Discurso no Senado Federal

REDARGUINDO O PRONUNCIAMENTO DA SENADORA MARLUCE PINTO, NO QUAL S.EXA. DEFENDE O GOVERNADOR DE RORAIMA DAS ACUSAÇÕES SOBRE O MAU USO DOS AVIÕES DO ESTADO.

Autor
Romero Jucá (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • REDARGUINDO O PRONUNCIAMENTO DA SENADORA MARLUCE PINTO, NO QUAL S.EXA. DEFENDE O GOVERNADOR DE RORAIMA DAS ACUSAÇÕES SOBRE O MAU USO DOS AVIÕES DO ESTADO.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/1996 - Página 4808
Assunto
Outros > ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, MANUTENÇÃO, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE RORAIMA (RR), PRIORIDADE, USO PRIVATIVO, AERONAVE PUBLICA, EXCESSO, FATURAMENTO, RODOVIA.

O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de responder à Senadora, queria fazer três observações.

A primeira é que tenho quatro filhos, e é em nome deles que estou lutando para melhorar as condições de vida e o respeito à legislação em Roraima.

A segunda é que, efetivamente, o Sr. Neudo Campos era um desconhecido. A Senadora esqueceu-se de dizer que a máquina do Governo foi que o elegeu.

A terceira é que, se S. Exª não era político, e era uma pessoa muito afável, é importante lembrar o ditado que diz que "o poder modifica as pessoas". Hoje, o Sr. Neudo Campos é um pequeno ditador em Roraima.

Eu não vou abrir mão das minhas prerrogativas de Senador. O Senador Ernandes Amorim, de Rondônia, e o Senador Flaviano Melo, do Acre, também falaram neste plenário sobre os absurdos que estão ocorrendo em Roraima - e, ao que me parece, também na Amazônia -, por causa da falta de respeito de alguns governantes que acham que, por exercerem um mandato popular de governador, podem arvorar-se no direito de comandar pessoas, de ameaçá-las e de querer mudar a lei ao seu bel-prazer.

Sr. Presidente, fiz uma denúncia sobre uma matéria que havia saído ontem no jornal, e disse, aqui, que Deputados e políticos de oposição estavam sendo pressionados. Ora, a Senadora traz, hoje, o recorte de um jornal governista, onde o Deputado Lúcio Távora é levado e instado a desmentir. Digo que esse recorte de jornal corrobora as minhas palavras no sentido de demonstrar que, efetivamente, o Parlamentar deve ter sido pressionado pelo Governador a se desdizer, porque está muito claro na primeira página do jornal:

      "A posição da bancada governista na Assembléia Legislativa de barrar a aprovação de vários requerimentos do Deputado Iradilson Sampaio, do PFL, com pedido de informações ao Governo do Estado, gerou ontem uma série de denúncias feitas por Hélder Grossi, PMDB, e Lúcio Távora, PMDB, partidários do pleito de Iradilson.

      O principal alvo das denúncias foi a frota de aviões. Távora afirmou que um avião do governo foi usado para levar remédios a um cavalo no interior. O mesmo parlamentar garantiu que o learjet, comprado para servir como UTI, é empregado no transporte dos filhos do Governador entre Manaus e Boa Vista.

      Hélder Grossi também usou o microfone para denunciar que, apesar de ter sido licitada e paga, nenhuma reforma no Hospital-Geral foi feita pelo governo".

Aqui estão denúncias graves feitas não só sobre a questão do avião, mas também a respeito do pagamento de uma reforma do hospital, que não ocorreu. São Deputados do PMDB que estão dizendo isso.

Todavia, se ontem o Governador pressionou os Deputados para mudarem de posição, vamos solicitar a transcrição dessas falas na Assembléia Legislativa para que essa questão fique clara.

Quero dizer à Senadora Marluce Pinto que não vim aqui para falar da administração do ex-Governador Ottomar Pinto, mas vou fazê-lo no futuro, em um horário de 50 minutos, após a Ordem do Dia, porque há muito a ser esclarecido. Quero falar sobre o assassinato do advogado Paulo Coelho, Conselheiro Federal da OAB, morto depois do resultado da eleição de 1992, que elegeu Teresa Jucá Prefeita de Boa Vista; quero falar de muitos temas. Vou falar baseando-me em documentos, fazendo denúncias graves como as que estou fazendo hoje, sobre superfaturamentos e sobre o envolvimento do Presidente da Assembléia Legislativa de Roraima, Deputado Almir Sá, como empreiteiro, em obras do governo.

Não sou irresponsável, não vou tapar o sol com a peneira e não vou aceitar, inclusive, intimidações ou perseguições. Querem perseguir a Prefeita? Persigam. Nós vamos para a Justiça. Vamos lavar a roupa da política de Roraima aqui, na Justiça, na imprensa e em qualquer fórum deste País, porque não temos o que temer.

Como já disse, fui oposição e sou oposição em Roraima há sete anos. Enfrentei o Sr. Rubens Vilar, Governador da época do Collor, o Sr. Ottomar Pinto, Governador, e estou enfrentando o Sr. Neudo Campos. Nada temo. O meu passado é aberto e está aí para quem quiser. Vamos discutir e não vou abrir mão de fazer as denúncias que eu tiver que fazer, de compra de veículos roubados, de assassinatos, como o assassinato de um jornalista no passado que ainda não foi esclarecido; enfim, de questões importantes para passar a limpo a política de Roraima.

Não vou me intimidar. O Governador é metido a ser nervoso, a ser bravo. Não sou bravo, mas também não tenho medo de ninguém. Vou denunciar o Governador, vou trazer os documentos. Estou levando as denúncias ao Ministério Público, à Justiça e quero dizer que estou também entrando na Justiça porque o Governador do Estado, que não quer prestar informação alguma - diferente do que a Senadora disse -, recebeu há mais de um mês vários requerimentos meus solicitando informação sobre a aplicação de recursos e fez ouvido de mercador.

Há grave corrupção no Governo, há desvios de recursos do SUS, há superfaturamento de estradas com máquinas do Governo, há envolvimento de empreiteiros que financiaram a campanha do Governador e que hoje estão comandando a política de obras do Estado, tudo isso será dito aqui e quem quiser contraditar poderá fazê-lo, porque trarei documentos.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/1996 - Página 4808