Discurso no Senado Federal

PROTESTO CONTRA A PUBLICAÇÃO EM ORGÃOS DA IMPRENSA NACIONAL DE REMESSA DE DINHEIRO AO EXTERIOR ATRAVES DA CONTA 'CC5' PELO COLEGIO ANGLO-AMERICANO, DE PROPRIEDADE DE S.EXA., OMITINDO OS NOMES DOS DONOS DAS OUTRAS ENTIDADES CITADAS NOS JORNAIS. RELATO DA PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, BANCO MUNDIAL, APURAÇÃO, MELHORIA, MUNDIAL.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • PROTESTO CONTRA A PUBLICAÇÃO EM ORGÃOS DA IMPRENSA NACIONAL DE REMESSA DE DINHEIRO AO EXTERIOR ATRAVES DA CONTA 'CC5' PELO COLEGIO ANGLO-AMERICANO, DE PROPRIEDADE DE S.EXA., OMITINDO OS NOMES DOS DONOS DAS OUTRAS ENTIDADES CITADAS NOS JORNAIS. RELATO DA PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, BANCO MUNDIAL, APURAÇÃO, MELHORIA, MUNDIAL.
Aparteantes
Humberto Lucena, Ronaldo Cunha Lima.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/1995 - Página 1315
Assunto
Outros > IMPRENSA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • PROTESTO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ACUSAÇÃO, REMESSA DE LUCROS, EXTERIOR, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, PROPRIEDADE, ORADOR, COMENTARIO, IMPARCIALIDADE, TENTATIVA, OFENSA, REPUTAÇÃO, SENADOR.
  • COMENTARIO, VIAGEM, ORADOR, GERALDO MELO, SENADOR, MARCIO FORTES, DEPUTADO FEDERAL, OBSERVAÇÃO, MISSÃO OFICIAL, DELEGAÇÃO BRASILEIRA, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, BANCO MUNDIAL, APURAÇÃO, MELHORIA, SITUAÇÃO, BRASIL, AMBITO INTERNACIONAL, OCORRENCIA, DECLARAÇÃO, MICHEL CAMDESSUS, PRESIDENTE, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), ELOGIO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO, PAIS.

            O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois que o Senador Esperidião Amin fez a sua defesa, parece até pouco prático que eu também faça a minha, mas são dois os assuntos que me trazem a esta tribuna hoje.

            Durante toda esta semana, a imprensa falou sobre a conta CC5 e dos milhões de dólares que foram retirados do País para o exterior através dela, citando dezenas de empresas que enviaram dinheiro para o exterior. Só no caso do Colégio Anglo-Americano aparecia o nome do proprietário - Senador Ney Suassuna.

            Creio que se trata de uma discriminação e também de uma informação indevida, até porque, no dia em que assumi o mandato, a minha primeira providência foi trazer a esta Casa a certidão de cartório em que me ausentava da presidência de todas as minhas empresas, para nunca misturar interesses delas com assuntos de política.

            Por 2 ou 3 dias, ouvi brincadeiras, até de colegas, a respeito disso; diziam-me que havia mandado 40, 50 ou 100 milhões, até que, finalmente, saiu a real dimensão. Segundo o Jornal do Brasil, a quantia foi de US$800,00, mas, na minha memória, foi menos de US$100,00, uma vez que foram Cr$400,00 em 1991. E como isso foi mandado?

            Temos uma instituição de cada lado do Rio Paraná, ou seja, um Colégio Anglo-Americano no Paraguai e outro no Brasil. Num desses dias em que a ponte fica fechada - e isso ocorre por várias razões, seja porque caiu o Stroessner, seja porque mataram o Somoza ou seja porque há greve do fisco -, precisava-se pagar uma taxa do outro lado. A empresa brasileira fez um empréstimo legal, contabilizado na empresa paraguaia, que foi enviado através do Banco Nacional, sem se preocupar com a forma: se por CC5 ou por outra.

            Depois de divulgado o valor, pude respirar aliviado, embora tivesse pedido várias vezes à imprensa que procurasse a informação correta.

            A minha surpresa, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que esse assunto ainda se trata de um segredo da Justiça. Rapidamente, incrivelmente, de forma pouco usual, quebrou-se esse segredo, cuja divulgação causou, por dois ou três dias, um incômodo de tal ordem.

            O Sr. Ronaldo Cunha Lima - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA - Pois não, Senador Ronaldo Cunha Lima.

            O Sr. Ronaldo Cunha Lima - Sabe V. Exª que não precisaria do meu testemunho, da minha palavra, para, em relação ao seu comentário, trazer a minha solidariedade, até porque V. Exª já havia explicado pessoalmente a quantos lhe indagaram a esse respeito. Mas não posso furtar-me, neste instante, de transmitir-lhe - e acredito que o faço em nome da Bancada da Paraíba no Senado e na Câmara dos Deputados - a minha total solidariedade com a manifestação de V. Exª, porque o conheço há muito tempo e sei da sua atitude, lisura e honradez.

