O SR. ERNANDES AMORIM (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, usamos a tribuna, neste momento, para chamar a atenção do Governo para as precárias condições em que se encontra a BR-364, no Estado de Rondônia; 1.500km dessa rodovia, no meu Estado, estão instransitáveis. Estivemos por várias vezes no Ministério dos Transportes para pedir investimentos, melhoramentos para aquela rodovia. Agora, a população e os caminhoneiros resolveram interditar a estrada. Avisado por eles na quinta-feira, procuramos o Ministro dos Transportes para que tomasse providências. Até agora, nenhuma providência foi tomada. Os caminhoneiros fecharam a BR há quatro dias, impedindo o tráfego na área. Estão lá, ao longo da BR, pessoas, ônibus, ambulâncias, todos parados esperando uma solução.

Rondônia é um Estado tão distante do Brasil desenvolvido, que este assunto sequer foi motivo de alguma publicação na imprensa nacional. Dizendo melhor, a Amazônia está tão distante do Brasil, que uma estrada que liga Porto Velho a Manaus, uma BR com 840km de asfalto, está totalmente abandonada pelo Governo Federal, pelo Ministério dos Transportes. Um grande investimento foi feito naquela rodovia, que se encontra agora interditada.

Acredito até que é do interesse do resto do País isolar o Amazonas, Rondônia, Acre, fazer voltar o tempo dos seringais, não dando apoio nem direito para se transitar naquela região. Rondônia corre o risco de voltar aos seus primitivos tempos, quando as pessoas não tinham como se deslocar.

Por isso, vimos aqui, neste momento, fazer um apelo ao Ministro dos Transportes, ao Governo Fernando Henrique Cardoso, para que destine recursos para a recuperação da BR-364, porque é através dela que se leva e traz o que se consome e o que se produz naquela região.

Outro assunto que também gostaria de registrar, Sr. Presidente, é que sábado último houve a posse do Dr. Miguel de Souza na Presidência da Federação das Indústrias de Rondônia. A sua competência em administrar o conduziu, pela terceira vez, à presidência daquela entidade. Nessa oportunidade, fomos contemplados com a presença do Senador Fernando Bezerra, Presidente da CNI, acompanhado dos Embaixadores do Peru e do Chile, Srs. Alejandro Fernandes e Heraldo Valenzuela, respectivamente, que conheceram o potencial do Estado de Rondônia. Naquela concorrida posse, pude constatar um grande número de empresários, todos na expectativa de que ali ouviriam palavras de apoio àquela região. Lamentavelmente, quando muita gente, muitos Senadores até, afirmam estar dando certo o Plano Real, eu observo que em Rondônia mais e mais empresas estão falindo. Falências, ao invés da criação de mais empresas, é o que mais vemos.

Nas cidades onde teríamos ou deveríamos ter mais empresas se instalando, vê-se mais de 50% das empresas falidas e falindo. Mesmo na iminência da falência, mesmo diante da perda do poder aquisitivo, podemos ainda ver no rosto daqueles empresários de Rondônia a confiança em mudanças, no apoio do Governo. Até a visita de dois embaixadores a Rondônia trouxe, quando nada, a esperança de que Chile e Peru possam ser parceiros de Rondônia, ajudando no seu desenvolvimento. Mesmo com o pálido desenvolvimento de Rondônia hoje, que implica sacrifícios, os empresários ainda têm confiança no futuro.

Mantivemos conversações com o embaixador da Iugoslávia, que nos próximos dias estará visitando o nosso Estado de Rondônia, para levar apoio e, quem sabe, promover intercâmbio tecnológico. Visitas como a do Senador Fernando Bezerra, Presidente da CNI, dos embaixadores do Chile e Peru e, brevemente, do Embaixador da Iugoslávia, que pretende estar do dia 10 ao dia 12 em Rondônia, só nos enaltecem e enchem de esperança. Rondônia possui terras férteis, como muitos outros da Região Norte, capaz de produzir e exportar matérias-primas. Os países que ora nos visitam procuram investir na Amazônia.

Lembrei-me agora daquela tese separatista defendida pelos gaúchos. Nós, da Amazônia, entendemos que eles até têm razão, pois na região Norte vivemos jogados às traças. A região Norte serve somente para a implantação de projetos de interesse de outros Estados, a exemplo do Sivam que, no momento, não resolve nada para a Amazônia. Interesses ocultos usam a nossa Amazônia para esse tipo de investimento.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso, há pouco tempo, esteve em Manaus falando do seu programa de governo e prometeu muito, inclusive até criar um banco do povo, banco que não apareceu. O que se vê na sua administração em termos de banco é somente corrupção, falcatruas, desmandos. Esta Casa não teve ainda a coragem de instalar uma CPI para apurar as fraudes ocorridas nos bancos, para que os responsáveis sejam colocados na cadeia.

Sr. Presidente, a negociarem a cabeça de nós, Amazônidas, é preferível uma separação do Brasil desenvolvido deste nosso Brasil. Se é para estarem aqui negociando a nossa soberania, por que não nós, da Amazônia, assumimos a cabeceira das negociações e criamos uma Amazônia livre, independente, para que, amanhã, nossos filhos possam se orgulhar de não termos ficado ao lado dos entreguistas que entregam a nossa pátria por qualquer moeda?

Srª Presidente, para encerrar o nosso pronunciamento, apelo aos representantes do Ministério dos Transportes para que olhem o povo de Rondônia, atendam às reivindicações dos grevistas que fecharam a BR. Embora seja um ato que prejudica a população, é uma reivindicação justa. Os caminhoneiros e transeuntes que estão fechando a BR - e vai continuar fechada se não houver uma solução - têm razão. Por isso, viemos fazer esse registro.

Muito obrigado.