O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo assistiu, aturdido, no último final de semana, mais um assassinato político, fruto da insânia e da intolerância. Desta vez, foi o sangue de Yitzhak Rabin, o Primeiro-Ministro de Israel, que se derramou na construção do difícil caminho da paz e da convivência fraterna entre os povos.

            Quero, hoje, prestar uma dupla homenagem ao artífice da paz no Oriente Médio e ao homem determinado e talentoso que tive o privilégio de conhecer, em 1993, em viagem oficial a Israel, na qualidade de Secretário Nacional de Irrigação.

            Já profundo admirador desse notável líder israelense, fiquei irremediavelmente cativado pela maneira clara e objetiva, ao mesmo tempo simples e universal, com que tratava qualquer assunto que abordássemos. Dos que conheci, foi, de fato, o estadista que mais me impressionou.

            Mais intrigante que tudo, entretanto, era estar na presença de um general vitorioso sob todos os aspectos e, ao mesmo tempo, de um articulador hábil e incansável na busca da paz duradoura com os vencidos.

            Paradoxalmente, o homem que havia preparado e conduzido o exército de seu País para a fulminante vitória da Guerra dos Seis Dias, negociou, em seu primeiro mandato como chefe do governo, a retirada do Sinai, abrindo, assim, caminho para os futuros acordos de paz.

            De igual modo, como Ministro da Defesa, comandou a retirada de tropas israelenses do Líbano, já consciente da importância desse gesto para a convivência futura com seus vizinhos.

            E foi, finalmente, na condição de Primeiro-Ministro, que estendeu a mão a Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina, num gesto que demonstrou ao mundo o inequívoco desejo de Israel.

            "Chegou a hora da paz", disse Rabin naquela ocasião. "Nós, soldados que voltamos da batalha sujos de sangue, que vimos parentes e amigos serem mortos, que lutamos contra vocês, palestinos, nós dizemos hoje, alto e bom som: basta de sangue e de lágrimas".

            Esse era o seu espírito. Essa foi sua trajetória. Num momento, o militar aguerrido e implacável, na luta em defesa de seu povo e de sua Pátria. Noutro, o negociador humilde e sábio, na busca da paz duradoura e de dias melhores para todos.

            O mundo aplaudiu e apoiou suas tratativas para a celebração da paz com o último dos inimigos. O reconhecimento do Estado palestino demonstrou, mais uma vez, a grandeza e a inteligência desse homem. Rabin sabia, como desterrado que fora, que os palestinos não poderiam viver em paz sem uma terra que lhes pertencesse.

            Contudo, o seu exemplo não foi suficiente. Em ambos os lados, fermentava o germe da insatisfação entre aqueles que, diferentemente de Rabin, viviam na paz e desejavam a guerra.

            O estarrecedor, entretanto, foi ter ele sido assassinado por um jovem israelense, beneficiário direto da prosperidade tranqüila que ele tão duramente ajudara a construir.

            Os extremistas e a violência são os inimigos da paz. Nada disso, entretanto, impedirá o inexorável caminho da humanidade em busca de uma vida tranqüila para as futuras gerações. Prova disso é que a História homenageia apenas aqueles que ajudaram, com grandeza, a construir o caminho do homem para a felicidade. Aos assassinos e aos mesquinhos, só o esquecimento é reservado.

            A luta de Yitzhak Rabin não terá sido em vão. Seu exemplo e seu sacrifício, assim como os de muitos outros, que também tombaram vitimados pela intolerância, são garantias de que essa trajetória é irreversível. A paz vencerá.

            Muito obrigado.