Pronunciamento de José Sarney em 20/11/1995
Fala da Presidência no Senado Federal
ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SR. ADOLPHO BLOCH.
- Autor
- José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: José Sarney
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- ASSOCIANDO-SE AS HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SR. ADOLPHO BLOCH.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/11/1995 - Página 3300
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, MESA DIRETORA, ADOLPHO BLOCH, EMPRESARIO, PROPRIETARIO, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Antes de submeter a votos o requerimento que acaba de ser lido, quero dizer que é com profunda comoção que me associo ao pesar de toda a Casa pelo falecimento de Adolpho Bloch, pois o conheci estreitamente.
Ele chegou ao Brasil em 1922 em companhia de um irmão, na Diáspora dos judeus russos, depois da Revolução de 1917.
Seu pai também era um homem dedicado às artes gráficas. E Adolpho Bloch, aqui chegando, foi pouco a pouco marcando presença, realizando um excelente trabalho e demonstrando um grande conhecimento desse setor. A ele devemos, sem dúvida, a primeira grande modernização do parque gráfico brasileiro. Aí teve início a edição das suas revistas, de livros didáticos e de livros sobre todos os campos do conhecimento.
Temos que ressaltar, na figura de Adolpho Bloch, dois aspectos extremamente importantes, indissolúveis da sua memória: primeiro, do brasileiro. Não conheci nunca ninguém que tivesse tanto amor por este País quanto Adolpho Bloch. E esse amor transformava-se num otimismo permanente e perene, parte da sua vida. Já velho, atravessando momentos de grandes dificuldades com as suas empresas, jamais dos seus lábios saiu uma mágoa qualquer em relação ao País ou à sua presença, como empresário na nossa terra.
Ele acreditava no Brasil. Ele contava de que era o Brasil ao aqui chegar em 1922, e do que é o Brasil hoje. Otimista, era um homem que sempre olhava as coisas pelo lado bom, com aquela bondade intrínseca à sua pessoa.
Adolpho Bloch era uma grande figura humana, dono de um império de comunicação que chegou, em determinado momento, a ser o maior do Brasil. No entanto, ele nunca deixou de ser aquele homem simples, bom, humano, aquele homem que, de mangas arregaçadas, estava na redação das suas revistas e nas suas oficinas.
Há um dado comovente que pode simbolizar esse seu amor ao Brasil: a sua dedicação - era devoção - ao Presidente Juscelino Kubitschek, em quem ele via um símbolo daquilo tudo que ele desejava para o País. O Presidente Juscelino era um homem que promovia o desenvolvimento, que transformava o País e que também, como ele, era uma figura humana.
Adolpho Bloch, na sua personalidade, dedicou grande parte da sua vida a ser um homem que protegia as artes, os artistas - havia o Teatro Adolpho Bloch que ajudava pintores a se promover, não só no Brasil, mas também no mundo inteiro. Ele realmente acreditava em nosso País.
Foi ele que vi muitas vezes aqui, batendo de porta em porta, carregado pelo peso dos anos, buscando condições para erguer o memorial a Juscelino Kubitschek em Brasília. Aquela é uma obra de Adolpho Bloch, uma obra da amizade e da dedicação que ele gostava de mostrar e exibir, não como uma vaidade pessoal, mas por amor ao Brasil.
Por outro lado, Adolpho Bloch jamais deixou que a classe política fosse agredida. Conheceu ele, na própria carne, as dificuldades que passou na sua terra e em que a política transformou seu país. Ele tinha sempre, pelos homens públicos, um grande respeito; não era homem de carregar ressentimentos.
Eu o conheci no Rio de Janeiro, logo que ali cheguei como Deputado, em 1955. Sempre recebi dele palavras de carinho e de afeto. Ao mesmo tempo, gostava de ouvir os relatos que fazia sobre sua vida.
Desaparece Adolpho Bloch, deixando um profundo vazio em todos aqueles que o conheceram. Marca importantíssima e indelével da sua personalidade - resumindo em poucas palavras - era um grande otimista que tinha este País, um dos maiores homens que amaram o Brasil. A homenagem que o Senado presta a Adolpho Bloch é muito merecida.
Submeto a votos o requerimento de homenagem de pesar pelo seu falecimento.
Os Srs. Senadores que o aprovam, permaneçam sentados. (Pausa.)
Aprovado.
Serão feitas as devidas comunicações à sua família.