Discurso no Senado Federal

GRAVIDADE DA DECLARAÇÃO DADA PELO GOVERNADOR TASSO JEREISSATI, EM VISITA AO JAPÃO, ACUSANDO O PRESIDENTE DO CONGRESSO NACIONAL, SENADOR JOSE SARNEY, DE IRRESPONSAVEL E LEVIANO, FACE A CRIAÇÃO DA CPI DOS BANCOS.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.:
  • GRAVIDADE DA DECLARAÇÃO DADA PELO GOVERNADOR TASSO JEREISSATI, EM VISITA AO JAPÃO, ACUSANDO O PRESIDENTE DO CONGRESSO NACIONAL, SENADOR JOSE SARNEY, DE IRRESPONSAVEL E LEVIANO, FACE A CRIAÇÃO DA CPI DOS BANCOS.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/1996 - Página 4012
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.
Indexação
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO CEARA (CE), ACUSAÇÃO, PRESIDENTE, SENADO, FALTA, RESPONSABILIDADE, PEDIDO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.
  • DEFESA, PRESIDENTE, SENADO, CUMPRIMENTO, REGIMENTO INTERNO, CRITICA, DESRESPEITO, CONGRESSO NACIONAL, SITUAÇÃO, CONFLITO, LEGISLATIVO, EXECUTIVO.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, DUVIDA, NEGOCIAÇÃO, INTERESSE PARTICULAR, GOVERNADOR, ESTADO DO CEARA (CE), BANCO PARTICULAR, INDISPONIBILIDADE, PATRIMONIO.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB-AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, assisti pela televisão uma entrevista do Governador do Estado do Ceará, Tasso Jereissati, que, diante da gravidade da declaração, me deixou muito preocupado. De forma aberta, rasteira, o Governador do Ceará atacou o Presidente desta Casa, Senador José Sarney, acusando-o de irresponsável e leviano. Tudo isso em função dos últimos acontecimentos, ou seja, o pedido da instalação da CPI dos bancos.

Sr. Presidente, a Nação, melhor do que qualquer testemunha, conhece o perfil, o trabalho e a vida do Senador José Sarney. São 50 anos de vida pública. Em um dos meus primeiros pronunciamentos, eu dizia que o Governo estava muito bem servido, por ter, na Presidência do Congresso Nacional, um homem da experiência, da responsabilidade, do compromisso com a Nação brasileira e da vivência do Presidente Sarney.

Irresponsável e leviana foi essa declaração do Governador do Estado do Ceará, que integrava a Comitiva Presidencial em Tóquio. Isso é complicadíssimo, pois, no momento em que se procura passar a limpo as pendências, fazer as reformas necessárias ao País, a cúpula que assessora o Presidente da República, dentro de um projeto de poder, tenta, hoje, denegrir e sabotar a imagem do Presidente desta Casa.

Sr. Presidente, é sabido por todos que a Gazeta Mercantil, do dia 13 de março, se não me engano, publicou uma matéria, assinada por Maria José Quadros, intitulada: "Calmon vende fábricas da Coca para Jereissati". O Banco Central autorizou o negócio, que monta a R$90.000.000,00, entre o Governador e o proprietário do Banco Econômico, cujo patrimônio está indisponível.

A nós interessa a transparência do processo e o Presidente desta Casa não teve a participação de que tentam acusá-lo. Ele foi abordado por Senadores de vários Partidos, dentro de uma articulação política, e não poderia fazer nada além de cumprir o Regimento Interno da Casa.

Sr. Presidente, preocupo-me bastante porque, de certa forma, estamos recebendo uma abordagem por parte do Governo numa tentativa de confronto e isso não é bom para o País. Temos certeza que, a partir das declarações vindas das autoridades públicas que estão no comando, como o Presidente do Congresso, Senador José Sarney, e o Presidente da República, teremos um divisor de águas.

Como se prega a tranqüilidade no País? Há dois anos, Sr. Presidente, o País vem navegando no mar da tranqüilidade política, sem confronto das instituições, salvo alguns choques rotineiros e, agora, há um convite por parte do Governo para um confronto com o Congresso Nacional. O Presidente Sarney é Presidente do Congresso e, como tal, não poderia deixar de cumprir com o seu dever, acatando as sugestões e o posicionamento dos Srs. Senadores.

Solicito, Sr. Presidente, a transcrição nos Anais desta Casa de matéria sobre o negócio que foi realizado, com autorização do Banco Central, pelo Sr. Tasso Jereissati, Governador do Ceará. Digo ainda mais, Sr. Presidente, que a parte do Governador, lá em Tóquio, já foi garantida através de um convênio assinado com o governo japonês para o metrô do Ceará.

Não sei mais o que há por trás disso tudo. Sei que só teme quem deve.

O SR. PRESIDENTE (Teotonio Vilela Filho) - Senador Gilvam Borges, o tempo de V. Exª está esgotado.

O SR. GILVAM BORGES - Sr. Presidente, acatando a determinação da Presidência e o Regimento da Casa, encerro, comprometendo-me a retornar a esta tribuna para uma manifestação mais detalhada sobre esse assunto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/1996 - Página 4012