaça de concretização de um gravíssimo golpe contra a competitividade da indústria brasileira no mercado internacional, pois, se por nós aprovada, inviabilizaria o SESI e fecharia o SENAI e, por extensão, o SESC, O SENAC e congêneres.

            Deixar que morram essas duas instituições, criadas no pós-guerra e mantidas desde então pelo próprio empresariado nacional, seria deixar morrer duas das mais dinâmicas e importantes organizações nacionais, orgulhos que nos merecem o reconhecimento de inúmeras entidades em todo o mundo.

            O SESI e o SENAI, bem como o SESC e o SENAC, se transformaram, nesses seus cinqüenta e três anos de existência, em algo que ultrapassa os limites convencionais de uma entidade de capacitação de mão-de-obra.

            Elas são hoje muito mais que entidades comprometidas com formação profissional e assistência social, são um importantíssimo fator no processo de aprimoramento do próprio desenvolvimento tecnológico do segmento industrial brasileiro.

            A implementação de programas de gestão de qualidade e produtividade, a gestão da qualidade ambiental, a adequação metrológica e padrões internacionais, a pesquisa e o estudo gerados em seus laboratórios, tudo isso nos tem permitido enfrentar os desafios da modernização de um parque industrial obsoleto, quase completamente sucateado, de modo a poder responder a uma demanda que se espera maior e mais exigente, no contexto de uma superação da crise que agora nos oprime.

            Se o Brasil sair dessa crise em condições de competir em pé de igualdade no mercado internacional, grande parte do seu sucesso se deverá ao esforço permanente e silencioso dessas instituições e ao seu empenho em publicar e difundir literatura técnica de altíssimo nível, em aperfeiçoar ou introduzir metodologias mais eficazes, em desenvolver habilidades gerenciais, em viabilizar a modernização dos processos tecnológicos e gerenciais, em capacitar e reciclar a mão-de-obra industrial.

            A ameaça que pesa sobre essas duas instituições que os empresários industriais criaram e mantêm há mais de meio século no Brasil é uma ameaça ao patrimônio nacional, pois ali se mantém e se desenvolve a tecnologia capaz de nos elevar a novos patamares de desempenho. Ali estão os resultados positivos de uma ação profissional e séria. Os seus frutos são concretos, mensuráveis, visíveis.

            Não podemos, por outro lado, nos permitir a loucura de, a pretexto da implantação de reformas estruturais, inviabilizar a um só tempo a maior rede privada de ensino no País, desmontar uma estrutura que responde por seis e meio milhões de atendimentos médicos em todo o território nacional. Desativar essas instituições significaria desativar a maior e mais eficaz entidade prestadora de serviços à indústria em todo o continente americano.

            A proposta de suprimir-se a principal fonte de recursos que permite aos empresários industriais do Brasil manter o SESI e o SENAI, bem como o SENAC e o SESC, é não apenas uma proposição dispensável, como profundamente danosa ao desenvolvimento industrial de um Brasil que ainda tem muito o que crescer para se desenvolver.

            Não podemos privar o trabalhador nacional de um suporte de assistência à saúde, educação, lazer e cultura, presente em mais de três mil municípios do País. Uma atuação que não empenha os recursos.

            Se o País está clamando por reformas que lhe permitam chegar com alguma possibilidade de sucesso no Terceiro Milênio, ele clama mais ainda por competência, por eficácia, por rentabilidade e não pode dispensar a contribuição de entidades como o SESI e o SENAI. Sem competência técnica e tecnológica, sem mão-de-obra qualificada, sem estudo e sem pesquisa, jamais chegaremos lá.

            Não podemos permitir que sejam sacrificadas, irresponsável e desnecessariamente, entidades ativas, eficientes, modernas, produtivas e operantes como o SESI, o SENAI, o SESC e o SENAC.

            Isso poderia significar um golpe muito grande no nosso processo de aprimoramento e desenvolvimento industrial, o que é uma atitude suicida para um País que ainda tem tantos obstáculos, tantos problemas de desenvolvimento a superar.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/1995 - Página 1240