Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS AO CANTOR E COMPOSITOR TAIGUARA. PARTICIPAÇÃO DE S.EXA. NA REUNIÃO DO CORREDOR NOROESTE, EM PROL DA CONSTRUÇÃO DA RODOVIA MT 235, A RODOVIA CELEIRO DA PRODUÇÃO.

Autor
Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Júlio José de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • HOMENAGENS AO CANTOR E COMPOSITOR TAIGUARA. PARTICIPAÇÃO DE S.EXA. NA REUNIÃO DO CORREDOR NOROESTE, EM PROL DA CONSTRUÇÃO DA RODOVIA MT 235, A RODOVIA CELEIRO DA PRODUÇÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 16/02/1996 - Página 2079
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, TAIGUARA, CANTOR, COMPOSITOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • INFORMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, REGIÃO NOROESTE, OBJETIVO, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), LIGAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA.
  • DETALHAMENTO, JUSTIFICAÇÃO, ASFALTAMENTO, RODOVIA, INTEGRAÇÃO, HIDROVIA, PORTO, REDUÇÃO, CUSTO, TRANSPORTE, ARMAZENAGEM, EXPORTAÇÃO, PRODUÇÃO, EXPANSÃO, INDUSTRIALIZAÇÃO, FRONTEIRA, AREA, CULTIVO.
  • COMENTARIO, DIMENSÃO, SAFRA, SOJA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ELOGIO, INICIATIVA PRIVADA, GOVERNO ESTADUAL.

O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna desta Casa para fazer dois pronunciamentos: o primeiro deles é relembrar que hoje o Brasil está sepultando um dos seus grandes cantores, Taiguara, que faleceu ontem, vítima de câncer na bexiga, aos cinqüenta anos de idade.

Foi autor de músicas maravilhosas e inesquecíveis para a nossa geração, que já está chegando aos cinqüenta anos, como "Universo do Teu Corpo" e "Hoje", e participante dos grandes Festivais da Canção Brasileira.

Taiguara encantou a nossa geração de jovens, nas décadas de 60 e 70. Ele enfrentou o regime autoritário na época em que os militares ocupavam o poder e que havia uma censura permanente sobre a literatura, a música e as artes do Brasil. Taiguara não teve medo, foi um destemido e enfrentou aquele período produzindo canções inesquecíveis, que ficaram na memória de todos nós.

Portanto, na tarde de hoje, em que no Rio de Janeiro o seu corpo está sendo sepultado, eu queria, em nome de toda a minha geração, da geração de estudantes da década de 70, trazer o registro de profundo pesar pela morte desse grande cantor que foi Taiguara, que produziu para nós, brasileiros, músicas imemoráveis, e que deixa grandes saudades. Ele parte ainda jovem, com apenas cinqüenta anos, depois de enfrentar, durante algum período, essa difícil doença que é o câncer.

Neste momento, quero apresentar, por intermédio da tribuna do Senado Federal, o profundo voto de pesar aos familiares do Taiguara, a todos os seus amigos e a todos nós, seus fãs, espalhados por este Brasil todo. Portanto, neste momento, penso que falo por todos os brasileiros que gostariam de externar, nesta Casa do Congresso Nacional, neste Senado da República do País, a nossa respeitosa homenagem a este grande cantor, a este grande artista brasileiro, que foi Taiguara.

Fico muito feliz de saber, pelo eminente Senador Eduardo Suplicy, ex-Líder do PT nesta Casa, que o Senado já aprovou um voto de pesar por esta grande perda no dia de hoje.

Outro assunto que me faz ocupar esta tribuna é que, justamente no dia 27 de janeiro último, em companhia do Senador Jonas Pinheiro e de vários políticos mato-grossenses, estivemos participando da III Reunião do Corredor Noroeste, em prol da construção da Rodovia Celeiro da Produção, a MT-235, que vai ligar a região do Sapezal, no Município de Campos Novos do Parecis, no meu Estado, até o Estado de Rondônia, onde, num magnífico projeto de integração da rodovia com a navegação fluvial, estaremos levando desenvolvimento para uma região muito próspera do meu Estado.

