O SR. JOSAPHAT MARINHO (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, foi sepultado hoje em Salvador o empresário Mamede Paes Mendonça.

            Filho de Sergipe, ali trabalhou, a princípio no campo, lavrando a terra com suas próprias mãos; depois, no pequeno comércio. Dali se deslocou para Salvador, onde ingressou no comércio de lojas de artigos domésticos e de alimentação em geral. Nessa atividade prosperou; tornou-se um precursor, um pioneiro do desenvolvimento de supermercados no País a partir de Salvador.

            As lojas que então construiu e pôs em funcionamento primavam pela organização, pela higiene, pelo bom serviço ao público. Eram, além do mais, fontes de multiplicação de riqueza no Estado pelo desenvolvimento de suas atividades na aquisição de produtos destinados à revenda, provenientes da agricultura. De Salvador, desenvolveu suas atividades no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais. Era um homem simples de fato e não por elogio após a morte. Era um homem simples, de letras primárias inacabadas, extremamente empreendedor e generoso, criando e multiplicando suas empresas ao mesmo tempo alargava o campo do emprego, beneficiando larga parte da população quer no centro, quer na periferia da capital.

            Era, por outro lado, o empresário que, por sua instrução, não podendo ter a grande visão da vida social e educativa, não recusava, entretanto, sua ajuda a todos os empreendimentos que, na Bahia, se desenvolviam e ainda se desenvolvem nesse setor.

            Não havia instante em que as instituições de assistência social ou de natureza cultural precisassem de ajuda a que se recusasse o empresário Mamede Paes Mendonça.

            Era cativante no trato. Em regra, Sr. Presidente, os homens que enriquecem, vindos das camadas mais simples da população, tornam-se também vaidosos. Paes Mendonça guardou a simplicidade. Para que se soubesse que ele se encontrava em alguma reunião social, era preciso procurá-lo. Procurado, era um cidadão comum; não deixava transparecer o poder econômico de que era detentor.

            A moléstia o colheu e o levou à morte. Os Anais do Senado, que registram sempre a vida de personalidades ilustres, deve conter também um lugar para anotar a morte dos homens simples que foram úteis à sociedade. Assim foi Mamede Paes Mendonça.