Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO SR. SERGIO MERCER.

Autor
Luís Alberto de Oliveira (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PR)
Nome completo: Luís Alberto Martins de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO SR. SERGIO MERCER.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/1996 - Página 3926
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SERGIO MERCER, PUBLICITARIO, ESTADO DO PARANA (PR).

O SR. LUIZ ALBERTO DE OLIVEIRA (PTB-PR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Paraná ficou mais triste na semana passada com o passamento do ilustre paranaense Sérgio Mercer, que mereceu 03 dias de luto oficial decretado pelo Governador Jaime Lerner, uma justa homenagem a este homem, que tinha a bondade no coração e era estimado e respeitado pelos círculos intelectuais da área de comunicação do Paraná.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mercer passou a atuar na área publicitária em 71, como redator da Equipe Propaganda. Foi redator e diretor de criação da Umuarama Publicidades. Diretor de criação da Oficina de Publicidade, redator da P.A.Z. - Criação e Comunicação e Presidente do Clube de Criação do Paraná. Foi também um excelente cronista do Jornal O Estado do Paraná, escrevendo coluna sob o pseudônimo de "Barão de Tibaji".

Depois dessa quantidade admirável de contribuições dadas por Mercer ao longo de sua vida, em 1985 assumiu a direção da MZ Propaganda e em 91 criou a Mercer Comunicação.

Amigo pessoal do Governador Jaime Lerner, foi assessor da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) em 74, na primeira gestão de Lerner na Prefeitura. Na segunda gestão de Lerner, de 1979 a 1983, assumiu a Presidência da Fundação Cultural. E por fim, foi o autor da famosa campanha dos doze dias "Coração Curitibano", em 88, que elegeu Lerner prefeito pela terceira vez.

Faço aqui um parênteses, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para relatar as palavras do grande cronista Renato Schaitza - que retratou com argúcia os fatos e casos do Paraná - quando revela atitudes inusitadas do grande Mercer, próprias de um perceptivo gênio. Cita Schaitza: Cheguei um pouco atrasado ao encontro profissional publicitário, agendado com o Mercer, então dialogamos: - Desculpe, amigo. Fiquei retido numa consulta médica... - Médico? Você contou para ele que fuma e bebe? - Contei, sim. - Ainda bem. Os médicos sempre têm que tirar alguma coisa da vida da gente. Se você disser que nem bebe nem fuma, eles te mandam arrancar os dentes!

Em outra passagem cita, "Outro lado bonito do Sérgio Mercer foi do boêmio saudável. Gostava da noite. Nada de farra ou ambientes escuros. Aquela noite de reunião de amigos e conversa inteligente nos botecos e restaurantes freqüentados por intelectuais. Havia uma turma assim que se reunia na garagem do Hélio Barriga, um solteirão que empresta a casa para amigos e depois divide as despesas em vaquinha. Num dois eventos, Sérgio Mercer, então presidente da Fundação Cultural de Curitiba, levou para a garagem do Hélio um piano e um pianista argentino. Pela primeira vez assisti a concerto de piano e caixinha de fósforo, esta a cargo do Nireu Teixeira, seguramente o palito mais afinado do Cone Sul. Sérgio batucava o piano, cantando paródias de tangos muito engraçadas. Numa delas percorria os bairros de Curitiba de rolar. "Tu, madre, pensas que sos um bandido, porque dicen que te vieron, la otra noche, en el barrio Boquerón".

E fina Schaitza: "Dizer mais o quê sobre Mercer? A cidade, a comunidade, a publicidade e a boa boêmia lhe deve muito. Difícil a qualquer poeta descrever um brilhante de facetas perfeitas. Talvez então lembrar em homenagem slogan de rara originalidade e quase desconhecido: O que é bom dura pouco.

Realmente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Sérgio Mercer deixa uma lacuna na vida do Paraná que dificilmente será preenchida por qualquer outra pessoa. Fica a sua alegria, a sua percepção, o seu coração e acima de tudo, um homem apaixonado por Curitiba que a boêmia, a noite, a magia e os bons diálogos jamais esquecerão.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/1996 - Página 3926