Discurso no Senado Federal

NECESSIDADE DE FORTALECIMENTO DO BANCO DO BRASIL COM VISTAS A REVIGORAR A IMAGEM DO PAIS NO EXTERIOR.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • NECESSIDADE DE FORTALECIMENTO DO BANCO DO BRASIL COM VISTAS A REVIGORAR A IMAGEM DO PAIS NO EXTERIOR.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/1996 - Página 5276
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, FORTIFICAÇÃO, BANCO DO BRASIL, LIBERAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, SANEAMENTO, PREJUIZO, INADIMPLENCIA, OBJETIVO, AUMENTO, CAPITAL SOCIAL, SUBSCRIÇÃO, AÇÕES NOVAS, MERCADO DE CAPITAIS, ALTERAÇÃO, COMPOSIÇÃO, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, MELHORAMENTO, VISÃO, PAIS, AMBITO INTERNACIONAL.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio que o Plano Real é um dos mais bem-sucedidos planos de estabilização já implantados no Brasil. Fortaleceu a moeda, resgatou a credibilidade do País perante a comunidade internacional e trouxe um benefício social da maior relevância ao elevar o poder de compra das classes menos favorecidas.

Para o Sistema Financeiro nacional, todavia, revelou a necessidade de profundo ajuste em face da eliminação de sua principal fonte de lucros: os ganhos com a inflação.

Os bancos privados, já há algum tempo, vinham promovendo ajustes em decorrência dos sucessivos planos anteriormente adotados. Trataram logo de enxugar suas estruturas, fechando agências, demitindo empregados e, paralelamente, investindo fortemente em equipamentos de automação.

As instituições oficiais de crédito, os bancos estatais, não tiveram a mesma agilidade e, até por sua condição de empresa vinculada ao setor público, adiaram seus processos de adaptação à nova realidade, mesmo porque as receitas inflacionárias mascaravam seus resultados e ocultavam as suas deficiências.

O Banco do Brasil, Sr. Presidente, o mais representativo agente financeiro do País e da América Latina, não ficou imune aos problemas advindos dessa situação. A estabilização encontrou o banco com pesada estrutura de custos, elevado estoque de créditos de difícil recuperação e perdas cambiais consideráveis devido ao descompasso entre seus ativos em dólar e passivos em moeda nacional, decorrentes de seus investimentos no exterior e do carregamento da dívida externa brasileira.

O resultado disso foi o acúmulo de prejuízos nos semestres recentes.

Vale destacar que o prejuízo do Banco do Brasil não decorre de fraudes, mas sim da inadimplência exacerbada e de fatores estruturais que se acumularam ao longo de anos e que, pela descontinuidade administrativa, imprimiram lentidão na tomada de decisões enérgicas para a correção de rumos.

É importante ressaltar que as notícias degradantes sobre o Sistema Financeiro nacional não atingem o Banco do Brasil. Pelo contrário, as informações veiculadas acerca dessa exemplar instituição tratam do esforço empreendido, pela atual administração, para o seu fortalecimento.

A despeito do sucesso alcançado na redução das despesas, na ampliação dos negócios e no combate à inadimplência, constatou-se a necessidade de ampliar o programa de ajustes para se buscar o efetivo saneamento do Banco do Brasil.

Com esse objetivo, vai-se fazer um aumento de capital de oito bilhões de reais, mediante subscrição de novas ações, e introduzir uma inovadora composição em seu Conselho de Administração.

O aporte de capital é fundamental para a capitalização da empresa, recompondo seu patrimônio líquido em níveis compatíveis com os previstos no Acordo de Basiléia, além de criar condições para a recuperação do atraso tecnológico em que se encontra o atual banco.

No tocante ao Conselho de Administração, vale ressaltar o aumento da representatividade dos acionistas minoritários na sua composição, que passa de dois para três e exige - nas decisões que envolvam questões relevantes para a gestão do banco - a deliberação por maioria qualificada de cinco dos sete integrantes.

Assim, o Governo, que dispõe de quatro votos para a aprovar matérias de seu interesse, deverá ter a concordância de pelo menos um dos demais conselheiros. Essa sistemática implica compartilhar com a iniciativa privada os destinos da instituição, o que é saudável sob todos os aspectos.

A mudança no modelo de administração se faz necessária principalmente neste momento em que se reclama de transparência e eficiência nas ações do Governo e se procura mecanismos de inibição a ações predatórias contra o patrimônio público.

Devo acrescentar, ainda, que nada muda em relação às garantias que o Banco do Brasil tem do Tesouro e, tampouco, o Banco deixará de contribuir com o Governo na execução de políticas de relevante interesse nacional.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo apóia essas medidas porque sabe que a Nação quer e precisa de um Banco do Brasil forte, moderno e rentável; condições indispensáveis para que possa continuar sendo o grande parceiro da estabilização e do desenvolvimento da economia. E, acima de tudo, porque acredita que o fortalecimento do Banco do Brasil revigora a credibilidade do País perante a comunidade financeira internacional, demonstrando que somos capazes de encontrar soluções criativas para superar desafios.

Parabenizo, na pessoa do Dr. Paulo César Ximenes, a toda essa atual administração do Banco do Brasil, pela coragem de tirar a maquiagem dos balanços da instituição e por adotar medidas arrojadas e modernas em direção a resultados positivos.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/1996 - Página 5276