Discurso no Senado Federal

MATERIA DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY, PUBLICADA EM SUA COLUNA NO JORNAL DE BRASILIA, SOBRE A VENDA DE AÇÕES COM PREÇOS MINIMIZADOS DA COPEL, COMPANHIA PARANAENSE DE ELETRICIDADE.

Autor
Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • MATERIA DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY, PUBLICADA EM SUA COLUNA NO JORNAL DE BRASILIA, SOBRE A VENDA DE AÇÕES COM PREÇOS MINIMIZADOS DA COPEL, COMPANHIA PARANAENSE DE ELETRICIDADE.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/1995 - Página 4087
Assunto
Outros > ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DE BRASILIA, DISTRITO FEDERAL (DF), AUTORIA, SEBASTIÃO NERY, JORNALISTA, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, PREÇO, VENDA, AÇÕES, COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELETRICA (COPEL), RESPONSABILIDADE, EMPRESA, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR).

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu sei que a comunicação inadiável, segundo o Regimento, tem que ser alguma coisa de importante e inadiável mesmo. E como estamos tratando de uma caso de extrema gravidade, que é o SIVAM, trago aos Srs. Senadores uma notícia publicada na coluna do jornalista Sebastião Nery, do Jornal de Brasília, de hoje, para que possamos evitar que algo ainda mais grave que o SIVAM possa acontecer em meu Estado, Paraná. Não se trata de um problema regional, mas de uma questão que envolve interesses nacionais.

Passo a ler uma das duas histórias edificantes contadas hoje pelo jornalista Sebastião Nery, e não leio as duas por falta de tempo, porque a primeira história também é tão horrível e repugnante quanto a segunda, sobre a COPEL, a empresa de energia elétrica do Paraná. Passo a ler:

      "Algum tempo atrás, a Assembléia do Paraná autorizou vender 40% das ações da Copel (Companhia Paranaense de Eletricidade), por até 90% do valor patrimonial de cada ação. Na época, cada ação valia R$17,00. Mas foi sendo feito um corrosivo trabalho de desvalorização das ações. A empresa (controlada pelo Governo do Estado) - que detém 85% do seu capital - não fez aumento de capital nem incorporou o valor da nova Usina de Segredo, a maior do Paraná. Conseguiram jogar as ações lá para baixo, até R$6,00.

      Agora, o Deputado Duilio Genari, do grupo do Governo do Estado, apresentou projeto (que está sendo discutido e vai ser votado nestes dias) mudando a regra anterior do jogo e autorizando a venda do controle da Copel, com as ações vendidas "pelo preço médio dos últimos 20 pregões".

      É uma jogada diabólica. A Copel tem um patrimônio líquido acima de R$4 bilhões. O valor patrimonial (das ações) passa de R$1,4 bilhão. Estão tentando jogar as ações para R$4,00. Com isso, o controle da Copel, que vale R$1,4 bilhão, acabaria sendo "vendido" por R$300 milhões.

      Gravíssimo é que toda essa "operação" está sendo comandada pelo Grupo Inepar, que pertence a Mário Celso Petraglia e Atilano Homs. Mário Celso Petraglia foi o tesoureiro-geral da campanha do Governador Jaime Lerner, é o supremo guru do Governo e participa da "reunião das 9" no Palácio."

Essa história, contada no Jornal de Brasília, está sendo acompanhada com muita preocupação pela população do Estado do Paraná, porque, ao invés de R$1,4 bilhão, as ações seriam vendidas por R$300 milhões, o que significa um deságio de R$1,1 bilhão, que, evidentemente, como essa operação está sendo controlada pela Inepar, empresa financiadora da campanha do atual Governador, geraria um escândalo das proporções do SIVAM no Paraná.

Para evitá-lo, estou denunciando esse escândalo aqui antes que a Assembléia, pressionada pelo Governo do Estado, possa aprovar esse projeto escandaloso, diabólico, como o trata o jornalista Sebastião Nery, e tenhamos, como diz o projeto de lei do Deputado, a destinação dos recursos a critério do Governo do Estado do Paraná.

Ora, temos aqui no Senado uma responsabilidade: a de evitar que o pagamento dos recursos colocados por empresas, por poderosos em campanhas eleitorais milionárias, seja feito, depois, com os recursos do povo, na forma de impostos pagos com muito sacrifício.

Vou encerrar, Sr. Presidente, mas quero dizer que vou voltar ao assunto, porque esse escândalo no meu Estado não vai acontecer. Estarei atento para evitar que "amigos do poder" possam dele se aproveitar não apenas para reaver o dinheiro investido em campanhas milionárias, mas para se enriquecerem, cada vez mais, e ganhar cada vez mais poder, para, com ele, conquistar o poder político também.

O escândalo do SIVAM é muito parecido com o escândalo que está se propondo no Paraná.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/1995 - Página 4087