Discurso no Senado Federal

ANIVERSARIO DOS 25 ANOS DA CIDADE DE CEILANDIA (DF), RESSALTANDO O CRESCIMENTO POPULACIONAL E A AUSENCIA DE ATIVIDADE ECONOMICA NAQUELA SATELITE.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • ANIVERSARIO DOS 25 ANOS DA CIDADE DE CEILANDIA (DF), RESSALTANDO O CRESCIMENTO POPULACIONAL E A AUSENCIA DE ATIVIDADE ECONOMICA NAQUELA SATELITE.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/1996 - Página 5011
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CIDADE SATELITE, DISTRITO FEDERAL (DF).
  • NECESSIDADE, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ENTORNO, CAPITAL FEDERAL.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabo de ouvir o pronunciamento importantíssimo do Senador Iris Rezende, que clama por um desenvolvimento regional mais equilibrado, menos desigual.

Hoje, 27 de março, é aniversário de Ceilândia, a maior cidade-satélite do Distrito Federal, que já tem mais 400 mil habitantes.

A história de Ceilândia é muito interessante. Na verdade, o nome Ceilândia vem da sigla CEI - Comissão de Erradicação de Invasões. Essa foi talvez a primeira grande experiência brasileira no sentido de tirar pessoas que viviam, indignamente, em favelas e colocá-las numa cidade planejada, para viverem com mais dignidade. Nos anos 70, nasceu Ceilândia com a população inicial de 80 mil habitantes. A cidade tem muito o que comemorar nos seus 25 anos de idade: o seu grande crescimento populacional, o seu relativo crescimento econômico, a busca de certa independência da Capital da República. No entanto, Ceilândia também tem inúmeros problemas. Além do crescimento populacional extremamente grande, Ceilândia não tem ainda atividade econômica própria, que gere empregos e proporcione a qualidade de vida que aquelas famílias que a formaram nos anos 70 merecem. Ceilândia é constituída principalmente por pioneiros. Pioneiros que vieram das mais diversas regiões do País para construir Brasília. Pioneiros que acreditaram no sonho de Juscelino de interiorizar o desenvolvimento nacional.

É importante lembrar ao País e a Brasília que os carpinteiros, os serventes e todos esses brasileiros que construíram o Congresso Nacional, que construíram os belos palácios da Capital, que construíram os ministérios, que construíram as residências de Deputados e Senadores, que construíram as embaixadas, enfim, que todos esses brasileiros humildes e corajosos, que construíram a mais bela capital contemporânea, vivem em Ceilândia. A qualidade de vida de muitos deles está muito aquém da que merecem, inclusive, por terem ajudado a mudar o mapa demográfico brasileiro e a fazer com que a nossa geração partisse para a conquista do nosso próprio território.

Ceilândia é o exemplo vivo do discurso do Senador Iris Rezende, que acabamos de ouvir. Se não tivermos uma política de desenvolvimento regional mais equilibrada, que incentive as vocações econômicas próprias de cada uma dessas microrregiões, cidades como Ceilândia vão seguir o exemplo das baixadas fluminenses das grandes megalópoles brasileiras. É preciso, para preservar o Plano Piloto na sua concepção de capital, para que Brasília cumpra a sua missão de indutora do desenvolvimento econômico no Centro-Oeste brasileiro; que essas cidades que já existem hoje tenham incentivos, tenham possibilidade de crescimento econômico e de geração de empregos, tenham uma política de desenvolvimento econômico que gere a possibilidade de que o Centro-Oeste brasileiro se desenvolva com justiça social.

Ao registrar desta tribuna os 25 anos de Ceilândia, desejo abraçar cada um dos ceilandenses, cada uma daquelas famílias que vivem em Ceilândia e cumprimentá-las com respeito, porque sei da importância de Ceilândia na construção de Brasília.

Desejo fazer deste aniversário uma lembrança ao País de que temos que trabalhar por um modelo de desenvolvimento econômico mais equilibrado, que faça com que indústrias de bens de consumo, que pequenas e médias empresas possam estabelecer-se nas cidades satélites e na região do entorno do Distrito Federal, para que, aí sim, Brasília cumpra, de um lado, sua missão de cidade-capital, e, de outro, induza efetivamente o desenvolvimento econômico do Centro-Oeste brasileiro. O Centro-Oeste que tem solo fértil, água abundante, baixíssima densidade demográfica, estradas prontas e alta produtividade agrícola, depois que a Embrapa dominou a tecnologia do Cerrado, ainda não tem os incentivos de uma política de desenvolvimento desconcentradora.

Sabem V. Exªs que, sem este vetor de desconcentração do desenvolvimento, as cidades do Centro-Oeste brasileiro transformam-se, cada vez mais, em cidades-dormitórios, sem uma vocação econômica definida e sem possibilidades de induzir um desenvolvimento econômico mais equilibrado.

O melhor presente que se pode dar a uma cidade como Ceilândia, que completa 25 anos de idade, é o Senado Federal discutir, como está fazendo na tarde de hoje, propostas concretas de desenvolvimento regional. O Senado da República é o símbolo maior do princípio federativo. Não é possível que este País volte a ter um modelo de desenvolvimento tão concentrador e injusto quanto foi o dos anos 70.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/1996 - Página 5011