Pronunciamento de Jefferson Peres em 07/03/1996
Discurso no Senado Federal
POSIÇÃO PUBLICA DE S.EXA. QUANTO A SUA RECUSA A CANDIDATURA PARA A PREFEITURA DE MANAUS - AM.
- Autor
- Jefferson Peres (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ELEIÇÕES.:
- POSIÇÃO PUBLICA DE S.EXA. QUANTO A SUA RECUSA A CANDIDATURA PARA A PREFEITURA DE MANAUS - AM.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/03/1996 - Página 3709
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES.
- Indexação
-
- LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ORADOR, RECUSA, LANÇAMENTO, CANDIDATURA, PREFEITURA MUNICIPAL, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM).
O SR. JEFFERSON PERES (PSDB-AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, a comunicação é realmente inadiável, porque vou ler algo que publiquei na imprensa de Manaus e que, se não fosse lido hoje, ficaria extemporâneo.
Desde que assumi o Senado, venho sendo pressionado, na minha terra, para ser candidato a Prefeito de Manaus. Ontem, tomei posição e dei a público, na imprensa dessa cidade, o texto que passo a ler - espero fazê-lo no tempo determinado.
"AO POVO DE MANAUS
Ser prefeito de Manaus, sagrado pelo voto popular, constitui missão honrosa e envaidecedora para qualquer cidadão. Mais ainda, para mim, pela identificação que tenho com a minha cidade natal e pelo amor que lhe dedico. Desafio tanto mais sedutor na perspectiva de uma eleição a ser ganha sem risco e sem muito esforço. Obviamente sem risco, porque eu não teria de me desincompatibilizar ou sequer me licenciar do Senado para me candidatar. E sem muito esforço, ao impulso do desejo de mudar o atual estado de coisas, perceptível em todas as camadas da população. E, mais do que qualquer pesquisa, a voz das ruas proclama, com nitidez, que neste momento eu, como nenhum outro político, encarno esse generalizado anseio de mudança.
Fosse eu movido unicamente por ambição, nem por um instante vacilaria em arrebatar a Prefeitura, como um troféu a mais em minha carreira política. Ambições certamente as tenho. Mas, por mais legítimas, não tento realizá-las a qualquer preço. Não foi para isso que ingressei na vida pública. Minhas decisões são tomadas não apenas em função do que me é conveniente, mas à luz de critérios éticos de avaliação que determinem se são erradas ou certas. E a consciência me diz que não seria certo me candidatar a outro cargo agora. Pelo mau exemplo que daria, ao largar um posto eletivo, mal cumprido um ano de mandato, para trocá-lo por outro. E pelo desapreço aos votos de milhares de conterrâneos do interior, que sufragaram meu nome, não para administrar a capital, mas para representá-los no Congresso Nacional. É verdade que outros o fizeram, impelidos por motivos que não me cabe apreciar, quem sabe até de sobrevivência política. Não é o meu caso. Por isso decidi, em caráter irreversível, não me candidatar a prefeito. Perco, assim, a oportunidade, que sempre almejei, de governar a minha cidade, para não perder a fidelidade a valores que fizeram de mim, mercê de Deus, a pessoa que me orgulho de ser.
Sei que esta decisão causará enorme frustração a tantos que torciam pela minha candidatura, de forma até comovente, numa desvanecedora reiteração de confiança. Mas todos logo compreenderão que confiam em mim exatamente porque sabem que não renego princípios. Ademais, não estou abandonando a minha gente. Tanto assim, se isto lhes serve de alento, que desde já antecipo um solene compromisso. Em 1998, tendo cumprido metade do mandato de senador, se o meu nome ainda for um símbolo de renovação e esperança, aceitarei disputar o governo do Estado, para começar a escrever um novo capítulo da história do Amazonas.
Talvez seja esta a Missão que o destino me reserva."
Leio esse texto não apenas para constar dos Anais do Senado, Sr. Presidente, mas também para demonstrar que, ao contrário do que os jornais especulam a respeito da constituição dessa CPI dos bancos, não tenho nenhum interesse nas eleições do corrente ano. Não assinei aquele documento para ficar no palanque eleitoral.
Por outro lado, Sr. Presidente, a propósito desse assunto, nessas últimas 24 horas, pelo que ouvi e li, sinto um certo constrangimento em ter colocado a minha assinatura naquele requerimento, porque estou chegando à conclusão de que talvez meia dúzia dos subscritores foram movidos, realmente, pelo interesse público, pelo sincero desejo de apurar os fatos e a verdade. Sinto-me "ensanduichado", junto com esses outros Senadores sérios, entre dois grupos: de um lado aqueles que talvez tenham assinado o requerimento apenas para desestabilizar o sistema financeiro e destruir o Plano Real; e, do outro, talvez, aqueles que querem, simplesmente, extorquir do Governo vantagens, talvez não muito legítimas.
Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.