Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS AO JORNAL A PROVINCIA DO PARA PELO TRANSCURSO DOS SEUS 120 ANOS DE FUNDAÇÃO.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGENS AO JORNAL A PROVINCIA DO PARA PELO TRANSCURSO DOS SEUS 120 ANOS DE FUNDAÇÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/1996 - Página 4736
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, A PROVINCIA DO PARA, ESTADO DO PARA (PA).

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (PDT-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidentes, Srªs e Srs. Senadores, é com satisfação que venho à tribuna do Senado da República, na tarde de hoje, para me congratular com a família de A Província do Pará, jornal que tem marcado época em todo o Norte do País e sobre o qual já fiz referência, na semana passada, por meio de um discurso encaminhado à Mesa. Encaminhei também à Mesa requerimento de louvor ao jornal A Província do Pará pela passagem do seu 120º aniversário. Na tarde de hoje, tenho, portanto, a honra de me manifestar, mais uma vez, a respeito do tema, participando desta sessão que homenageia o jornal A Província do Pará.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, "é permitido aos mais fracos de ter uma boa intenção e de a dizer." Com este verso de Victor Hugo, em 25 de março de 1876, ainda no Império, circulou em Belém o primeiro número de um tablóide intitulado A Província do Pará; 120 anos depois, este jornal continua desempenhando, com isenção e precisão, o papel de bem informar.

A importância de A Província do Pará na formação histórica, política do Pará e, conseqüentemente, do Amapá é inquestionável. O Amapá é citado aqui porque, como todos sabemos, fez parte do Estado do Pará antes de ser transformado em território, fato que aconteceu em 1943. Hoje A Província circula também com uma página dedicada aos assuntos do Estado do Amapá. Por isso, fazemos questão de mencionar a contribuição de A Província também na história política do Estado do Amapá.

Fundada por Joaquim José de Assis, como já foi dito aqui pelos colegas que me antecederam - Senadores Ademir Andrade e Coutinho Jorge -, líder do Partido Liberal do Pará, por Antônio Lemos, ex-funcionário da Marinha, e por Francisco Cerqueira, mestre em artes gráficas, o primeiro número circulou justamente no dia do qüinquagésimo-segundo aniversário do juramento da Constituição Política do Império.

Quatro anos após a fundação do jornal, morreu Francisco Cerqueira e, nove anos após seu falecimento, morreu o Dr. Assis. Esses dois republicanos por pouco não testemunharam a queda do Império, ocorrida quatro meses após a morte de Assis, mas deixaram um legado riquíssimo que é este órgão de imprensa isento, sério e transformador.

A partir de novembro de 1889, A Província passou a circular sob a responsabilidade exclusiva de Lemos e, abaixo do cabeçalho, lia-se: "2ª Época. Órgão Neutro nas Lides Partidárias", mostrando já o interesse de A Província em se manter isenta e realmente contribuir para a transformação da sociedade. A partir daí, a feição do Jornal sofreu uma radical transformação, passando a trazer, em sua primeira página, notícias, comentários e colunas. Paginação de um jornal moderno e inovador.

Em 1897, Lemos era o único proprietário do Jornal, quando se juntou a ele Pedro Chermont, depois substituído por Antônio Chermont, na condição de redator-gerente. O rompimento, anos mais tarde, com os Chermont provocou uma interrupção na circulação de A Província do Pará, quase 26 anos após ter sido fundada, voltando às ruas apenas em 1901, com Lemos novamente no controle absoluto do Jornal e da Cidade de Belém como seu intendente.

O bom gosto de Lemos teria de se refletir em seu jornal. Ao lado do grande time que contratou para a redação, investiu em máquinas, trazendo para Belém a mais moderna impressora existente na Europa. Mas tudo isto foi destruído pelo ódio, conforme também já foi citado, aqui, pelos oradores que me antecederam. Uma armadilha dos adeptos de Lauro Sodré, inimigo de Lemos, acabou por atribuir aos lemistas um atentado sofrido por Sodré, provocando um motim popular que resultou na depredação da sede de A Província, tendo aquele monumento à imprensa nacional sucumbido ao fogo juntamente com a casa de Lemos. Tudo na fatídica noite de 29 de agosto de 1912.

Mas como a Fênix, A Província do Pará ressurgiu das cinzas, ressurgindo num novo ciclo, desta vez pelas mãos de Pedro Chermont de Miranda. Mas a hostilidade política, aliada a uma grave crise financeira, voltou a calar A Província, que interrompeu sua circulação em 27 de julho de 1926, ficando assim até 1947, quando Assis Chateaubriand, "O Capitão" dos Diários Associados, decidiu fazer voltar às novas gerações do Norte um dos mais tradicionais jornais da Região.

Depois disso, muitos brasileiros ilustres passaram pela direção deste diário: João Calmon - que se encontra presente no plenário desta Casa. Aproveito para homenagear S. Exª, que exerceu com dignidade e brio a função de Senador da República - Frederico Barata, Milton Trindade e Roberto Jares Martins. Alguns tendo ficado até o fim de suas vidas no jornal. Hoje, Arthêmio Guimarães é o grande herdeiro destes homens, dividindo com Rubens Oneti, Terezinha Siqueira e Ribamar Fonseca, a responsabilidade pela condução de A Província do Pará, este grande diário que está misturado às paixões e à história do Pará, à do Amapá e à história de todo Norte do Pais.

Ao finalizar o meu discurso, quero parabenizar àqueles que fizeram e fazem A Província do Pará, ou seja, seus diretores, seus funcionários, o povo do Pará, do Amapá e da região Norte que tem a oportunidade de usufruir desse meio de comunicação tão importante no Norte do País. Muito obrigado.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/1996 - Página 4736