Discurso no Senado Federal

DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO-OESTE, EM VIRTUDE DO CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS E DA PECUARIA.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO-OESTE, EM VIRTUDE DO CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS E DA PECUARIA.
Publicação
Publicação no DSF de 10/11/1995 - Página 2750
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, EFEITO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO, GRÃO, PECUARIA.
  • NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, PRIORIDADE, INVESTIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, INCENTIVO, SETOR, AGRICULTURA, TRANSPORTE, ENERGIA, COMUNICAÇÕES.

            O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, "nas duas últimas décadas, graças ao melhor aproveitamento dos cerrados e a despeito do desprezo da União, o Centro-Oeste apresentou uma média de crescimento do seu produto de 10 por cento ao ano. Em conseqüência, sua participação na renda interna brasileira cresceu de 3,7 por cento em 1957 para 6,3 por cento em 1985. Pelos dados oficiais, é também responsável por 23 por cento da produção de grãos e 31,3 por cento do rebanho bovino do país. Os habitantes da região, entretanto, correspondem a apenas 6 por cento da população nacional".

            Estes dados não são meus, mas da irrepreensível competência profissional da jornalista Eliane Cantanhêde, ao ilustrar o descompasso entre os grandes potenciais econômicos do Centro-Oeste e os tímidos programas de investimento canalizados para a região. No rico texto de informações publicado terça-feira pela Gazeta Mercantil, analisando as atuais disponibilidades da rede de transportes e as suas projeções futuras, o ministro José Serra adere pessoalmente à grande verdade que domina as convicções de todos os goianos: a de que o novo endereço da prosperidade brasileira é a região Centro-Oeste. Desde que Juscelino Kubitschek deixou o governo, há 34 anos, a obra fantástica de deslocamento da hegemonia econômica do litoral ficou praticamente paralisada. A região cresceu por suas próprias pernas, na esteira da revolução empreendida pela era JK.

            A retomada dos compromissos federais com a região Centro-Oeste, de que fala o ministro do Planejamento, é o tempero diário que sustenta a atuação de deputados e senadores que integram a bancada regional. O engajamento pessoal do Presidente Fernando Henrique Cardoso é compromisso já assumido, restando o acerto de data para um encontro com governadores e congressistas em que será lançado o programa macro-regional dos grandes projetos de infra-estrutura. Vejo a formalização desse plano estratégico como um verdadeiro tratado de extroversão de nossos limites geográficos, na direção dos mercados de consumo dos grandes centros do país, do Mercosul e de pontos mais distantes do planeta. Estou certo de que não estou navegando em utopias, mas falando de expectativas pragmáticas e concretas.

            Neste rápido pronunciamento, não há espaço para questionar o pessimismo do ministro José Serra quanto às saídas para o Pacífico, apoiado no argumento técnico dos baixos calados dos portos peruanos. Mas a costa Oeste é extensa demais para legitimar a tese do Ministro. Haverá o dia em que esse acesso direto para o mundo asiático será uma exigência natural da explosão econômica dos mercados de produção do Centro-Oeste. Para este momento de nossas realidades regionais, viabilizar o fluxo eficiente pelos três portos preferenciais do Atlântico já seria um grande avanço histórico, justificando todas as homenagens que possam ser tributadas ao Presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro José Serra, como condutores da travessia entre os sonhos e os fatos. Na implantação da rede intermodal que encurtará os tempos de transporte para os portos de Santos, Paranaguá, Sepetiba e Itaqui, há muito ainda por realizar, mas cabe a nós, representantes do Centro-Oeste, multiplicar ações e intensificar pressões para chegar a resultados.

            A Gazeta Mercantil adianta a informação de que os fundos de pensão das empresas estatais vão investir pesado no financiamento da ferrovia Ferro Norte, que permitirá a interligação com o eixo ferroviário Norte-Sul, integrando o Centro-Oeste com os principais portos do país, aos custos reduzidos do transporte de grande escala. A previsão de investimentos é de um bilhão e cinqüenta milhões de reais, segundo técnicos do ministério do Planejamento. Para mim, a identificação dessa nova fonte de financiamento é um fato estimulante. Os fundos começam a identificar-se com os objetivos mais nobres do desenvolvimento brasileiro, reduzindo a força de uma aposta no futuro, em que ganha-se menos no imediato, mas democratizam-se os lucros do longo prazo, pela multiplicação dos beneficiários.

            Outro registro positivo é a convicção das autoridades federais quanto às prioridades que devem ser dadas aos novos investimentos no Centro-Oeste, jogando tudo em energia, transportes, comunicações e agricultura. O resto é responsabilidade do setor privado, que em Goiás está suficientemente amadurecido para o seu papel na promoção do desenvolvimento. Com a natureza pródiga, as terras férteis, o clima, o sol, a topografia favorável e uma produtividade agrícola de primeiro mundo, basta contar com os meios eficientes de infra-estrutura para abreviar o futuro e estabelecer novas referências na geografia econômica do país, hoje concentrada nos saturados limites do litoral e do Sudeste. Pessoalmente, aposto todas as fichas nesse futuro.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/11/1995 - Página 2750