Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM PELOS 36 ANOS DE BRASILIA E DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM PELOS 36 ANOS DE BRASILIA E DO JORNAL CORREIO BRAZILIENSE.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/1996 - Página 6729
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL FEDERAL, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF).

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney; Srª Governadora do Distrito Federal em exercício, Drª Arlete Sampaio; Sr. Presidente dos Diários Associados e do Correio Braziliense, Dr. Paulo Cabral; Srs. Senadores Bernardo Cabral, Antonio Carlos Valadares, Ronaldo Cunha Lima, Arlindo Porto, João Calmon, Senador Valmir Campelo, um dos autores da proposição desta sessão solene, demais autoridades do Governo do Distrito Federal, Srs. Diretores do jornal Correio Braziliense aqui presentes, Srs. familiares do Dr. Paulo Cabral que aqui nos honram com sua presença e a quem cumprimento, citando o nome de D. Maria Coele, senhoras e senhores:

Estamos comemorando o 36º aniversário de Brasília e o 36º aniversário do Correio Braziliense.

Muito se tem falado, ao longo dessas três décadas, sobre a importância de Brasília no cenário nacional. Cientistas políticos, estudiosos, lideranças as mais expressivas da sociedade brasileira, nessas últimas décadas, têm-se revezado para mostrar a importância de Brasília no plano econômico, porque interiorizou o desenvolvimento nacional; no plano cultural, porque propiciou a miscigenação de raças e de pessoas de diferentes regiões do País, numa proporção nunca vista antes no território nacional; no cenário político, porque aproximou regiões e é ponto importante na diminuição das desigualdades regionais; sob o aspecto social, porque, afinal de contas, foi Brasília que mudou o mapa econômico e demográfico brasileiro, que, nos primeiros 450 anos, era litorâneo.

Enfim, todos têm estudado Brasília nos últimos anos, e há uma grande maioria nacional que entende que não fosse a ousadia, a coragem de uma geração que, nos anos 50, apesar de todas as dificuldades, conseguiu construir no Planalto Central, no prazo recorde de 40 meses, a nova Capital do País, muito provavelmente o Brasil de hoje seria um País ainda litorâneo, de economia não-industrializada, enfim, um País que não teria tido a coragem de conquistar e de dominar seu próprio território.

Mas, nesta sessão solene, não desejo, Sr. Presidente - até porque outros o fizeram com maior brilho -, falar sobre esses aspectos políticos, econômicos e sociais da construção de Brasília. Desejo fazer apenas duas reflexões: uma sobre o aspecto humano envolvido na construção desta cidade; e outra sobre tentarmos imaginar o que seria o Brasil se não existisse Brasília.

Sobre a importância de Brasília quanto ao aspecto humano. Ao chegar a este plenário, confesso a todos os presentes que sinto forte emoção não só porque encontro aqui pioneiros da primeira hora, pessoas como Ernesto Silva, que pertenceu à primeira Diretoria da Novacap, junto com Israel Pinheiro, Íris Memberg e Bernardo Sayão, e que está aqui entre nós; pessoas como João Calmon e Ary Cunha, que desde a primeira hora ajudaram a construir o Correio Braziliense e a TV Brasília, mas também porque encontrei neste auditório uma dessas raras pessoas que conseguem passar em vida para a História.

A pessoa que está aqui era ainda menino quando Juscelino Kubitschek, em campanha, foi fazer um comício em Jataí. Relata-nos o ex-Presidente, em seu livro de memórias, que foi preciso transferir o comício, que seria em praça pública, para uma grande oficina de automóveis que existia na cidade, porque chovia torrencialmente. O então candidato Juscelino subiu na carroceria de uma caminhonete ou de um pequeno caminhão e fez um eloqüente discurso à sociedade de Jataí que se reunia naquele galpão transformado em praça. Quando ele disse, enfaticamente, naquele que seria o comício de lançamento de sua campanha, que, se eleito Presidente, cumpriria integralmente a Constituição, eis que um rapaz no meio do povo levanta o dedo e ousa fazer a seguinte pergunta: "Sr. Juscelino, o senhor disse que se for eleito Presidente irá cumprir a Constituição. Está na Constituição que a Capital do País deve ser transferida para o Planalto Central. Quero saber se o senhor vai cumprir também esse ponto".

