A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, desde que assumi nesta Casa o meu mandato, tenho feito um esforço muito grande no sentido de tentar trazer ao plenário desta Casa temas que sejam do interesse da Nação e da minha Região. Até porque entendo que esses problemas não são somente da Região Amazônica, mas de todo povo brasileiro.

            O que falo nesta breve comunicação é algo que já vem sendo debatido e denunciado, tanto pela Bancada do Acre, aqui, no Senado, quanto pela imprensa.

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma) - Nobre Senadora Marina Silva, peço licença a V. Exª para prorrogar a sessão por mais 15 minutos, para que possa concluir.

            A SRª MARINA SILVA - Muito obrigada.

            Trata-se das inúmeras denúncias feitas contra o Governador do meu Estado, o Sr. Orleir Messias Cameli, que tem, hoje, na Procuradoria Geral da República, um documento assinado por três Senadores, dois Deputados Federais, seis Deputados Estaduais, inúmeras entidades representantes da sociedade civil, do Prefeito e da vice-Prefeita da Capital e alguns prefeitos de outros Municípios.

            Nesse documento, constam 16 irregularidades que deverão ser acrescidas de mais uma recente denúncia, que é a questão dos CPFs falsos do Governador do Estado. Ele tem, segundo as denúncias feitas, quatro CPFs. Não precisamos entrar em muitos detalhes para saber que o uso dessa prática, quando não se constitui em erro - e no caso não é erro, porque são quatro, e estavam movimentando empresas do Governador - é uma tentativa de lesar o fisco ou outras práticas delituosas.

            Quero dizer, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, que esse problema passa a ser do Estado brasileiro e da sociedade. Não é possível que a Nação acompanhe todas essas irregularidades, que sinta o clamor do povo do Acre, sem condições de resistir, porque a própria autoridade maior está envolvida em inúmeras irregularidades e que não se faça aquilo que a Nação acredita deveria ser feito, ou seja, uma intervenção no Estado do Acre.

            Infelizmente, devo dizer que nunca fui simpática à idéia da intervenção, até porque nos períodos da ditadura, com certeza, essa palavra era muito dolorosa para muitos que defendiam a democracia, mas nesse caso é uma situação particular.

            Imaginem um Estado como o nosso com problemas de violência envolvendo madeireiros, envolvendo interesses muito altos e a própria autoridade, que deveria mostrar para a população alguma segurança, está envolvida em várias irregularidades.

            Sr. Presidente, posso citar, aqui, inúmeras manchetes de jornais que dizem o mesmo, como é o caso do jornal O Globo: "Cameli investigado pela polícia"; "Inimigos alertam para cartel de Manaus, uma operação que envolve, inclusive, outros Estados"; "Governador vai pedir intervenção no Acre".

            Ontem, numa emissora de televisão deu uma entrevista, pedindo ao Governo Federal uma intervenção, porque o Governador sabe que ele não tem mais condições de governar aquele Estado. Como vai se negociar verbas públicas, liberar dinheiro público dos velhos ministérios para um governador com todas essas irregularidades?

            Estamos buscando juntamente com os Senadores Flaviano Melo e Nabor Júnior, uma audiência com o Ministro Nelson Jobim, para que coloquemos a gravidade dos fatos, a fim de que seja feita uma intervenção no Estado do Acre, para que todas as irregularidades sejam apuradas e a sociedade acreana não sinta mais uma vez que a impunidade grassa no Acre, até mesmo por parte daqueles que deveriam dar o exemplo.

            Muito obrigada.