Discurso no Senado Federal

REFLEXÃO SOBRE A AGONIA DOS PACIENTES NÃO ATENDIDOS NO PRONTO-SOCORRO DE HOSPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CUJAS CENAS FORAM MOSTRADAS ONTEM A NOITE PELA TELEVISÃO.

Autor
Levy Dias (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MS)
Nome completo: Levy Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • REFLEXÃO SOBRE A AGONIA DOS PACIENTES NÃO ATENDIDOS NO PRONTO-SOCORRO DE HOSPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CUJAS CENAS FORAM MOSTRADAS ONTEM A NOITE PELA TELEVISÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 17/01/1996 - Página 328
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, TELEJORNAL, APRESENTAÇÃO, SITUAÇÃO, SAUDE, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MORTE, PACIENTE, FALTA, ASSISTENCIA.
  • CRITICA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, RECURSOS, SETOR PUBLICO.

O SR. LEVY DIAS (PPB-MS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não ia abordar este assunto, mas, diante do pronunciamento da Senadora Benedita da Silva, faço questão de deixar registrada a minha opinião sobre as cenas a que assistimos ocorridas na porta de um hospital no Rio de Janeiro, assunto largamente abordado, ontem, pela televisão.

Sr. Presidente, quando assisti pela televisão àquelas cenas horríveis sobre as crianças da Bósnia, pensei que estivesse vendo o que há de mais terrível. Mas concluí que estava enganado ante ao que assisti ontem, ocorrido na porta de um hospital do Rio de Janeiro. Este fato merece uma reflexão do Governo Federal, do Governo Estadual e do Senado da República. Merece uma reflexão de todos nós. Do lado de dentro do portão do hospital, víamos uma dúzia de guardas armados. O portão fechado. E do lado de fora, nas ruas, as pessoas agonizavam. Uma mulher que foi colocada na porta do hospital, ali morreu. O desespero de um jovem que, com outra mulher dentro de um táxi, tentava fazer respiração boca a boca. Um homem, com uma moça nos braços, clamava, desesperado, por socorro. Do lado de dentro dos portões, os guardas armados.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, governei uma grande cidade por duas vezes. Graças ao bom Deus, nunca admiti, lá, a possibilidade de ver cenas como aquelas.

Gostaria de deixar registrada aqui uma frase que venho repetindo permanentemente no Senado: "o nosso problema, o problema do Brasil não é de dinheiro, é de gerência".

O Rio de Janeiro não tem um serviço de saúde, mas tem o Sambódromo. Há uma inversão na aplicação dos recursos. A agricultura agonizava no País e assistíamos ao rombo do Banco Econômico - e hoje lemos nos jornais que beira a R$2 bilhões.

No dia em que votei contra a CPMF, apesar das inúmeras solicitações do Ministro Adib Jatene, que merece de todos nós todo o respeito - mas não estávamos votando um imposto para o Ministro, e, sim, para a Nação - disse esta mesma frase: "o problema nosso não é de dinheiro, é de gerência".

As cenas a que assistimos ontem pela televisão, ocorridas no Rio de Janeiro, só não tocam aos insensíveis. Tocou-me profundamente ver aquelas pessoas morrendo na porta de um hospital; os portões fechados, tendo, do lado de dentro, uma dúzia de guardas armados. Uma providência precisa ser tomada.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/01/1996 - Página 328