Discurso no Senado Federal

PEDIDO DE DESCULPAS A CASA E A NAÇÃO SOBRE O EPISODIO OCORRIDO ENTRE S.EXA. E O SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • PEDIDO DE DESCULPAS A CASA E A NAÇÃO SOBRE O EPISODIO OCORRIDO ENTRE S.EXA. E O SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES.
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/1996 - Página 3715
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMENTARIO, AGRESSÃO, CORRELAÇÃO, DISCUSSÃO, ORADOR, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu queria, neste momento, usar desta tribuna para lamentar o deplorável episódio do qual fui personagem involuntário há dois dias.

Queria registrar a constatação de que o incidente não pode ser visto como um fato isolado nesta Legislatura, posto que apenas nos últimos três dias verificou-se a ocorrência de três episódios de idêntica natureza, o que dá uma triste média de um por dia.

Desejo, desta tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, expressar que, como educador - por formação, gosto e profissão -, atribuo ser da maior importância que aqueles a quem compete zelar pela boa ordem, disciplina e decoro no relacionamento parlamentar o façam no âmbito das suas competências regimentais.

No presente caso, ocorrido nos últimos dias, está a se exigir uma ação da Corregedoria e da Comissão de Ética, conforme disposto na Resolução nº 17, de 1993, arts. 2º e 5º.

Gostaria ainda de lembrar, Sr. Presidente, que a educação política se faz muito mais pelo exemplo do que pela palavra. Que no momento complicado em que o País vive um caldo de cultura onde os conflitos emergentes demandam corajoso enfrentamento, há que se privilegiar o comedimento e a razão no relacionamento entre e intra-Poderes. O Parlamento não pode se dar ao luxo de reproduzir imagens de truculência e força física, numa afronta aos cidadãos.

Queria registrar que falo motivado muito mais pela preocupação com o futuro do que pelos fatos passados.

Ao mesmo tempo em que peço as providências cabíveis aos órgãos competentes, uso a tribuna para, num gesto de humildade, de quem realmente se sente constrangido com o episódio, pedir desculpas à Nação, a esta Casa que amo e respeito, pelo desgaste institucional dele decorrente.

E mais, pedir desculpas à minha família, à Tânia, minha esposa, e aos meus filhos Rodrigo, Diego e Fabrício, que, assustados e surpresos, assistiram pela TV cenas que não são comuns à minha pessoa e à minha índole.

Caracterizo-me pela afabilidade e pela cordialidade, felizmente associadas à firmeza de caráter e à lucidez quanto a princípios e valores éticos.

Por isso, agi como agi, ou melhor, reagi, repelindo a agressão, e não deixarei jamais de fazê-lo, mesmo contra a minha índole sossegada e afável, por defesa e coerência aos princípios morais.

Não sou homem de guardar rancores. Tomo a atitude de solicitar da tribuna as providências pertinentes por quem de direito como profilaxia para o futuro.

Ao ensejo, gostaria de esclarecer que o que me move não é apenas a necessidade de reparação pessoal, mas, principalmente, o interesse em ver preservada a integridade da imagem institucional, gravemente ferida, conforme imagens amplamente divulgadas pela mídia.

Ao encerrar, enfatizo mais uma vez o meu constrangimento e desconforto perante a Nação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/1996 - Página 3715