Pronunciamento de Marina Silva em 28/02/1996
Discurso no Senado Federal
SOLIDARIZANDO-SE COM O DISCURSO DO SENADOR EDUARDO SUPLICY, PROFERIDO NESTA TARDE, NO QUE TANGE A ATUAÇÃO DO DELEGADO QUE CONDUZIU AS PRISÕES DE LIDERES DO MOVIMENTO DOS SEM-TERRA.
- Autor
- Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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REFORMA AGRARIA.:
- SOLIDARIZANDO-SE COM O DISCURSO DO SENADOR EDUARDO SUPLICY, PROFERIDO NESTA TARDE, NO QUE TANGE A ATUAÇÃO DO DELEGADO QUE CONDUZIU AS PRISÕES DE LIDERES DO MOVIMENTO DOS SEM-TERRA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/02/1996 - Página 2617
- Assunto
- Outros > REFORMA AGRARIA.
- Indexação
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- APOIO, DENUNCIA, SENADOR, PRISÃO PREVENTIVA, TRABALHADOR, SEM-TERRA, OBJETIVO, TROCA, PRISÃO, LIDER, MOVIMENTO TRABALHISTA.
- PROTESTO, PRISÃO, MOTIVO, DEFESA, REFORMA AGRARIA.
A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de iniciar, agradeço ao Senador Romeu Tuma por esta gentileza.
Desejo solidarizar-me com o Senador Eduardo Suplicy, que, antes da Ordem do Dia, fez uma denúncia que considero muito grave: o fato de o delegado que conduziu o processo de prisão de Diolinda e de outros integrantes do Movimento Sem-Terra ter negociado a soltura dos mesmos em troca da prisão de José Rainha.
Isso é muito grave, porque, ao proceder dessa maneira, o delegado assume que Diolinda não cometeu crime algum, que ela é refém em função de eles ainda não terem conseguido prender o José Rainha.
Diolinda defende uma idéia, um projeto de reforma agrária, que muitos, no discurso, dizem ser a favor, mas que muitas vezes, na prática, não o são, porque a reforma agrária ainda não aconteceu. Portanto, ela não pode ser incriminada, porque não cometeu nenhum crime. Se ele pode fazer a troca dela pelo Rainha é porque ela não cometeu um crime. Nesse caso, Diolinda é refém.
Acabamos de participar de uma reunião de Senadoras, da qual o Senador Eduardo Suplicy também participou por ser Senador de São Paulo e por estar acompanhando esse caso, dando-nos as informações. Nessa reunião, resolvemos elaborar um documento, solidarizando-nos com a Diolinda e que será enviado ao juiz que analisará o recurso solicitando a soltura dela e de seus companheiros. Concordo com o Senador Eduardo Suplicy quando diz que se defender uma idéia constitui crime, que nos levem todos à prisão. Todos nós deveríamos ser presos. Eu, particularmente, defendo as idéias da Diolinda, do Senador Eduardo Suplicy e V. Exª que preside estes trabalhos, com certeza, também as defende. Nesse caso, a Justiça brasileira, para ser correta, deveria sair prendendo pessoas que defendem a reforma agrária. E, sem querer ser radical, penso que deveriam prender também as pessoas que apóiam o projeto de reforma agrária. Não é justo, não é ético, não há sustentação em se prender uma pessoa pelo fato de defender uma idéia, um projeto e, muito menos ainda, tê-la como refém nas condições em que se encontra Diolinda. É revoltante para o País, é revoltante para as mulheres brasileiras, que tanto lutaram pela democracia e pela justiça social. Está-se falando em desemprego - e as cifras são altas - mas uma forma de assegurar emprego e, conseqüentemente, renda é através da distribuição de terra, do acesso democrático a ela, que é um meio de sobrevivência e de produção.
A minha breve comunicação é para solidarizar-me inteiramente com o Senador Eduardo Suplicy pelo trabalho que vem realizando e colocar-me à inteira disposição para ajudar no que for possível, a fim de que essa injustiça vergonhosa seja reparada, no que se refere à prisão da Diolinda e de seus companheiros.
Agradeço ao Senador Romeu Tuma por ter-me permitido fazer esta comunicação.