Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AO EX-SENADOR IRINEU BORNHAUSEN, NO PROXIMO DIA 25, EM SANTA CATARINA, PELO TRANSCURSO DO CENTENARIO DE SEU NASCIMENTO.

Autor
Vilson Kleinübing (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
Nome completo: Vilson Pedro Kleinubing
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AO EX-SENADOR IRINEU BORNHAUSEN, NO PROXIMO DIA 25, EM SANTA CATARINA, PELO TRANSCURSO DO CENTENARIO DE SEU NASCIMENTO.
Aparteantes
Bernardo Cabral, Casildo Maldaner, Josaphat Marinho, Lúcio Alcântara.
Publicação
Publicação no DSF de 21/03/1996 - Página 4481
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, IRINEU BORNHAUSEN, EX SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. VILSON KLEINÜBING (PFL-SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna desta Casa para dar conhecimento aos Srs. Senadores da realização de um evento político muito importante para o meu Estado, no dia 25 de março. Lideranças políticas suprapartidárias e a Assembléia Legislativa de Santa Catarina vão homenagear o homem público catarinense que marcou decisivamente a História do nosso Estado. Trata-se do centenário de nascimento do Senador Irineu Bornhausen.

Esse Senador começou sua vida pública como Vereador; depois foi Prefeito de Itajaí, onde era um empresário médio. Ao longo da sua vida, teve a oportunidade de governar Santa Catarina. Marcou sua administração por obras importantíssimas para o Estado. Na área rodoviária, foi o grande construtor da rodovia denominada Serra do Rio do Rastro, que liga o litoral catarinense aos campos de Lages. É uma obra de engenharia excepcional - está completamente asfaltada - e é um orgulho para os catarinenses.

Foi Irineu Bornhausen que instituiu a primeira universidade catarinense, mais tarde federalizada, e construiu o campus universitário. E foi também o Governador que criou a Secretaria da Cultura do Estado de Santa Catarina, que desenvolveu um trabalho modelar na área de extensão rural do nosso Estado, a ponto de sermos hoje o quinto produtor de alimentos, um Estado que tem apenas 1% no território nacional.

Irineu Bornhausen foi Senador da República, esteve nesta Casa. Como homem público, suas características mais marcantes foram a organização, o método e a disciplina.

O Sr. Josaphat Marinho - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VILSON KLEINüBING - Com muito prazer, nobre Senador.

O Sr. Josaphat Marinho - No momento em que V. Exª se refere à passagem do Senador Irineu Bornhausen por esta Casa, permita interrompê-lo para solidarizar-me com a sua homenagem e realçar que o conheci na Legislatura de 1973, a princípio de 1971. E quero assinalar, através do seu discurso, não apenas a compostura do homem público, mas a extrema cordialidade de trato com os seus colegas.

O SR. VILSON KLEINÜBING - Muito obrigado, nobre Senador.

Irineu Bornhausen esteve nesta Casa e inaugurou para os catarinenses uma prática que nós, representantes do Estado no Senado, desfrutamos com muita alegria: os Senadores já notaram que se tornou praxe o nosso povo enviar os seus ex-governadores para esta Casa? Isso começou com o Senador Irineu Bornhausen. Hoje, os três Senadores representantes de Santa Catarina são três ex-Governadores.

Assim, Santa Catarina está homenageando seu ex-Governador e ex-Senador no dia do seu centenário. S. Exª produziu para o nosso Estado obras importantes e teve a visão de investir na educação. Isto fez de Santa Catarina o Estado que é hoje: investimento em educação.

O que sempre me chamou a atenção na atuação do ex-Senador Irineu Bornhausen - não o conheci, meu pai era seu amigo - foi o trabalho que desenvolveu como administrador público: entregou as contas do Estado de Santa Catarina absolutamente em ordem e absolutamente em dia para o seu sucessor.

O Sr. Bernardo Cabral - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VILSON KLEINÜBING - Concedo o aparte ao nobre Senador Bernardo Cabral, com muito prazer.