Relata o Presidente, em seu livro de memórias - está aqui o Sr. Afonso Eliodoro, que mais do que ninguém conviveu com o Presidente durante mais de 40 anos -, que suas pernas chegaram a ficar bambas, mas que, após refletir, respondeu: "Se eleito Presidente, vou transferir a Capital para o Centro-Oeste e construirei Brasília".

Naquele momento, naquela pergunta, estava lançada a base do que seria o grande movimento brasileiro na conquista de seu território. Está aqui também o Toniquinho, que foi quem fez a pergunta e que merece o nosso aplauso por esse gesto. (Palmas)

Essa é a dimensão humana de Brasília, e, por isso, neste aniversário, não desejo falar sobre aspectos econômicos, políticos e sociais. Desejo lembrar, ao contrário, episódios de caráter humano que marcam a trajetória desta cidade. Por exemplo, a da sessão do Congresso Nacional que iria aprovar a criação da Novacap, portanto, a criação de Brasília; sessão do Congresso Nacional, diga-se de passagem, que contou com a presença e com o voto favorável do então Deputado José Sarney, um dos três únicos representantes da UDN que, à época, eram favoráveis à construção de Brasília.

Naquele momento crucial, numa disputa apertadíssima - a criação da Novacap foi aprovada com uma diferença de dois ou três votos apenas -, o Deputado Carlos Murilo liga para o Palácio do Catete para falar com o Presidente Juscelino, a fim de tentar um acordo de última hora que propiciasse a criação da Novacap. O ajudante-de-ordens atende e diz: "Deputado, vai ser impossível falar com o Presidente". O Presidente tinha tido um mal-estar alguns dias atrás, um entupimento de coronária, enfim, e o médico havia exigido que ele repousasse todos os dias, após o almoço. O ajudante-de-ordens reiterou: "Não vou chamar o Presidente". O Deputado Carlos Murilo, apavorado, porque chegava a hora da votação, ainda apelava: "Pelo amor de Deus, me chama o Presidente! Se não conseguir falar com ele não conseguirei aprovar o projeto, e será o fim, porque não se poderá votá-lo nesta legislatura". O ajudante-de-ordens não quis acordar o Presidente mesmo assim. Foi então que o Carlos Murilo tapou o telefone e disse: "Já foi chamar". Daí a pouco, ele disse: "Presidente, estou com os Deputados e Senadores". O ajudante-de-ordens dizia: "Está ficando louco, Carlos Murilo? Não vou chamar o Presidente". Ele continuava: "Não tem problema, Presidente, estou querendo saber do senhor se posso fechar o acordo". O ajudante-de-ordens estava maluco do outro lado da linha. E finalizou o Deputado: "Então, está fechado, Presidente. Um abraço". Desligou o telefone e foi aprovada a lei da criação da Novacap.

São episódios como esse que quero comentar, episódios como as visitas do Presidente nas madrugadas de Brasília. Contam os livros de história desta cidade que o Presidente, muitas vezes, saía do Rio de Janeiro às dez horas da noite, chegava a uma hora da madrugada em Brasília - o vôo Brasília/Rio durava três horas -, descia no campo de pouso que existia ao lado do Catetinho e ficava até as quatro horas da manhã visitando obras, quando então tomava o avião de volta e chegava ao Rio de Janeiro a tempo de despachar no Palácio do Catete.

E contam-se alguns episódios fantásticos dessas visitas que o Presidente fazia às obras, de madrugada. Um deles: ao visitar a construção do Palácio da Alvorada, encontra ele um cidadão muito forte, com uma picareta, quebrando pedras que serviriam de alicerce ao Palácio e pergunta ao cidadão - chovia muito: "Como é, está indo tudo bem?" E o trabalhador, aumentando a velocidade da marreta, diz: "Está tudo bem, Presidente, vamos cumprir o prazo e inaugurar Brasília".