            O SR. NEY SUASSUNA - Muito obrigado, Senador Ronaldo Cunha Lima.

            Foi o apoio dos companheiros que não me permitiu, durante esses dois ou três dias, enquanto não se divulgava a verdade, perder a paciência e principalmente o fio da ponderação, porque a vontade que tinha era exatamente a de partir para um desafio, inclusive buscando saber como um segredo da Justiça pode ser divulgado. No meu caso, isso não é um fato relevante, mas, com toda certeza, deve ter atrapalhado o andamento dessa investigação, que tem de ir até o final. Têm de ser punidos aqueles que estejam em situação irregular.

            O Sr. Humberto Lucena - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. NEY SUASSUNA - Pois não, nobre Senador Humecto Lucerna.

            O Sr. Humberto Lucena - Subscrevo-me totalmente às palavras do Senador Ronaldo Cunha Lima em relação a V. Exª, que toda a Casa conhece.

            O SR. NEY SUASSUNA - Muito obrigado, Senador Humberto Lucena.

            Vários companheiros não só da Bancada paraibana, mas de todo o Congresso me procuraram para dar o seu apoio. Inclusive, recebi, por incrível que pareça, até a brincadeira de alguns que disseram: "Mas que decepção! Pensávamos que eram milhões e, no final, eram apenas quatrocentos cruzeiros, em 1991, usados e colocados de forma correta."

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje ocupo esta tribuna para dar essa satisfação e para dizer que cumprimos a missão que o Senado Federal nos delegou como observadores da missão brasileira ao Encontro Anual do Banco Mundial.

            A nossa comitiva, liderada pelo Ministro Pedro Malan, pelo Presidente do Banco Central, Sr. Gustavo Loyola, e pelo Presidente do Banco do Brasil, Dr. Paulo César Ximenez, foi de uma eficiência exemplar. Acompanhamos essa delegação eu, o Senador Geraldo Melo e o Deputado Márcio Fortes.

            Sr. Presidente, Srªe Srs. Senadores, lá tivemos a oportunidade de observar como o Brasil está bem colocado hoje em dia no âmbito mundial. Há dois ou três anos, quando viajávamos, parecia-nos que os devedores da conta era, individualmente, cada um de nós. Era até vergonhoso, e, desta vez, tivemos o orgulho de, como brasileiros, observar elogios vindos de todas as partes. Por exemplo, o Sr. James Wolfensohn, Presidente do Banco Mundial, elogiou a política, a atitude e a desenvoltura com que o Brasil está saindo da crise econômica em que vivia. Embora tenhamos problemas internos, mundialmente somos muito bem vistos, porque a dívida internacional passou a ser insignificante diante do volume do nosso PIB e, mais ainda, porque foi hábil e muito bem negociada.

            Vimos, por exemplo, o Sr. Michel Camdessus, Presidente do Fundo Monetário Internacional, elogiar veementemente a política, o Governo e o País, como um exemplo de País que está saindo de uma desorganização econômica e ingressando rapidamente no clube dos países organizados.

            Vimos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, empresas americanas aqui estabelecidas, como foi o caso da Colgate-Palmolive, fazer uma dissertação para industriais americanos e capitalistas internacionais dizendo que o Brasil nesses anos teve recessão, teve inflação, teve instabilidade econômica, mas entramos lá com US$10 milhões e hoje temos uma empresa de US$390 milhões. Portanto, é um País que merece investimentos. E vimos a satisfação com que a nossa delegação recebia pedidos de informações, principalmente de investimentos permanentes, que haverão de gerar em nosso País empregos e, com toda certeza, um maior crescimento da economia e do PIB.

            O Senador Geraldo Melo e eu estamos preparando nosso relatório e haveremos de encaminhar rapidamente, se Deus quiser, na semana que vem, à Mesa, mas não poderia deixar, neste momento, de não só elogiar o ilustre Senador, que habilmente e com muita eficiência marcou rapidamente entrevistas no Banco Mundial, no Banco Interamericano, no Fundo Monetário, enfim, tivemos a oportunidade de conversar com todos aqueles que estão lidando com a economia do Brasil e pedir informações para que possamos, no futuro, cobrar ações e, com toda certeza, maior desenvoltura e rapidez nessas ações.

            Vamos na próxima semana apresentar oficialmente o nosso relatório, que entendemos por bem fazê-lo conjuntamente, porque, desta forma, complementaríamos as nossas visões e mostraríamos ao Senado Federal que cumprimos, como Senadores responsáveis - como todos os demais -, cumprimos com a nossa missão, não indo apenas a uma viagem ao exterior, mas cumprindo à risca a fiscalização e o papel que tem o Senado da República nessa delegação e neste momento. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/1995 - Página 1315