O Sr. Bernardo Cabral - Nobre Senador Vilson Kleinübing, eu também não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o ex-Senador Irineu Bornhausen. Mas conheci um Senador, depois Governador, depois relator da Constituição de 1967 e que me deu a honra de ser meu relator-adjunto na Constituição de 1988: trata-se do ex-Governador Antônio Carlos Konder Reis, sobrinho do ex-Senador Irineu Bornhausen. A homenagem que V. Exª, ilustre catarinense, do alto da postura e compostura que teve quando Governador de Santa Catarina, presta ao Senador através de seu pronunciamento é daquelas que fazem com que os homens públicos sejam reconhecidos pelos seus contemporâneos, e não apenas pelos seus póstumos. É esse o exemplo que V. Exª nos dá, ao trazer, para a sessão desta tarde, um nome, já aqui registrado, da maior postura e da maior honradez possível. Gostaria que V. Exª recebesse as minhas palavras não apenas como uma demonstração de solidariedade ao seu pronunciamento, mas também de reconhecimento do ex-Senador, ex-Governador e Deputado Federal Antônio Carlos Konder Reis, um dos homens públicos mais primorosos em dignidade e decência que conheci ao longo da minha vida pública, porque o conheci como Deputado Federal. Nos idos de 1966, já era ele Senador da República. Aliás, se não me falha a memória, recentemente o ex-Senador e Governador Antônio Carlos Konder Reis teve a alegria, que por certo V. Exª terá tido também, de tê-lo como seu Vice-Governador. De modo que gostaria de cumprimentar V. Exª, associando-me às homenagens do centenário e registrando a minha profunda simpatia e admiração pelo que diz V. Exª.

O SR. VILSON KLEINüBING - Obrigado, Senador Bernardo Cabral.

Quando V. Exª relembra a figura do meu querido ex-Vice-Governador Antônio Carlos Konder Reis é mais uma oportunidade que tenho de fazer essa reverência ao Senador Irineu Bornhausen, de quem Antônio Carlos Konder Reis foi aluno - não só sobrinho, como aluno. E a melhor forma de descrever o ex-Senador Antônio Carlos Konder Reis é citando uma passagem pessoal: Com 40 anos de vida pública, aceitou ser Vice-Governador na chapa encabeçada por Vilson Kleinübing. Conhecendo-me desde menino, sempre me tratou por "você". No dia em que o Tribunal Eleitoral nos deu o diploma de Governador e de Vice-Governador, ele chegou em minha sala e disse só uma frase: "Sr. Governador, quais são as ordens?"

É desses homens catarinenses que venho hoje aqui falar. E esta será a homenagem que vamos prestar no dia 25 de março ao Senador Irineu Bornhausen.

O Sr. Lúcio Alcântara - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VILSON KLEINüBING - Concedo um aparte ao Senador Lúcio Alcântara.

O Sr. Lúcio Alcântara - V. Exª já foi aparteado pelos nobres Senadores Josaphat Marinho e Bernardo Cabral, que tiveram a oportunidade de se reportar não só à figura de Irineu Bornhausen, mas à ilustre estirpe de homens públicos de Santa Catarina, em que, no momento, V. Exª é um dos representantes aqui no Senado da República. Não conheci Irineu Bornhausen, mas tenho o privilégio de ser um grande amigo de dois dos seus filhos: Jorge Bornhausen - grande amigo, que foi Governador e Senador - e Roberto Bornhausen. De forma que quero me associar a essa homenagem, que não é só a Irineu Bornhausen, e sim ao próprio povo de Santa Catarina. Faço referência a alguns traços da personalidade de Irineu Bornhausen, que V. Exª poderá confirmar - no momento em que se está falando tanto em banco, CPI de banco, etc. Ele foi banqueiro. Um homem sério, austero, terminou naquele período de concentração do sistema bancário, com os grandes bancos nacionais absorvendo os pequenos, e lá o seu pequeno banco - acho que o INCO - também foi absorvido. Aliás, o INCO era uma característica do Estado de Santa Catarina. E Irineu Bornhausen, ao contrário de muitos que entram na política e na vida pública para enriquecer - e enriquecem -, empobreceu na vida pública, na política, como Governador e como Senador. Era um empresário, tinha um bom patrimônio, e esse patrimônio diminuiu, reduziu. Não digo que tenha terminado como um homem pobre, mas com a sua austeridade, com seu comportamento, com a sua maneira de ser, viu seu patrimônio ser consumido durante a sua passagem pela política e pela vida pública. Então, V. Exª faz muito bem em subir a esta tribuna para reverenciar a memória de um homem que realmente se destacou na vida pública, e que deve servir como exemplo, como paradigma, pois é um dos grandes nomes da vida pública de Santa Catarina, que, aliás, tem sido pródiga nisso. Temos, hoje, mesmo agora, nomes como o de V. Exª, o do Senador Esperidião Amin e o de Jorge Bornhausen. Houve um momento aqui em que os Presidentes de partido eram todos de Santa Catarina: Jorge Bornhausen, Esperidião Amin e o Deputado Luiz Henrique. Quer dizer, Santa Catarina é um celeiro de homens públicos. Quero me congratular com V. Exª pela oportunidade do seu pronunciamento, e espero comemorarmos juntos, aqui no Senado, o centenário do nascimento do ex-Governador, ex-Senador e grande homem público Irineu Bornhausen.