Essa é dimensão humana do mais humilde cidadão e do mais humilde operário, que se sentia participante do projeto, como um todo, da construção de Brasília.

Há ainda aquele outro episódio que nos narra Juscelino: ao chegar, em visita, à obra da Catedral, ele pergunta a um primeiro operário: "E aí, meu filho, o que você está fazendo?" E vem a resposta: "Presidente, estou fazendo a massa que os pedreiros vão usar na construção das paredes da Catedral". E ele indaga a um segundo operário, um carpinteiro: "E você, o que está fazendo?" E ouve: "Sou o encarregado de fazer os andaimes para se colocar os vitrais, a estrutura lá em cima". E o Presidente: "Está bem." E aí ele pergunta a um terceiro: "E aí, meu filho, o que você está fazendo?" E esse operário se vira, perplexo, vê-se diante do Presidente e diz: "Presidente, estou construindo a Catedral!"

Era essa visão de conjunto que tinha cada um daqueles pioneiros - muitos dos quais estão aqui presentes - que ajudaram a epopéia da construção desta cidade.

Junto com ela nascia também o Correio Braziliense, numa atitude visionária de Assis Chateaubriand, como nos conta o Dr. Paulo Cabral. Assis Chateaubriand era Embaixador do Brasil em Londres e, numa recepção na Embaixada, ele chama o Dr. Edilson Cid Varela, um dos pioneiros do Correio em Brasília, e diz: "Edilson, está vendo aquela senhora? Você vai convidá-la para ser a madrinha da TV Brasília" . E o Edilson, perplexo, responde: "Mas não existe TV Brasília!" E Chateaubriand: "Mas vai existir e ela vai transmitir a inauguração da cidade". Edilson Cid Varela, mais perplexo ainda, diz: "Mas Embaixador, não dá tempo!" E ele: "É claro que dá! E você vai convidar essa senhora para ser madrinha". Sem entender muito, Edilson vai até aquela senhora e a convida para ser madrinha da TV Brasília. Mais tarde, fica-se sabendo que ele havia convidado a Srª Sheila Parker para madrinha da TV Brasília. Ela era a esposa do maior banqueiro inglês, que, afinal de contas, criou as condições para que a TV pudesse ser instalada e realmente transmitisse a inauguração de Brasília.

Há vários episódios históricos que marcam a dimensão humana da construção desta cidade.

Estão entre nós, hoje, o Dr. Paulo Cabral, a Drª Arlete, o Presidente José Sarney. Está aqui entre nós, por exemplo, o engenheiro Paulo Mello, Ex-Prefeito de Caxambu, engenheiro eletricista, cidadão que veio para cá trazido por Juscelino, para que Brasília tivesse energia elétrica. E descobriu-se que era absolutamente impossível construir a usina do Paranoá - que só ficou pronta em 62 - ou qualquer outra coisa que pudesse fornecer energia elétrica rapidamente a Brasília.

Paulo Mello teve a idéia de ir a Goiânia e pedir emprestado à CELG um transformador que pudesse ser instalado aqui, que recebesse uma pequena linha, vinda de Goiânia, para que Brasília pudesse, pelo menos, ter energia elétrica no dia da inauguração. Colocaram o transformador na carroceria de uma carreta, que veio para Brasília quando faltavam poucos dias para a inauguração. Esqueceram-se, porém, os responsáveis, que a ponte que dava acesso a Brasília era de madeira e não suportaria o peso da carreta - como não suportou, e o transformador caiu no rio, obviamente não chegando a Brasília a tempo de ser ligado. Foi feita, então, uma conexão de vários geradores para que Brasília tivesse energia no dia da inauguração.

