O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero saudar com sincero entusiasmo a escolha do Deputado Michel Temer para relatar a Reforma da Previdência. É uma decisão inspirada no bom senso e na sabedoria e fortalece a imagem de respeito do PMDB diante da opinião pública.

Faço uso do recurso da comunicação inadiável, permitida pelo Regimento Interno, por entender que esse fato merece registro imediato nos Anais do Senado, onde o nosso Partido tem composição majoritária. Também é importante salientar que a agilidade da decisão impede que se estabeleça um vácuo lamentável nas relações do Congresso com o Executivo, além de recolocar a reforma no seu devido espaço político, de acordo com os interesses de toda a sociedade.

Pelo respeito e pela liderança ao mesmo tempo legítima e natural que o Deputado Michel Temer exerce entre seus Pares, seu nome tem a aura espontânea do consenso. Homem dotado de indiscutível vocação para o diálogo, sabe caminhar entre os cristais sem agredir os fatos e sem dar espaço à cizânia, administrando conflitos e construindo convergências. Foi uma decisão feliz e oportuna a do meu Partido, que tem a marca histórica da unidade interna, além de raízes inabaláveis de identidade com o interesse público. Respaldar a ação política desse companheiro de conduta inatacável, neste momento em que assume um grande sacrifício em nome dos interesses superiores do País, creio ser um dever de todas as forças políticas do PMDB, independentemente de sentimentos pessoais ou de diferenças momentâneas.

As responsabilidades adicionais assumidas pelo Líder Michel Temer ocorrem no mesmo momento em que o Presidente Fernando Henrique Cardoso, em mensagem conciliadora proferida durante palestra na Universidade de Stanford, faz um libelo em defesa do Congresso e de seus conflitos, entendendo suas pequenas crises como fenômenos próprios da democracia. A meu ver, trata-se de uma palavra de boa vontade para sepultar ressentimentos e quebrar resistências na direção de um horizonte único, que é o horizonte de uma Nação que tem pressa na sua ânsia por reformas. Mais do que todos nós, seus liderados, o Presidente da República sabe que seu périplo internacional só terá efeitos na prosperidade interna se puder vender lá fora a imagem de um País comprometido com o futuro e com a garantia de regras internas que assegurem estabilidade para os investimentos.

O PMDB é um Partido de forte identidade com a média do pensamento nacional, desde as bases mais sofridas até a elite intelectual que ajudou a construir nossa consciência de cidadania. É um Partido cujas lutas políticas voltaram-se sempre para o futuro. Nessa luta, aprendemos a empurrar o País para a frente. Empurrar o País para trás é despir-se do traço mais marcante da nossa identidade e comprometer o grande patrimônio político que é de todos nós e não apenas de grupos. Esta é a realidade que deve saltar à frente da consciência de cada um de nós, sempre que este patrimônio estiver ameaçado por manobras menores, inspiradas por personalismos ou regionalismos. O PMDB é um só, como também o é o nosso País. Temos sete governadores que também se identificam neste mesmo princípio, o que é fato inédito na história política do País, sempre atrelada a disputas pelo poder regional.

Não há dúvida de que a reforma da Previdência, tanto quanto as reformas administrativa e tributária, é um marco para a reconstrução de nossas verdades, camufladas pelo clientelismo e pela corrupção durante muitas décadas de desmandos. Precisamos suprimir privilégios para encarar com altivez aqueles que não os têm e para merecer o respeito de todos aqueles que nos enviaram a este Congresso. Acho que o Deputado Michel Temer tem a medida certa desse desafio nas suas preocupações de Relator da Reforma da Previdência. Negar-lhe apoio e desprestigiar sua missão é um salto no escuro. S. Exª é um dos grandes profissionais de política que temos o privilégio de ter nas nossas duas Casas Legislativas, e está preparado para encarnar o sentimento de patriotismo da maioria suprapartidária do Congresso, onde as diferenças eventuais devem ser sepultadas como páginas viradas dos equívocos recentes.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.