Pronunciamento de Guilherme Palmeira em 25/10/1995
Discurso no Senado Federal
TRANSCURSO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SR. ANFILOFIO JAYME DE ALTAVILA MELO.
- Autor
- Guilherme Palmeira (PFL - Partido da Frente Liberal/AL)
- Nome completo: Guilherme Gracindo Soares Palmeira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- TRANSCURSO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO SR. ANFILOFIO JAYME DE ALTAVILA MELO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/10/1995 - Página 1709
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, ANFILOFIO JAYME DE ALTAVILA MELO, ESCRITOR, POETA, PROFESSOR, POLITICO, ESTADO DE ALAGOAS (AL).
O SR. GUILHERME PALMEIRA (PFL-AL) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Estado de Alagoas está festejando, com merecido júbilo, o centenário de nascimento de um dos seus filhos mais ilustres, o brilhante mestre, escritor, poeta, historiador e homem público invulgar, ANFILÓFIO JAYME DE ALTAVILA MELO. Nascido em Maceió a 16 de outubro de 1895, Jayme de Altavila veio ao mundo para tornar-se um grande e perpetuar-se na história da nossa gente, marcando presença relevante em vários setores e atividades, sempre se destacando pelo brilho de seu talento e pelo avanço das suas idéias.
Garoto pobre que, freqüentando o antigo Lyceu alagoano, desenvolveu grande esforço para construir um futuro que seria brilhante, Jayme de Altavila é um desses raros exemplos de pluralidade, alcançando dimensão humanística que poucos escolhidos conseguem atingir. Professor de História Geral na antiga Escola Normal de Maceió (hoje Instituto de Educação) e do Lyceu Alagoano, de que fora aluno, ingressa na Faculdade de Direito do Recife, terminando, contudo, seus estudos jurídicos na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1923.
Retornando à terra natal que jamais esquecera e que cantaria, como poucos, nos inúmeros e memoráveis poemas que nos legou, Jayme de Altavila é eleito, em 1925, Deputado à Assembléia Legislativa Estadual de Alagoas e em 1927 elege-se Prefeito de Maceió. Sua presença como administrador da Capital alagoana pode ainda hoje ser notada em vários pontos da cidade, como a Avenida da Paz, e numa marcante atuação no campo da educação e da cultura. Em 1929 retorna à Assembléia Legislativa, novamente eleito pelo povo.
Ocupou os cargos de Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Alagoas, Diretor do Lyceu Alagoano, Promotor Público da Capital, Juiz Federal no Estado da Paraíba e Professor de várias instituições de Direito de Alagoas, tornando-se o seu diretor por vários anos, atividade que acumulava com o magistério exercido, também, na Faculdade de Ciências Econômicos.
No campo do Direito, Jayme de Altavila foi um dos nossos maiores expoentes, não apenas como estudioso e mestre, mas como autor de fôlego, projetando-se, com seu livro "Origem dos Direitos dos Povos", editado pela Companhia Melhoramentos de São Paulo, e que já se encontra na sua sexta edição, como um dos mais argutos e eficientes cultores das ciências jurídicas. Nessa área, escreveu, também, "Desquite e Sevícia - Razões de um Apelante" e "A Testemunha na História e no Direito".
Fundador da Academia Alagoana de Letras, sendo seu Presidente nos períodos de 1936 e 1937 e de 1961 a 1964, o mestre Jayme de Altavila esbanja seu maior talento no campo da História e da Literatura. Sua obra "História da Civilização de Alagoas", impressa pela primeira vez em 1933 e, já agora, na sua oitava edição, é pesquisa obrigatória para estudantes, professores e estudiosos, graças ao rigor e à acuidade das suas informações, análises e documentação. Nesse campo da história, Altavila escreveu outra importante obra, "O Quilombo dos Palmares", atualíssima, agora, quando se comemora os 300 anos do movimento negro que sintetiza o primeiro grito de liberdade nas Américas. É autor, ainda de "História da Civilização do Brasil" e "A extinção da Capitania da Paraíba".
Eleito, em 1964, pelos integrantes da Academia Maceioense de Letras, o "Príncipe dos Poetas Alagoanos", Jayme de Altavila deixa um acervo maravilhoso no campo da poesia. Cantou sua terra como ninguém, das praias aos coqueiros, das igrejas às vilas e lugarejos, da terra ao seu povo. Possuía uma visão social da nossa realidade de estado dominado pela cultura da cana-de-açúcar e revela, nos seus poemas, uma permanente preocupação com a pessoa humana. Já em 1914, com apenas 19 anos de idade, publica seus primeiros versos, acolhidos no livro "Crepúsculo de Ouro e Sangue". Daí, seguem-se "Da Vida e do Sonho, de 1916; "Diário de Todos os Amantes", de 1928; "Canto Nativo, de 1949 e "Últimos Poemas". Escreveu novelas, merecendo menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, por "Lógica de Um Burro". e enveredou pelo canto (Sabalangá) e pelo romance (A Terra Será de Todos).
A grandiosidade e Jayme de Altavila o faz credor de todos ás homenagens. Ao lembrar, merecidamente, o centenário de seu nascimento, o povo e as autoridades de Alagoas, a quem me associo neste momento, apenas traduzem uma manifestação de justiça, trazendo, como isso, às gerações do presente e do futuro, um exemplo que, perenemente, deverá ser reverenciado.