Aconteceu, então, o inusitado: na véspera da inauguração, alguns jornalistas internacionais se reuniram com Israel Pinheiro querendo dados precisos, como quantos postes, quantas luminárias, quantos quilômetros de rede havia na nova Capital. Israel Pinheiro ligou para Paulo Mello, no antigo Departamento de Força e Luz - DFL, e contam algumas pessoas que participaram daquele evento que Paulo Mello afastou-se na cadeira, colocou os pés em cima da mesa e falou: "Podem anotar. São 3.522 postes de baixa tensão; 6.780 de alta tensão; fizemos 12.523 quilômetros de rede. Depois que ele ditou todos os números, os engenheiros, estupefatos, perguntaram: "Dr. Paulo, o senhor sabe tudo de cabeça?" E ele respondeu: "Eu não. E nem eles."

E foi do próprio Paulo Mello o episódio mais interessante que acabou marcando a construção de Brasília. Haviam acertado que toda a luz da cidade seria desligada na hora da inauguração, para que Brasília ficasse iluminada por uma grande chuva de fogos de artifício. Procuraram, então, Paulo Mello para que ele desligasse a luz, e ele disse: "Eu não faço isso, porque desligar é fácil, mas, depois, será impossível religar. O sistema é muito precário, não dá para fazer o exercício de desligar e ligar". Ficaram todos muito chateados, mas ninguém teve coragem de contar para o Presidente Juscelino Kubitscheck que a luz da cidade não seria desligada para a chuva de fogos. Logo que a cidade escureceu e ia começar o espetáculo com os fogos de artifício, eis que a luz se apaga, conforme o cerimonial havia desejado. Há uma grande chuva de fogos e, meia hora depois, a luz se acende. Foram cumprimentar o Paulo Mello por isso e ele disse: "Mas ninguém fez nada! Foi um blecaute mesmo que aconteceu na cidade. A luz caiu sozinha".

São coisas da escala humana e episódios que marcam a construção de Brasília. Foram fatos como esse que fizeram com que um antigo cronista da imprensa brasileira, Jacinto de Thormes, fizesse uma crônica fantástica, um dia antes da inauguração da cidade, dizendo que ele viria à inauguração e não tinha inveja daqueles brasileiros que ficariam dormindo ou que ficariam nas suas casas, as casas das desesperanças; que ele viria à inauguração de Brasília e, na hora da inauguração, ele, experimentado jornalista, tinha certeza de que iria chorar, e aquelas lágrimas - que ele estava certo de que iria derramar, de emoção, por uma geração de brasileiros ter conseguido interiorizar o desenvolvimento nacional e construir Brasília - ele dedicava ao futuro dos seus filhos e ao futuro das gerações brasileiras que, a partir de Brasília, teriam um novo pólo de desenvolvimento e a abertura de um novo tempo no País.

É essa escala humana, Sr. Presidente José Sarney, Srª Governadora Arlete Sampaio, Dr. Paulo Cabral, que nós queremos marcar nesta sessão solene. É o pioneirismo do Correio Braziliense, que, para que ninguém duvide, informo que rodou no dia 21 de abril de 1960, e cuja primeira página está aqui. E, mais do que o pioneirismo, é a coragem que ainda hoje vive nesta Cidade.

Poucas pessoas, aos 36 anos de idade, têm coragem de mudar totalmente as suas vidas. Poucas pessoas, aos 36 anos de idade, principalmente se estão estabilizadas na sua profissão e na sua vida pessoal, têm coragem de mudar tudo. Poucas pessoas correm riscos como esse. E não é que o Correio Braziliense, 36 anos depois, e justamente no aniversário de Brasília, nos brinda com um ato de coragem e ousadia, mudando totalmente a sua cara, o seu leiaute, e oferecendo a Brasília um novo jornal?

Essa coragem de ousar, Dr. Paulo Cabral, é a principal homenagem que o Correio Braziliense, ainda uma vez, poderia fazer a esta cidade. E é essa reflexão, senhoras e senhores, a reflexão da escala humana, que eu, em primeiro lugar, gostaria de trazer a esta homenagem.

