Discurso no Senado Federal

CONTRARIO AO PAGAMENTO DE PEDAGIO A COMUNIDADE INDIGENA WAIMIRI - ATROARI, DA AMAZONIA OCIDENTAL, QUE CONTINUAM IMPEDINDO O ASFALTAMENTO DA BR-174.

Autor
Romero Jucá (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDIGENISTA.:
  • CONTRARIO AO PAGAMENTO DE PEDAGIO A COMUNIDADE INDIGENA WAIMIRI - ATROARI, DA AMAZONIA OCIDENTAL, QUE CONTINUAM IMPEDINDO O ASFALTAMENTO DA BR-174.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/1995 - Página 1510
Assunto
Outros > POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, PAGAMENTO, GOVERNO BRASILEIRO, PEDAGIO, COMUNIDADE INDIGENA, AMAZONIA OCIDENTAL, SOLICITAÇÃO, NELSON JOBIM, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), URGENCIA, LIBERAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DO AMAZONAS (AM), EXECUÇÃO, ASFALTAMENTO, PAVIMENTAÇÃO, NECESSIDADE, PROTEÇÃO, RESERVA INDIGENA.

            O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem à noite, o País tomou conhecimento, pelo programa Fantástico, de um problema que a Amazônia Ocidental vive há mais de dois meses e que eu e outros companheiros do Senado já tivemos oportunidade de colocar neste plenário.

            Foram veiculadas para todo o Brasil declarações da Comunidade Indígena Waimiri-Atroari, que fica no Estado do Amazonas e de Roraima, em que textualmente o cacique dizia que só permitiria o asfaltamento da BR-174 se fossem liberados para a sua comunidade R$3,5 milhões.

            Temos colocado que não somos contra a proteção às comunidades indígenas; pelo contrário, como Presidente da FUNAI durante quase três anos, tive oportunidade, no Governo José Sarney, de fazer a maior demarcação de área indígena na história do índio.

            Entendemos que o asfaltamento de qualquer BR, de qualquer estrada, qualquer tipo de intervenção em área indígena deve ser acompanhado de proteção antropológica, das proteções à cultura e à comunidade indígena. Entendemos que a pavimentação da BR-174 deve ter esses cuidados, inclusive com a construção de postos de fronteira, de postos de segurança, no sentido de proteger as comunidades. Consideramos, porém, impraticável que o Exército brasileiro, o 6º Batalhão de Engenharia esteja há mais de dois meses instalado dentro da reserva, junto à estrada, para iniciar as obras de pavimentação e até agora, infelizmente, o Governo brasileiro não tenha tomado uma posição decisiva sobre a questão.

            Falei pessoalmente com o Ministro Nelson Jobim, com a equipe do Ministério da Justiça e reiteradas vezes tivemos a informação de que a questão estava resolvida; infelizmente, até agora, o asfaltamento da BR-174, no trecho Waimiri-Atroari, não começou. Estamos correndo o risco, segundo palavras do próprio Exército, de que seja desmobilizada a equipe que está lá, porque dentro em pouco vai voltar a chover na área e, a partir daí, será impraticável iniciar esse trabalho. Teremos que esperar para executá-lo no próximo ano. Sem dúvida nenhuma, esse é um prejuízo grave para o Estado de Roraima, para o Estado do Amazonas e para o desenvolvimento de toda a região.

            Eu gostaria de fazer duas observações: primeiro, reitero ao Ministro Nelson Jobim a solicitação de que tome uma providência urgente sobre essa questão; segundo, não é possível que o Governo brasileiro se dobre e pague taxa de pedágio à comunidade indígena. Se isso ocorrer, estará sendo aberto um precedente que não dará mais condição de o Governo brasileiro executar qualquer tipo de obra, principalmente na região amazônica.

            Somos favoráveis à proteção das comunidades indígenas, somos favoráveis à construção - repito - de pontos de observação e de segurança para a comunidade indígena. Queremos que o Governo brasileiro e o Ministro tomem uma posição para que não seja pago diretamente às comunidades indígenas como pedágio esse valor de R$3,5 milhões. Se isso ocorrer, o Governo estará desmoralizado e abrindo um precedente perigoso para, inclusive, reconhecer a autonomia das áreas indígenas.

            Hoje, a BR-174 é uma estrada federal implantada, e existe a área de domínio federal. É o Exército Brasileiro que quer trabalhar dentro da área indígena e, efetivamente, nada disso acontece.

            Quero deixar registradas essas colocações e pedir providências urgentes ao Ministro da Justiça no sentido de desimpedir a estrada para sua pavimentação e, ao mesmo tempo, marcar uma posição séria e definitiva do Governo brasileiro sobre a questão.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/1995 - Página 1510