É a seguinte a justificativa desse encontro:

      "A Chapada dos Parecis, cujo centro está situado a 500km a N/NW de Cuiabá, segundo relatório da FAO, é a maior área contínua agricultável do mundo, de terras compostas de "latossolos vermelhos" e topografia extremamente plana, tem no clima, com definidos períodos de estiagem e chuvas, importante fator para ampliação da produtividade.

      O maior fator de restrição para competitividade da produção agrícola da Chapada dos Parecis é a ausência de um sistema modal de transporte que permita a redução do custo frete, tanto para o transporte de insumos agrícolas, como para o transporte de grãos, de modo que, equacionadas as questões de infra-estrutura do modal rodo-fluvial-marítimo do Corredor Noroeste, ampliam-se conseqüentemente as potencialidades regionais.

      Preservando-se o ecossistema, as reservas indígenas e áreas impróprias, são seis milhões de hectares de terras agricultáveis, somente na região Centro-Oeste do Estado de Mato Grosso, dependendo da imprescindível infra-estrutura de estradas adequadas, pois somente existes duas rodovias federais asfaltadas, no sentido sul-norte, designadas por BR-163 (Cuiabá-Santarém, por sinal 750 km pavimentados no período de 1983 a 1987, quando governei Mato Grosso) e BR-174 (também pavimentada no período em que fui governador com apoio do então Presidente da República João Baptista de Figueiredo) e uma rodovia estadual, (parcialmente asfaltada) que é a MT-170, não correspondendo com as necessidades de escoamento da produção e transporte de insumos.

      No Estado de Mato Grosso, a região da Chapada dos Parecis, estão situados os seguintes Municípios: a leste: Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e São José do Rio Claro (próximos a estes estão Sorriso e Tapurah); a oeste: Comodoro e Campos de Júlio (próximo a estes a NW, Vilhena-RO); ao sul: Diamantino e Tangará da Serra; ao norte, Nova Maringá, Brasnorte e Juína; e, ao centro, Campo Novo do Parecis e Sapezal, o mais jovem município criado em Mato Grosso.

      A produção atual, considerada um fenômeno por organismos internacionais, é fator de incrível abnegação e força de trabalho dos pioneiros, das condições de clima e solo e do advento da agricultura tecnificada (pesquisa, difusão tecnológica, genética de sementes, programas de biodiversidade, etc). Busca-se, neste momento, a ampliação da produtividade, a redução dos desperdícios, a diversificação e a verticalização, via implantação de agroindústrias (usinas de açúcar e álcool, indústrias para os subprodutos do milho, frigoríficos de proteínas animal e indústrias de óleos vegetais, principalmente a soja, que é muito produzida na região, etc).

      Conseqüentemente, ampliam-se as necessidades de estradas adequadas, principalmente de rodovias asfaltadas, e acessos portuários, que permitam a consolidação e a expansão dessa excepcional fronteira agrícola. A ligação leste/oeste, via rodovia Celeiro da Produção, unindo a BR-163 à BR-364 contribuirá para:

      a) possibilitar o acesso do Porto do Santarém, no Pará, via BR-163;

b) ampliar o fluxo de cargas para a hidrovia Teles Pires-Tapajós;

c) consolidar o Corredor Noroeste como via de desenvolvimento, integração regional e acesso a macromercados.

A interligação dos municípios da Chapada dos Parecis, via traçado da MT-235, viabilizará definitivamente os atuais investimentos, auferindo a produção competitividade internacional, permitindo aos agricultores, na comercialização das safras, a manutenção do capital, a capacidade de reinvestimento e a renda compatível para sustentar projetos agroalimentares.

Na safra de 94/95, pela precária estrada MT-235, muitas vezes interrompida por seu enorme fluxo de cargas, aproximadamente circularam 19.650 carretas que transportaram 550 mil toneladas de soja, produzidas nos municípios de Sapezal e Campos de Júlio - município novo, criado em minha homenagem pelo povo daquela região -, conforme pode-se constatar pelo demonstrativo estatístico em anexo, somente sendo possível concretizar-se o transporte em virtude do esforço conjunto entre o Governo do Estado (DVPO), prefeituras e o apoio do grupo empresarial André Maggi.

