Discurso no Senado Federal

AVALIAÇÃO ERRONEA FEITA PELA COMISSÃO DE OBRAS INACABADAS POR NÃO TER VISITADO AS OBRAS DE TUCURUI.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • AVALIAÇÃO ERRONEA FEITA PELA COMISSÃO DE OBRAS INACABADAS POR NÃO TER VISITADO AS OBRAS DE TUCURUI.
Publicação
Publicação no DCN2 de 23/09/1995 - Página 16469
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • CRITICA, AVALIAÇÃO, CARLOS WILSON, SENADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO TEMPORARIA, OBRA PUBLICA, AUSENCIA, CONCLUSÃO, SUSPENSÃO, VISITA, USINA HIDROELETRICA, MUNICIPIO, TUCURUI (PA), ESTADO DO PARA (PA), CRIAÇÃO, PROBLEMA, NATUREZA POLITICA, NECESSIDADE, SOLUÇÃO, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO, REGIÃO.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero dizer que tenho admiração e nutro enorme simpatia pelo Senador Carlos Wilson. Ocorre que nenhum de nós, Sr. Presidente, é perfeito; todos somos passíveis de erro.

A avaliação que o Senador Carlos Wilson fez a respeito da questão do Pará, há de se convir, foi uma avaliação errada. Na verdade, o Senador Carlos Wilson teve a intenção de não criar um problema, mas, com a sua atitude, S. Exª fez foi criá-lo.

O Senador Carlos Wilson havia aceitado a minha proposta de que a Comissão passasse por Tucuruí. Foi feita uma programação e o próprio Senador Carlos Wilson convidou inúmeras autoridades a estarem presentes naquela cidade. O Governado do Estado em exercício não compareceria, mas já havia determinado a presença do Secretário de Transportes. O Presidente da ELETRONORTE e o Presidente da CDP, do Pará, já haviam enviado seus representantes, e o Prefeito de Tucuruí já havia organizado toda a comitiva. No entanto, às 19h de quarta-feira, o Senador Carlos Wilson, pressupondo que haveria um problema, resolveu suspender a viagem.

Ora, fiquei preocupado. Inclusive, o Senador Carlos Wilson disse com todas as letras que o Governador Almir Gabriel não ficaria satisfeito, que haveria pressão política no sentido de que não fosse feita a viagem. Tive, então, o cuidado de ligar para o Secretário de Planejamento do Governo do Estado, que é a pessoa mais ligada ao Governador Almir Gabriel. Falei com o Chefe de Gabinete do Governador, falei com o Secretário de Transportes, que já estava com o avião preparado - e, aliás, foi a Tucuruí; aproveitou a viagem, visitou as eclusas e fez, inclusive, percurso em rodovias que estão sendo beneficiadas, lá, pelo Governo do Estado.

Então, na verdade, Senador Carlos Wilson, apesar de todo o mérito que V. Exª tem - confio muito no seu trabalho; acredito na sua pessoa; V. Exª é extremamente correto nas coisas que faz; conheço sua trajetória política - é necessário reconhecer que houve um erro de avaliação nessa questão.

Digo mais ainda: a divergência que existe no Pará não é insanável, não é grave. O que está acontecendo lá é que o Governador Almir Gabriel, que é nosso companheiro e foi eleito na nossa aliança política, está pretendendo fazer uma aliança para ter maior respaldo na Assembléia Legislativa, e há um propósito de fazer essa aliança com o PMDB. Daí, houve uma manifestação do Vice-Governador do Estado, dizendo que não concorda com essa aliança, e, como ele, os oito partidos que apoiaram o Governador Almir Gabriel têm restrições a essa aliança. Queremos sentar à mesa e compreender essa situação, mas não para nos indispor. Queremos apenas que todos participem desse processo, com exceção do Hélio Gueiros Júnior, que não aceita, em hipótese alguma. Mas isso não é um problema dele. Ele marcou uma posição pessoal, não tem divergência, é amigo pessoal do Governador e o desequilíbrio não é grande.

Agora, o que presumo é que os que querem se aproximar do Governador Almir Gabriel tenham criado essa cizânia, Senador Carlos Wilson. Afianço a V. Exª que o Prefeito de Tucuruí, a quem telefonei logo após V. Exª ter desmanchado a viagem, com o intuito de dar uma satisfação, disse-me que o Senador Jader Barbalho já havia ligado e dito - não sei se é mentira dele, mas são exatamente as palavras - que o culpado do cancelamento da visita ao Pará era o Governador Almir Gabriel. Foi para a rádio no outro dia e disse isso com todas as letras, denunciando o Governador Almir Gabriel como não querendo a presença da Comissão no Estado do Pará. Ainda disse que ele, Prefeito, junto com o Senador Esperidião Amin, que é do Partido dele, e com o Senador Jader Barbalho iriam, posteriormente, levar essa Comissão ao Estado do Pará.

V. Exª, ao pressupor que causaria um problema no Estado do Pará, criou, na verdade, com sua decisão de cancelar a viagem, um problema político. Não haveria nenhum impedimento se a Comissão tivesse mantido a sua trajetória normal. Não haveria nenhum problema. Tenho a certeza de que o Governador Almir Gabriel é um homem decente, é um homem íntegro, é um homem correto e não questionaria, em absoluto. Não seria nenhuma desconsideração a S. Exª. Inclusive, a presença do Governador em exercício nem estava prevista, ele seria representado pelo Secretário de Transportes.

De forma que V. Exª, ao querer resolver uma questão, na verdade criou um problema político sério, que exige explicações nossas à população do Pará. Caso contrário, o povo daquele Estado vai ficar achando que o culpado disso é o Governador Almir Gabriel, e eu não quero que S. Exª seja considerado o culpado por essa situação.

Todos nós somos passíveis de erro, e creio que V. Exª, no momento da avaliação, tenha cometido um erro político.

Era essa a nossa manifestação, como Líder do PSB.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 23/09/1995 - Página 16469