Discurso no Senado Federal

ACUSANDO O RECEBIMENTO DE CARTA DO SR. LUIZ GIL SIUFFO PEREIRA, PRESIDENTE DA FECOMBUSTIVEIS, QUE EXPÕE TEOR DE OFICIO DIRIGIDO AO SR. MILTON DALLARI, EX-SECRETARIO DE ACOMPANHAMENTO DE PREÇOS, QUANTO AS MARGENS DE REMUNERAÇÃO DOS POSTOS E COMPANHIAS DISTRIBUIDORAS DE COMBUSTIVEIS.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • ACUSANDO O RECEBIMENTO DE CARTA DO SR. LUIZ GIL SIUFFO PEREIRA, PRESIDENTE DA FECOMBUSTIVEIS, QUE EXPÕE TEOR DE OFICIO DIRIGIDO AO SR. MILTON DALLARI, EX-SECRETARIO DE ACOMPANHAMENTO DE PREÇOS, QUANTO AS MARGENS DE REMUNERAÇÃO DOS POSTOS E COMPANHIAS DISTRIBUIDORAS DE COMBUSTIVEIS.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/1995 - Página 3479
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, CARTA, LIDER, SINDICATO, EXPOSIÇÃO, TEXTO, OFICIO, ENDEREÇAMENTO, MILTON DALLARI, PERIODO, DEMISSÃO, SECRETARIO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, FAVORECIMENTO, COMPANHIA DISTRIBUIDORA, COMBUSTIVEL, INSUFICIENCIA, LUCRO, POSTO DE GASOLINA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Para uma comunicação inadiável.) - Muito obrigado Exª.

Sr. Presidente, recebi, hoje, uma carta do Sr. Luiz Gil Siuffo Pereira, Presidente da FECOMBUSTÍVEIS que diz:

      Li o seu discurso proferido em sessão Plenária de 7/11/95 e agradeço a V. Exª o interesse que demonstrou pela área de combustíveis.

      Por oportuno, envio a V. Exª cópia do ofício que enviei ao Sr. Milton Dallari, em 19 de setembro de 1995, e que até agora não mereceu resposta.

      V. Exª poderá fazer o uso que melhor lhe aprouver da correspondência.

Divulgo, então, a correspondência:

      Ilmº Sr. José Milton Dallari,

      Tenho em mãos as notas taquigráficas de seu depoimento na Câmara dos Deputados, em agosto passado, e sobre elas gostaria de fazer alguns comentários. Refiro-me especialmente à parte em que V. Sª, já "demissionário", após comentar dados referentes às Margens de remuneração dos Postos e das Cias. Distribuidoras, conclui:

      "Portanto, privilegiamos não a Distribuidora, mas a revenda, que é atomizada em todo o Brasil com um aumento de Margem. Além disso, tomamos decisão conjunta com o setor de distribuição e o setor de postos de gasolina, a fim de que os combustíveis não fossem aumentados, que as distribuidoras deveriam financiar dois dias de volume de produto de capital de giro para os postos de gasolina."

      Seu depoimento não esconde o esforço para demonstrar que as Cias. Distribuidoras estariam em dificuldades e que os Postos é que seriam os vilões dessa história. Como os Parlamentares presentes não dispõem do conhecimento específico dessa matéria, pode até ter ficado a impressão de que V. Sª estaria correto. É claro que as Companhias devem ter agradecido.

      Minha surpresa resulta de seu comportamento na primeira reunião que fizemos para tratar dessa matéria: ante a evidência dos números comprobatórios dos lucros grandiosos da Distribuição após o Real, V. Sª, com expressão indignada, admitiu: "pode ter havido erro técnico e se ele ocorreu, vamos consertar isso".

      Nas reuniões seguintes, o comportamento de sua equipe deixou-me preocupado, pois parecia-me, na ocasião, que havia manifesta intimidade entre os dois segmentos: Governo e Distribuição. Eles estavam sempre presentes em reuniões para as quais não eram chamados (alguém os avisava, evidentemente), e, como na reunião feita na sala do CMN, os dois (Governo e Distribuição) se reuniram a portas fechadas para juntos trazerem uma proposta à Revenda, que por ter sido ridícula foi de pronto recusada.

      Até então, creditava esses acontecimentos à coincidências e até a uma certa dose de ingenuidade profissional, sem, contudo, eliminar a dúvida.

      Seu depoimento na Câmara dos Deputados, todavia, comparado com os acontecimentos anteriores, suprime grande parte das minhas dúvidas e coloca-me na direção de crer que Governo e Distribuição teriam agido juntos desde o processo de urverização, até a sua saída. Daí resultou nos ganhos extraordinários que os balanços dessas companhias registraram.

      Reconheço competência no procedimento, que permitia esconder, na aparência, a realidade desenvolvida nos bastidores.

      Vejo agora que sua indignação inicial, seu reconhecimento de que as Margens dos Postos estavam realmente defasadas e que as das Distribuidoras estavam exageradamente altas, compunham encenação.

      V. Sª saiu, sua equipe ficou. Qual seria minha expectativa?

      Faço esses registros em nome dos quase 25.000 Postos de Revenda e dos 31 Sindicatos filiados a esta Federação, indignados que ficaram ao tomarem conhecimento de suas afirmações no depoimento na Câmara dos Deputados. Será que a verdade é bifronte, com uma versão à esquerda e outra à direita?

Concluo, Sr. Presidente, dizendo, mais uma vez, que ganhavam os distribuidores 13%; saltaram para 37%. Esse dinheiro poderia ter sido diminuído, se ia ser dado aos distribuidores, à população brasileira, que consome gasolina e os derivados de petróleo.

Sr. Presidente, até hoje a resposta para o nosso pedido de informação não nos foi dada. Estamos aguardando para saber se não pode a população ter esta economia ao invés das distribuidoras de petróleo. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/1995 - Página 3479