Discurso no Senado Federal

PERPLEXIDADE DIANTE DA NOTA DO JORNAL DO SENADO, EDIÇÃO DE HOJE, ACERCA DO PEDIDO DE GARANTIA DE VIDA FEITO POR UM SENADOR PARA IR AO ESTADO DE RORAIMA. CERTEZA DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA EM SEU ESTADO.

Autor
Marluce Pinto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Maria Marluce Moreira Pinto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • PERPLEXIDADE DIANTE DA NOTA DO JORNAL DO SENADO, EDIÇÃO DE HOJE, ACERCA DO PEDIDO DE GARANTIA DE VIDA FEITO POR UM SENADOR PARA IR AO ESTADO DE RORAIMA. CERTEZA DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA EM SEU ESTADO.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/1996 - Página 4941
Assunto
Outros > ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • APREENSÃO, NOTICIARIO, JORNAL, JORNAL DO SENADO, DISTRITO FEDERAL (DF), RELAÇÃO, PEDIDO, GARANTIA, VIDA, SENADOR, VISITA, ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • DEFESA, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DE RORAIMA (RR).

A SRª MARLUCE PINTO (PMDB-RR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao chegar hoje a esta Casa, fiquei muito surpresa com uma notícia publicada no jornal do Senado Federal, na qual um Senador do nosso Estado pede garantia de vida para ir a Roraima.

Imediatamente entrei em contato com o Governador do nosso Estado para saber se havia ocorrido algo que pudesse causar esse fato. Recebi do Governador Neudo Campos a informação de que em nosso Estado nada há que possa alarmar qualquer político e que o Senador, em lá estando, não precisará temer por sua segurança, porque Roraima é um Estado realmente pacato.

Não podemos considerar que, no decorrer de muitos anos, houve duas ou três mortes. Em qual Estado não há mortes? Até gostaria que não houvesse assassinato em Roraima. Quando esses tipos de fatos ocorrem em ano eleitoral, geralmente são atribuídos a políticos.

Quero aqui prestar um esclarecimento, principalmente ao Presidente do Senado. O Senador falou que entrou em contato com autoridades por meio de ofício. Hoje procurei o Presidente do Senado para saber se ele estava a par dessa situação. E S. Exª me informou que estava tomando conhecimento do assunto por meu intermédio.

Solicitei do Governador Neudo Campos que mandasse ofício ao Presidente do Senado, ao Ministro da Justiça Nelson Jobim e também ao Presidente do PFL prestando esclarecimentos e dizendo que, se alguém está mandando informações errôneas para o Senador, isso não é do conhecimento dos políticos daquela terra.

Como representante política daquele Estado há dezesseis anos, quero afirmar aqui que, tendo a minha consciência tranqüila, jamais solicitei a proteção de qualquer tipo de segurança. Palmilho meu Estado, não só a capital, mas todo o seu interior, vou às malocas e aos lugares mais longínquos. Quantas e quantas vezes percorri esses locais apenas com o acompanhamento de senhoras, sem mesmo contar com a presença de meu esposo, quando Governador. Jamais houve uma agressão, um insulto, um telefonema que me causasse espécie ou que me fizesse sentir a necessidade de pedir qualquer proteção.

Lamento ter de vir à tribuna para tratar desse assunto. Na sexta-feira, já tive de usá-la e por isso peço desculpas aos meus nobres Colegas porque isso não faz parte de meu trabalho político.

Há dez anos sou Parlamentar. Hoje é a segunda vez que assomo à tribuna para comentar esse tipo de questionamento. Gostaria que isso não se tornasse uma rotina nesta Casa.

Falarei com o Governador Neudo Campos para pedir-lhe diretamente esses esclarecimentos. Somos do mesmo grupo político e ficamos insatisfeitos ao ler notícias com esse teor, porque não dizem respeito apenas aos políticos, mas ao nosso Estado. Não quero que Roraima, doravante, fique no cenário da Nação como sendo um protótipo de faroeste.

Temos um belo Estado onde ocorre grande migração, para lá vão pessoas de todos as partes do País. Roraima é um Estado que tem crescido muito. Se hoje existe desemprego, é porque isso é normal em nosso País. Se não existisse migração constante, tenho certeza de que Roraima seria um dos melhores Estados para o pobre viver. Lá os políticos têm total preocupação com as pessoas carentes. Durante a última administração, por exemplo, mais de 6 mil casas de alvenaria foram concedidas, a título de doação, a pessoas carentes.

É o único Estado da Federação brasileira que asfaltou rodovia federal com recursos próprios.

Levantamento feito pela Secretaria de Educação demonstrou que Roraima foi o Estado que mais investiu em educação nos últimos 4 anos.

Em Roraima, ao entrar nos hospitais públicos temos a impressão de que estamos entrando em um hospital particular.

Nobres Colegas, é preciso que a má impressão a respeito de nosso Estado seja diluída, não seja levada em consideração, porque realmente não existe esse clima em Roraima, a não ser que seja tão escondido que os políticos dele não puderam tomar conhecimento.

Antes mesmo de ligar para o Governador do Estado, fiz ligações para segmentos diversos, a fim de pedir informações. Ainda hoje, estavam aqui dois agentes da Polícia Civil do nosso Estado. Perguntei-lhes como está a situação em Roraima. Eles me responderam que reinava aquela calma de sempre.

É lamentável o que está acontecendo nesta Casa. Já convidei o Senador, que está aqui presente, para conversarmos sobre os problemas lá existentes, para dirimir dúvidas e encontrar alternativas, em vez de virmos à tribuna expor nosso Estado.

Por sermos uma Bancada pequena, é difícil conseguirmos verba para o Norte; imaginem o que acontece quando os representantes do Estado usam diariamente a tribuna da mais alta Corte, que é o Senado Federal, para denegrir a imagem da maior autoridade estadual. Por que não resolvemos isso em nosso Estado? Se porventura isso vier a existir, por que não ir atrás das autoridades competentes?

Pergunto aos nobre Senadores, principalmente àqueles que me acompanharam nos anos passados, em que Estado não há divergência política. Sempre há, mas nunca usei esta tribuna para esse tipo de discurso e jamais gostaria de fazê-lo. Durante os seis anos e meio de mandato que me restam, vou continuar, como Senadora, a fazer o trabalho que sempre fiz.

Enquanto os demais Estados trabalhavam para rolar suas dívidas, consegui, com muito sacrifício, o perdão da dívida de US$85 milhões do ex-Território de Roraima. Muitas foram as benesses, muitas foram as alternativas encontradas para aquele Estado, que hoje recebe pessoas oriundas de outras regiões onde a situação é bem mais difícil.

Meus caros e nobres colegas, mais uma vez, peço-lhes desculpas por esse tipo de questionamento. Roraima não é um Estado de pessoas irresponsáveis. Aqueles que aqui foram citados - não vou repetir seus nomes, pois quero ser breve - são pessoas que têm trabalhos relevantes para a nação brasileira. Eu não gostaria que essa situação continuasse. Este é um apelo que faço ao Senador do meu Estado: vamos resolver as questões do Estado independentemente de expô-lo nessa coluna do Jornal do Senado. Para isso, existem as autoridades competentes.

Pretendo viajar quinta-feira à noite para Roraima e irei muito tranqüila. Andarei despreocupadamente, como sempre andei, porque tenho certeza de que tanto o povo como as autoridades são responsáveis.

Agradeço ao Presidente por ter permitido que eu ultrapassasse o tempo de que dispunha.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/1996 - Página 4941