Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM POSTUMA AO JORNALISTA CARMO BERNARDES.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM POSTUMA AO JORNALISTA CARMO BERNARDES.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/1996 - Página 7170
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARMO BERNARDES, JORNALISTA, ESTADO DE GOIAS (GO).

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o ambiente literário do meu Estado, Goiás, está de luto neste dia 25 de abril. Faleceu hoje em Goiânia, aos 80 anos, o jornalista, contista e escritor regionalista Carmo Bernardes, uma das mais autênticas expressões da cultura do Centro-Oeste. Intelectual de fortes vínculos telúricos com as suas andanças e com as culturas regionais, ele deixa uma obra de vulto que fala a linguagem simples e autêntica do homem do Cerrado, criando um estilo próprio que é festejado pela crítica e pelos estudiosos de sua geração.

Desde a juventude até a maturidade avançada, Carmo Bernardes nunca deixou de ser o pesquisador andarilho de vocação romântica, e foi sempre um modelo de contemporaneidade. Seu jeito de ser, de falar e de escrever foi sempre atual. Eu diria mesmo que Carmo Bernardes foi um Guimarães Rosa que se esticou na geografia, avançando na direção de Goiás. Para as letras goianas, seu vulto está no mesmo patamar de Cora Coralina e de Bernardo Ellis, e é essa dimensão de importância que ele vai deixar para os que o leram e o conheceram.

Mineiro de Patos de Minas, ele foi ainda criança para Goiânia e lá instalou a beleza de seu pensamento numa obra que corresponde a 16 publicações. Assessor de Mauro Borges em 1964, teve de refugiar-se na Ilha de Bananal, quando a intolerância política incluiu seu nome entre os perseguidos do regime instaurado em 1964. De lá ele voltou com Viramundo, a primeira coletânea de seus contos regionais.

Outras obras se seguiram com o mesmo rigor de sua capacidade de observação. Não era um ficcionista na vida, nem na criação literária. Acompanhava atento o fato político e era uma espécie de referencial para os Deputados da Assembléia Legislativa, onde exercia o cargo de assessor de imprensa. Suas letras ganharam projeção nacional quando seu livro Idas e Vindas foi publicado pelo Pasquim, nos anos em que esse jornal alternativo abria espaços para a produção intelectual não comprometida com os detentores do poder.

Deixo, aqui, no meu nome, no nome dos Srs. Senadores, meus colegas Iris Rezende e Onofre Quinan, aos meus amigos, aos familiares e a toda a sociedade goiana, minha palavra de sentimento pela perda de um dos homens mais ilustres do meu Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/1996 - Página 7170