Esta é a minha maneira, Sr. Presidente, de homenagear todos esses pioneiros que estão no Senado Federal, e muitos mais, que aqui não estão; de homenagear todos os pioneiros, brasileiros das mais diversas regiões do País, que, seguindo o sonho de um visionário, tiveram a coragem de se unir em torno de um ideal comum, que era muito maior do que construir uma cidade bonitinha, com cara de capital. Era o ideal de mudar o mapa econômico e demográfico do País, de interiorizar o nosso desenvolvimento, de construir estradas e usinas, e de lançar, aqui no Planalto Central, as bases sólidas para o novo período de desenvolvimento.

Esta é a nossa homenagem a todos os que construíram esta cidade, a todos os que amam esta cidade; esta é a nossa homenagem a Brasília; e esta é a nossa homenagem ao Correio Braziliense, que, ao invés de escrever a sua própria história, confundiu-a com a História da Cidade.

Faço uma segunda reflexão e a dirijo principalmente àqueles céticos que ainda hoje questionam a importância desta Cidade. Reflito com todos os senhores e com os Senadores que não mencionei inicialmente, mas que também estão neste plenário: o que seria do Brasil sem Brasília? Imaginem que em 1960, quando Brasília foi inaugurada, o Brasil tinha 70 milhões de habitantes, dos quais apenas 35 milhões moravam nas cidades - os demais moravam no campo! Hoje, temos 150 milhões de habitantes, sendo que 80 milhões estão nas grandes cidades. Ou seja: o Brasil de hoje, só nas cidades, tem mais habitantes do que toda a população brasileira dos anos 60.

Mais um dado fantástico: o Brasil, em 1960, tinha menos de 1 milhão de automóveis; apenas em 1962 atingimos a marca de 1 milhão. Nos dias de hoje, só a cidade de Brasília tem mais automóveis do que todo o Brasil nos anos 60.

Ora, de 1960 a 1996, o Brasil não só se urbanizou, o Brasil não só cresceu, mas principalmente o Brasil interiorizou-se. É claro, Sr. Presidente, que o grande desafio da nossa geração é, ao olhar a nossa História, ao homenagear os pioneiros que construíram essa cidade, não apenas ter saudades, mas cumprir o grande objetivo daqueles que sonharam e construíram Brasília: transformá-la em um pólo de irradiação de desenvolvimento econômico e social para o interior do Brasil. Brasília só terá significado se efetivamente transformar-se em um símbolo do desenvolvimento regional equilibrado deste País.

Não podemos mais conviver com o modelo de desenvolvimento desigual que acaba privilegiando a concentração da população brasileira nas regiões Sul e Sudeste. Desconcentrar o desenvolvimento, criar condições para que o capital de investimento se desloque do Sul e do Sudeste para o Centro-Oeste, para o Norte e para o Nordeste brasileiro é o grande desafio da nossa geração de brasileiros. É um desafio que passa pela reforma agrária, um desafio que passa pela reforma urbana, um desafio que passa pela coragem de modificar os orçamentos e as prioridades de investimento. Dessa forma evitaremos que, em um novo período de desenvolvimento, concentrem-se outra vez riquezas e oportunidades.

Estou certo, Sr. Presidente, de que a presença desses pioneiros, de que a presença viva da História desta cidade haverá de nos ensinar que somente com a união de todas as forças políticas, a união de todos os brasileiros que desejam um novo Brasil, conseguiremos um projeto de país desenvolvido, sobretudo mais justo e menos desigual.

A presença dos pioneiros haverá de nos ensinar que o nosso grande desafio, até para que saibamos honrar os que nos antecederam, é construir, a partir de agora, um novo período de desenvolvimento nacional, cujo marco na História deste País é a construção de Brasília.

A Brasília e ao Correio Braziliense, os nossos cumprimentos.

Muito obrigado. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/1996 - Página 6729