O SR. ERNANDES AMORIM (RO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em artigo do jornal O Globo de hoje, o ex-Deputado Federal Márcio Moreira Alves faz referência a esta Casa e aos Parlamentares nos seguintes termos:

            "Os Parlamentares acham que ganham pouco? Tratem então de aumentar os seus salários às claras, em vez de inventar remunerações indiretas, como o pagamento dos seus escritórios e despesas nos Estados. Esse tipo de remuneração não só abre flanco para fraudes e CPIs, como parece mordomia indevida que desmoraliza as instituições legislativas."

            Estou encaminhando um ofício ao Presidente desta Casa, Senador José Sarney, cujo teor passo a ler:

            "Sr. Presidente,

            Ao Congresso Nacional debito uma grande parcela da culpa pela irresponsabilidade de certos jornalistas que sistematicamente vêm atacando, de forma leviana, o Parlamento Brasileiro, pois há vários anos tramita pelas duas Casas o projeto da nova Lei de Imprensa.

            O Parlamento é atacado, a honra dos Parlamentares é atacada e nada se faz de concreto, não se apresentam provas e tudo fica pelo disse-não-disse.

            No jornal O Globo, publicado no dia 8 de novembro de 1995, estranhamente o ex-Deputado Federal Márcio Moreira Alves aborda a questão salarial dos Parlamentares, com a evidente intenção de desmoralizar o Congresso Nacional, pois é inconcebível que hoje o jornalista tenha esquecido as responsabilidades que pesam sobre o ombro dos Parlamentares, tais como atendimento às suas bases, aos seus eleitores, etc.

            É possível, Sr. Presidente, que o ex-Deputado tenha a fórmula para que um Senador da República e um Deputado Federal possam exercer, com dignidade, o seu mandato com um salário líquido de menos de R$5.800,00, razão pela qual, requeiro a V. Exª, via Corregedoria do Senado, seja convocado o jornalista Márcio Moreira Alves a prestar os devidos esclarecimentos a esta Casa, de como se vive e se exerce o mandato parlamentar, em sua plenitude, sem dever aos bancos, ou, como é do conhecimento público, sem ter envolvimento, como é o caso de alguns Parlamentares, com empreiteiras e cabides de empregos aos seus familiares. É intolerável que continuem pairando dúvidas quanto à lisura desta Casa, tendo como base ataques infundados e irresponsáveis de jornalistas sem compromisso com a verdade.

            Chega, Sr. Presidente, de "Anões do Orçamento", CPI de PC e das empreiteiras. Esta Casa, hoje, tem um compromisso histórico e moral com a sociedade brasileira: votar a reforma do Estado e dar a todos os nossos patrícios vida com dignidade e uma sociedade mais justa.

            Receba, na oportunidade, minha expressão de apreço e ardente desejo de que os nossos detratores sejam chamados ao exercício da verdade.

            Atenciosamente,

            Ernandes Amorim, Quarto Secretário do Senado Federal."

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.