Discurso no Senado Federal

VOTO DE PESAR PELO ASSASSINATO DO GRANDE LIDER ISRAELENSE SR. YITZHAK RABIN.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • VOTO DE PESAR PELO ASSASSINATO DO GRANDE LIDER ISRAELENSE SR. YITZHAK RABIN.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/1995 - Página 2512
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, YITZHAK RABIN, PRIMEIRO-MINISTRO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, SIMBOLO, LUTA, PAZ, ORIENTE MEDIO.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, trago o meu voto de profundo pesar pela morte do Primeiro-Ministro de Israel. Foi um dia trágico e muito importante para a história da humanidade. Yitzhak Rabin foi um homem extraordinário, uma das figuras mais marcantes deste século. Ele foi o general da vitória da Guerra dos Seis Dias; comandou o seu povo em um dos movimentos de guerra e ação de maior competência de que se tem conhecimento. Quando o Egito e a Síria se preparavam para a invasão, Israel, com as suas tropas, avançou de madrugada, e naqueles Seis Dias praticamente destruiu muitas tropas dos adversários, com os aviões ainda em terra.

            Pois o Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin, a pessoa mais adversa e odiada pelo mundo árabe, depois estendeu a mão a Yasser Arafat, para fazer o grande entendimento que levou a ONU a oferecer-lhes o Prêmio Nobel da Paz.

            Naquele momento em que o mundo inteiro assistia à premiação, àquela demonstração de paz, amor e respeito, sentimo-nos vivendo uma nova realidade na história da humanidade.

            Fui convidado, juntamente com vários Senadores, para o jantar oferecido pelo Itamaraty a Yasser Arafat. Nessa oportunidade, Arafat dirigiu-se a Rabin e a Israel como os primos da História. Foi emocionante quando Yasser Arafat informou, em entrevista a brasileiros, que Yitzhak Rabin tinha-lhe solicitado para comunicar ao Governo brasileiro que, na próxima semana, a brasileira detida em Israel estaria em liberdade para retornar ao Brasil.

            Yitzhak Rabin, essa figura fantástica, o herói da guerra, o homem da conquista, o homem considerado herói por todos aqueles que sonhavam com Israel, foi também herói na paz, porque compreendeu o momento que aquela situação não poderia ser indefinida e que teria de haver um grande entendimento, que não passava por quilômetros a mais ou a menos, mas por um regime de convivência. Neste século, o grande exemplo foi dado no abraço fraterno de Yitzhak Rabin em Yasser Arafat.

            Sabíamos das divergências dos dois lados: tanto um quanto outro possuíam, dentro das suas fileiras, os que eram contrários. Deve-se até respeitar. Figuras de Israel que sofreram, que estavam magoadas, revoltadas, que tinham que deixar as terras, eram contra o entendimento. Figuras da Palestina, pessoas sofridas que saíram de suas terras e viveram um longo e tremendo exílio, também não estavam satisfeitas. Era normal o ressentimento, a mágoa, mas não se esperava que chegasse ao extremo. Foi um dia trágico para a História.

            Agradou-me a frase que o Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, proferiu no enterro do Primeiro-Ministro de Israel: "Sofremos mais do que Abraão, porque de nós Deus tirou Isaac. Deus ameaçou Abraão e fez com que levasse Isaac para cima do morro e levantasse o braço para matá-lo, mas segurou seu braço. Agora, Deus levou o próprio Isaac, representado na figura do Primeiro-Ministro".

            Trago uma palavra de fé, pois assim é a vida, Sr. Presidente. Lamentavelmente, grandes nomes, às vezes, com a sua vida, com o seu sacrifício, contribuem para a paz da humanidade.

            Claro que sofremos e sentimos o que ocorreu com o Primeiro-Ministro de Israel. Todavia, a mim me parece que o que aconteceu com Yitzhak Rabin, com seu sangue, selará ainda mais paz, respeito e entendimento.

            É triste que isso tenha acontecido. Mas como é importante e necessário que, neste final de século, a paz seja restabelecida neste mundo! Se as grandes nações praticamente já se entendem, se não há o desfile e o perigo de uma guerra nuclear, se não há mais a grande disputa entre Rússia e Estados Unidos, ou Inglaterra e Alemanha, como houve no decorrer deste século, temos que resolver problemas como os da antiga Iugoslávia e questões como as do Oriente Médio.

            Sr. Presidente, trago aqui a minha palavra de emoção, de carinho e de respeito; mas, de um modo muito especial, trago o sentimento de que o sacrifício de Yitzhak Rabin não foi em vão. Pelo contrário, trata-se de um daqueles momentos históricos na vida da humanidade em que Deus, pelos caminhos inversos, conduz-nos à verdade. Queira Deus que o seu sacrifício leve-nos a mais paz, mais respeito e mais entendimento no Oriente Médio.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/1995 - Página 2512