Discurso no Senado Federal

DENUNCIANDO A EXISTENCIA DE PRESOS POLITICOS NO ESTADO DO PARANA. SOLIDARIZANDO-SE COM O SR. DOATICO SANTOS, PRESO POR SUA LUTA EM DEFESA DOS HUMILDES PARANAENSES.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • DENUNCIANDO A EXISTENCIA DE PRESOS POLITICOS NO ESTADO DO PARANA. SOLIDARIZANDO-SE COM O SR. DOATICO SANTOS, PRESO POR SUA LUTA EM DEFESA DOS HUMILDES PARANAENSES.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/1995 - Página 6118
Assunto
Outros > ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • DENUNCIA, EXISTENCIA, PRESO POLITICO, ESTADO DO PARANA (PR).
  • PROTESTO, PRISÃO, DOATICO SANTOS, EX VEREADOR, OPORTUNIDADE, NEGOCIAÇÃO, COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR (COHAB), ESTADO DO PARANA (PR), DEFESA, INTERESSE, POPULAÇÃO CARENTE, RESPONSABILIDADE, JAIME LERNER, GOVERNADOR.

O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB-PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero denunciar, nesta manhã, a existência de presos políticos no Paraná.

O ex-Secretário do PMDB do Paraná, Sr. Doático Santos, encontra-se na UTI do Hospital São José, depois de ter sido preso pela nossa polícia, quando realizava uma negociação com a COHAB de Curitiba em nome de ocupantes de uma área conhecida como Ferrovila. Foi recolhido à Penitenciária de Piraquara e, sendo diabético, não teve a assistência médica, o que o levou ao coma.

A perseguição desse quadro peemedebista é antiga. Já foi condenado pela Justiça Eleitoral uma vez, porque o seu nome apareceu pichado num muro da cidade como candidato a prefeito. Sequer concorreu na convenção, mas a Justiça Eleitoral manteve a condenação. Posteriormente, foi condenado por ter criticado os trejeitos do atual Prefeito durante o horário eleitoral na televisão. Essa condenação, se somando à absurda prisão que foi efetuada no momento de uma negociação quando o representante da COHAB se retirava da sala e fazia com que ela fosse invadida pela guarda municipal, suspende, de certa forma, o seu sursis, e ele, recolhido ao presídio de Piraquara, dá seqüência à truculência do Governador Jaime Lerner, que rompe uma tradição antiga de negociação com os movimentos sociais e manda atirar na perna dos sem-terra.

Esse é o Paraná de hoje, que prende militantes como Doático Santos, ex-Vereador da capital, mas admite passivamente que Ministros que representam o Estado se locupletem com benefícios ao arrepio da lei e diante do silêncio da imprensa.

Quero registrar o meu protesto que, pela primeira vez, em muito anos, por iniciativa de um governo estadual troglodita, se cria novamente a figura abjeta do preso político.

A minha solidariedade e a do Senador Osmar Dias a esse militante que nada mais fazia do que negociar com os Estados, com o Estado do Paraná, um interesse de uma parcela humilde da população.

Desmascara-se o Governo do Paraná, ao lado do marketing, da fantasia e do mobiliário urbano, a truculência na defesa dos interesses dos grandes grupos econômicos.

Dos moradores da Ferrovila se pretendem cobrar US$20 o metro quadrado de terra, e essa terra foi cedida a grupos financeiros ligados ao ex-Ministro da Agricultura a US$1.00 o metro quadrado. Para os banqueiros, as benesses; para os representantes do povo, a cadeia e a prisão política.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/1995 - Página 6118