O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, minha presença na tribuna desta Casa objetiva hoje, pura e simplesmente, comunicar o bárbaro assassinato do companheiro Sérgio Dieb, nos seus 45 anos de existência, ocorrido na madrugada do dia 4 do corrente, em Natal, no Rio Grande do Norte. A morte do dirigente regional do nosso Partido abalou profundamente os meios políticos, sociais e culturais da terra de Câmara Cascudo, não apenas pela forma violenta e covarde como lhe tiraram a vida, mas sobretudo por tratar-se de uma personalidade muito conhecida, de muito prestígio social. O que se evidencia nas sucessivas homenagens que a sociedade organizada da terra potiguar está promovendo para rememorar o seu nome e a sua trajetória.

            Liderança surgida na luta de resistência contra a ditadura, suas atividades começaram ainda nos grêmios estudantis e diretórios acadêmicos, posteriormente no IAB - Instituto dos Arquitetos do Brasil, e depois nos movimentos comunitário, ecológico (do qual foi um dos pioneiros na região), pelos direitos humanos, e pela Constituinte. Foi no Estado um dos fundadores e dirigentes do Comitê de Anistia, do Comitê pela Paz Mundial, e do Comitê pró-Eleições Diretas. Nessa sua batalha diária por seus ideais, construiu uma imagem do indormido lutador e de vinculação estreita com as questões centrais da vida política local e nacional. Impulsionado por amigos, candidatou-se e se elegeu vereador, cumprindo dois mandatos consecutivos, sendo o primeiro em 1978 a 1982, e o segundo de 1982 a 1988, chegando à Vice-Presidência da Câmara Municipal de Natal e sendo escolhido pelos jornalistas locais como um dos melhores edis, por sua combatividade e por sua sensibilidade no enfrentamento dos problemas da gente simples da sua terra vinculando-os às grandes questões nacionais e planetárias. Profissional da Arquitetura, sempre foi um estudioso e um preocupado com as questões urbanas, principalmente as que dizem respeito ao tráfego de médias e grandes cidades. Nessa condição, foi convidado e assumiu a Secretaria de Transportes Urbanos da Prefeitura natalense, cuja gestão deixou a marca do seu conhecimento teórico e prático nessas complexas questões.

            Descendente de uma família de origem libanesa, vinda do trato da terra e do comércio, Sérgio Dieb era um homem afável, de amplo relacionamento pessoal e de muitos amigos. Pelo que sei, não tinha inimigos explícitos, graças ao seu jeito muito peculiar e alegre de construir amizades. Daí o choque que provocou ao ser morto de forma tão violenta, por um assassino que lhe roubou a vida e vários pertences valiosos.

            Porém, o que está chocando a família enlutada, a quem mais uma vez transmitimos nossas sinceras condolências, e a opinião público rio-grandense é que, até o momento, o assassino não foi preso. Nesse sentido, causa espécie saber-se que, após ter fugido da capital potiguar, tenha sido cercado na casa dos seus possíveis pais, em Boa Viagem, bairro do Recife, em Pernambuco, e conseguiu evadir-se pelos fundos do imóvel, sem ser molestado pela polícia. Aliás, segundo notícia jornalística difundida, neste início de semana, os policiais teriam alegado equivocadamente nada poder fazer para evitar a fuga do meliante - que estaria armado - a fim de proteger os direitos da pessoa humana.

            Ao tempo em que lamentamos profundamente o trágico desaparecimento do companheiro Sérgio Dieb, solicitamos imediatas providências dos Secretários de Segurança Pública dos Estados de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, no sentido de prender o assassino e puni-lo exemplar e legalmente.