Discurso no Senado Federal

EXIGINDO RETRATAÇÃO E DIREITO DE RESPOSTA DO JORNAL O LIBERAL SOBRE A NOTA QUE O ACUSA DE TER COMPRADO UMA MANSÃO EM SALINOPOLIS.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • EXIGINDO RETRATAÇÃO E DIREITO DE RESPOSTA DO JORNAL O LIBERAL SOBRE A NOTA QUE O ACUSA DE TER COMPRADO UMA MANSÃO EM SALINOPOLIS.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/1996 - Página 4404
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • LEITURA, CORRESPONDENCIA, AUTORIA, ORADOR, ENDEREÇAMENTO, RONALDO MAIORANA, DIRETOR, JORNAL, O LIBERAL, ESTADO DO AMAPA (AP), SOLICITAÇÃO, RETRATAÇÃO, NOTICIA FALSA, ACUSAÇÃO, SENADOR, IRREGULARIDADE, TRANSAÇÃO IMOBILIARIA, PUBLICAÇÃO, DIREITO DE RESPOSTA.

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (PDT-AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, lamento usar do período do Expediente do Senado e da tribuna desta Casa, para me manifestar a respeito de um assunto que, se não fosse grave, seria até cômico.

Trata-se de uma nota publicada no jornal O Liberal, de Belém do Pará, domingo passado, em que me acusam de ter adquirido uma mansão em Salinas, no Pará, no valor de US$350 mil. E digo que seria cômica, porque não conheço esse senhor Amilton Bezerra, que, segundo informações que obtive, estaria envolvido em tráfico de drogas. Não conheço a mansão citada na matéria e, para maior estranheza minha, o jornal O Liberal, com quem entrei em contato ontem através do departamento de jornalismo, não retificou a matéria até a presente data.

Por esse motivo, e haja vista que O Liberal é um dos jornais mais lidos na Amazônia, manifesto-me no plenário desta Casa, lamentando ser vítima de uma calúnia desse alcance. Outrossim, estou encaminhando, ao Diretor do jornal O Liberal, a seguinte correspondência:

      "Prezado Sr. Diretor Ronaldo Maiorana:

      No último domingo, dia 17 de março de 1996, aquela que provavelmente é a coluna mais lida do jornal mais lido da Amazônia publicou uma nota inverossímil a meu respeito e que vem produzindo, pela repercussão que teve no Estado do Amapá, que represento no Senado Federal, danos morais e políticos praticamente irreparáveis.

Penso que um jornal com os atributos de O Liberal deve tomar cuidado redobrado com a veracidade das notícias veiculadas, que, mesmo pequenas no tamanho, podem causar estragos gigantescos àqueles que têm seus nomes associados a elas, tornando quase irreversíveis os efeitos da desinformação propagada.

O Liberal é, e sempre foi, uma importante referência jornalística para todo o Norte do País e, dentro do compromisso social de bem informar que sempre pautou sua história, não cabe a inserção de peças de ficção que, no mínimo, provocam a curiosidade de alguns leitores mais perspicazes acerca de sua verdadeira intenção. Um veículo que chega aonde O Liberal chegou não pode se dar ao luxo de não checar uma informação para saber se trata-se de notícia ou fofoca.

Vamos aos fatos. O Liberal, de domingo, informou que eu teria adquirido uma mansão em Salinópolis, pertencente ao ex-Prefeito de Marabá, Amilton Bezerra, pela bagatela de R$350 mil à vista. Em primeiro lugar, fiquei tremendamente surpreso com a valorização do mercado imobiliário daquela cidade. Em segundo lugar, agradeço ao jornal pelo incremento de minha cultura política, informando o nome do ex-Prefeito de Marabá, que, segundo fui informado, recentemente esteve preso e acusado de envolvimento com narcotráfico, a quem não conheço (o que torna a nota ainda mais suspeita). E, finalmente, agradeço, mas desta vez como patriota, a informação prestada à Receita Federal, que nunca supôs que minha renda comportasse tal transação e que certamente irá conseguir arrecadar muito mais com minha próxima declaração de renda.

Ora, o mínimo que se pode esperar de um veículo de imprensa dessa envergadura é que corrija esse equívoco esdrúxulo e com destaque pelo menos igual àquele dado à falsa notícia. Na verdade, se O Liberal acha relevante veicular esse tipo de informação, e se supõe que algum político amapaense tenha efetuado uma negociação tão vultosa, que prossiga com sua investigação, pois a sociedade brasileira, que tem-se ocupado de debates tão importantes, está ávida por subsídios dessa natureza para dar seqüência a grandes questões nacionais.

Portanto, apelando ao senso de responsabilidade desse veículo, peço que publique o direito de resposta que encaminho em anexo.

A Srª Júnia Marise - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador?

O SR. SEBASTIÃO ROCHA - Se for possível, com muito prazer.

A Srª Júnia Marise - Nobre Senador, na qualidade de Líder da Bancada do PDT, deixo a minha solidariedade a V. Exª...

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Trata-se de uma comunicação de liderança, de maneira que não é permitido aparte.

Peço à Senadora Júnia Marise que colabore com a Mesa.

A Srª Júnia Marise - Eu o farei regimentalmente em outra oportunidade.

O SR. SEBASTIÃO ROCHA - Concluindo, Sr. Presidente, quero deixar registrado o meu lamento de que fato dessa natureza esteja acontecendo em um jornal em que tenho o maior respeito, a maior consideração e amizade pelos seus jornalistas e proprietários.

Lamento e deixo isso registrado nos Anais do Senado para que notícias dessa natureza não se repitam na Imprensa.

Faço também um apelo para que o Congresso Nacional possa votar, o mais rápido possível, a reformulação da Lei de Imprensa que está tramitando na Casa.

Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/1996 - Página 4404