O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em sua edição de ontem, o Correio Braziliense, com matérias distintas, mas intrinsecamente relacionadas, mostrou dados e estatísticas impressionantes acerca da violência e do desemprego no Distrito Federal.

            Baseado em estatísticas da Secretaria de Segurança Pública, o jornal revela que o número de homicídios cresceu 9% em relação ao ano passado.

            Antes que a oposição se manifestasse, do próprio PT surgiram as primeiras pedras em direção às vidraças do "Governo Popular" do Professor Cristovam Buarque. Segundo o Deputado Marcos Lima, do PT, "A violência aumentou porque falta um plano de segurança pública eficaz."

            O General Gilberto Serra, responsável pela Segurança Pública na Capital Federal, não veste a carapuça e diz que o Governo está equipando a polícia e que contratará mais policiais, a curto prazo.

            Lúcido, o empresário Sérgio Koffes, Presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, relaciona a escalada da violência ao estratosférico índice de desemprego na capital do País.

            Com impecável técnica de reportagem, o jornal dos Diários Associados mostra em cores dramáticas exemplos de violência exacerbada, praticada corriqueiramente não só no Plano Piloto, mas também nas cidades satélites como São Sebastião, Planaltina, Gama, Taguatinga e Ceilândia, sem deixar de destacar casos escabrosos das cidades do Entorno.

            Pois bem, Sr. Presidente, Srªas e Srs. Senadores, na página seguinte, sempre com muita pertinência, valendo-se do gancho de uma matéria sobre concurso público, o Correio revela os inacreditáveis números do desemprego em Brasília: 126.800 trabalhadores desempregados, ou seja, 15,8% da população economicamente ativa, conforme pesquisa da própria Secretaria do Trabalho do Governo.

            Como se vê, nunca se confirmou tanto o axioma sociológico que afirma que o desemprego gera, necessariamente, aumento dos índices de violência.

            Ora, Sr. Presidente, é claro que é necessário equipar a polícia e contratar mais policiais. É claro que é preciso treinar os novos policiais e remunerá-los condignamente, para que exerçam eficientemente o seu ofício.

            Óbvia, também, é a necessidade de um aparelho policial livre da corrupção e capacitado a investigar sem se valer de métodos escusos, como os denunciados na principal matéria da revista Veja desta semana.

            Entretanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o maior drama da população do Distrito Federal e o grande desafio a ser enfrentado pelo Governo é, sem dúvida, o desemprego.

            Poderemos ter a melhor polícia do mundo, policiais até com excelentes salários, mas só vamos diminuir a violência com a criação de empregos.

            Recentemente, toda a Bancada do Distrito Federal no Congresso uniu-se em torno de propostas de emendas ao Orçamento, no intuito de garantir ao "Governo Popular" do PT recursos financeiros indispensáveis ao bom funcionamento da cidade.

            Acredito que os próprios intelectuais petistas instalados no Governo já não discutem a necessidade da execução de um projeto de industrialização. Falo de execução, Sr. Presidente, porque esse assunto já foi discutido tão amplamente em Brasília, tantos projetos foram desenvolvidos, que não cabem mais divagações sobre o assunto.

            Portanto, quero protestar, sim, contra o aumento dos índices de violência em Brasília e em suas cidades satélites. Quero exigir, sim, providências do "Governo Popular" com vistas à melhoria da Segurança Pública na Capital Federal.

            Mas, acima de tudo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero lançar desta tribuna um veemente apelo ao Governador Cristovam Buarque, no sentido de fazer cumprir suas promessas de campanha; no sentido de promover o desenvolvimento integrado do Distrito Federal; no sentido de executar, sem demora, um amplo projeto de industrialização das cidades satélites e da região do Entorno, em harmonia com os Estados co-irmãos. Um projeto de industrialização capaz de gerar empregos e diminuir os índices de violência na capital do País e, sobretudo, capaz de provar a toda a população de Brasília que o Governo do PT está, efetivamente, governando.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.