O SR. VILSON KLEINüBING - Muito obrigado, Senador Lúcio Alcântara. V. Exª me dá uma dupla alegria com o seu aparte. Primeiro, porque V. Exª acrescenta informações importantes a este pronunciamento; e, segundo, porque vejo que Santa Catarina é querida nesta Casa, porque todos os seus membros conhecem bem a nossa história e conhecem bem a história de homens públicos catarinenses.

O Sr. Casildo Maldaner - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. VILSON KLEINüBING - Concedo um aparte ao nobre Senador Casildo Maldaner, também nosso ex-Governador, que representa Santa Catarina nesta Casa.

O Sr. Casildo Maldaner - Senador Vilson Kleinübing, é com muita honra que venho me agregar ao pronunciamento que V. Exª faz nesta tarde, por antecipação pelas comemorações que serão realizadas no dia 25, segunda-feira próxima, pelo centenário de Irineu Bornhausen, esse grande catarinense. Nobre Senador, diria até, eu que sou oriundo da região oeste catarinense, que quando S. Exª era Governador instituiu a Secretaria da Agricultura e foi um desbravador. Assim é reconhecido no oeste catarinense, e essa foi uma das grandes marcas do seu Governo em nosso Estado. Meu velho pai tem sido um dos seus seguidores, e, na época, sempre falavam na eterna vigilância, que o preço da liberdade é a eterna vigilância - expressão de Eduardo Gomes. Essa velha frase, essa velha expressão é muito bem guardada. Dentre as características de Irineu, destaco uma a que papai sempre faz referência: a de que não mandava bilhetes, dizia as coisas com muita franqueza. Era o seu jeito de ser, até pelo estilo, pelas origens. Na verdade, a sua atitude foi muito marcante no oeste catarinense, como também na vida pública catarinense. Aliás, por idéia de V. Exª, devo fazer ainda nesta semana um registro a esse respeito. É um dever nosso, como catarinenses, lembrarmos Irineu Bornhausen, que passou por esta Casa, que foi Governador de nosso Estado. É salutar que nós, como representantes catarinenses aqui no Senado Federal, assim o façamos. Sem dúvida alguma, S. Exª deixou uma grande lição em Santa Catarina, seguida por seus filhos e netos tanto no campo consangüíneo como no político. No consangüíneo, o filho Jorge Bornhausen e o neto Paulo Bornhausen estão seguindo os seus caminhos; no político, também deixou muitos filhos, pelos exemplos, pelas lutas, espalhados pelo nosso Estado e pelo País afora. Os nossos cumprimentos, Senador Vilson Kleinübing, a V. Exª quando relembra o centenário de Irineu Bornhausen.

O SR. VILSON KLEINüBING - Muito obrigado, Senador Casildo Maldaner.

Sr. Presidente, hoje, aqui, relembramos o trabalho do Senador Irineu Bornhausen prestado ao nosso Estado. No dia 25, estaremos em Santa Catarina para levar o abraço do Senado a esse homem que foi nosso Governador, que implantou obras e serviços importantes em Santa Catarina e que representou nosso Estado no Senado Federal.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/03/1996 - Página 4481