Portanto, é justíssima a reivindicação do asfaltamento desta rodovia, mais que viável seguindo-se a análise do custo-benefício, fundamental para a região gerar excedentes econômicos, criar maior oferta de empregos e contribuir para melhor política de rendas.

Em resumo, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o asfalto cruzando a Chapada dos Parecis contribuirá para:

1 - consolidar o atual processo de exploração agrícola, permitindo de imediato a abertura de novas áreas;

2 - elevar o padrão de competitividade da atividade primária regional a níveis internacionais;

3 - reduzir o desperdício, os custos da produção e a distância Cuiabá-Porto Velho;

4 - viabilizar as hidrovias Madeira-Amazonas e Teles Pires-Tapajós, criando novos corredores de desenvolvimento e integração regional, com excepcionais desdobramentos;

5 - minimizar os prejuízos pela falta de armazenagem adequada das safras. A capacidade estática de armazenagem que sobra em algumas regiões faz muita falta na região da Chapada dos Parecis;

6 - viabilizar a implantação de indústrias agroalimentares e permitir a diversificação de culturas, gerando agregados econômicos, mais empregos, maior arrecadação de impostos e melhor distribuição de rendas;

7 - ampliar a Fronteira Agrícola Noroeste, contribuindo para implantação da agricultura tecnificada, reduzindo conseqüentemente a agricultura de queimada, fator do empobrecimento dos solos e desagregação social; e

8 - integrar toda região sul da Amazônia Legal.

Um novo Brasil cresce na Chapada dos Parecis.

Esse movimento tem total apoio do atual governador de Mato Grosso, Dante Martins de Oliveira; do atual governador de Rondônia, Valdir Raupp, bem como dos governadores do Acre, do Amazonas e também do próprio Estado do Pará. Portanto, um movimento inter-regional, que vai beneficiar cinco Estados da federação, pois o produto, saindo de Mato Grosso, vai, através de rodovia, até Rondônia; lá, embarca no porto de Porto Velho, faz seu transbordo no porto de Itacoatiara, no Amazonas, chegando até o mar para sair numa exportação internacional.

Quero, nesta oportunidade, em nome da bancada federal de Mato Grosso, solidarizar-me com o grupo de produtores rurais, com os gaúchos, os paranaenses, os catarinenses e os paulistas, que foram somar-se aos matogrossenses, ocupando essa região fertilíssima do noroeste de Mato Grosso.

Foram colhidas 550 mil toneladas de soja, isso significa que, só desses grãos, estamos produzindo mais do que muitos Estados da federação. Além desse resultado muito promissor, muito me entusiasma a participação da iniciativa privada. O Grupo Hermasa - Navegação da Amazônia S.A -, tem um projeto de financiamento junto à Sudam, para que o Porto de Itacoatiara, no Amazonas, seja renovado, reciclado, para receber a grande produção do noroeste de Mato Grosso.

Tenho certeza, a MT-235, que hoje corre sem asfalto, dentro em breve, com o somatório de esforços dos Governos Federal, Estadual e Municipal, bem como da classe empresarial, estará recebendo asfaltamento. Serão cerca de 400 quilômetros de pavimentação asfáltica. Com isso, teremos a região noroeste de Mato Grosso, de grande produção agrícola, ligada com as duas mais importantes BRs: a BR-163, Cuiabá-Santarém, e a BR-364, Cuiabá-Porto Velho -, barateando em muito o custo da nossa produção agrícola e fazendo com que uma região de terras férteis tenha condição ainda de ser beneficiada com o grande programa de reforma agrária. As terras são férteis, os cerrados têm condições de serem ocupados a curto prazo. Essas terras poderiam tornar-se, em um projeto de reforma agrária do INCRA, áreas de assentamento, de colonização.

Ao encerrar minhas palavras, gostaria de parabenizar o Grupo Empresarial André Maggi, os dirigentes da Hermasa, os Governos de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e do Acre, pela solidariedade, por esse apoio que deram ao grande projeto em prol da construção e da pavimentação da MT-235.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/02/1996 - Página 2079