Discurso no Senado Federal

ENCAMINHANDO A MESA REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES AO MINISTERIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES SOBRE DENUNCIAS DO DIPLOMATA JOAQUIM DE ALMEIDA SERRA, SOBRE A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDIGENAS, NOTADAMENTE A YANOMAMI.

Autor
Epitácio Cafeteira (PPB - Partido Progressista Brasileiro/MA)
Nome completo: Epitácio Cafeteira Afonso Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ITAMARATI (MRE), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.:
  • ENCAMINHANDO A MESA REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES AO MINISTERIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES SOBRE DENUNCIAS DO DIPLOMATA JOAQUIM DE ALMEIDA SERRA, SOBRE A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDIGENAS, NOTADAMENTE A YANOMAMI.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/1996 - Página 7694
Assunto
Outros > ITAMARATI (MRE), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.
Indexação
  • ENCAMINHAMENTO, MESA DIRETORA, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, AUTORIA, ORADOR, ENDEREÇAMENTO, ITAMARATI (MRE), SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, JOAQUIM DE ALMEIDA SERRA, DIPLOMATA, ASSUNTO, DEMARCAÇÃO, TERRAS INDIGENAS, CONDICIONAMENTO, TERRITORIO, PROTEÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

O SR. EPITACIO CAFETEIRA (PPB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V. Exª sabe que tem sido assunto muito polêmico a demarcação das terras indígenas. E agora é aberto um prazo para contestação; na realidade, esse assunto tem sido muito debatido neste Senado.

Sr. Presidente, tenho em mãos a Revista do Clube Militar, que reproduz artigo publicado no jornal Tribuna da Imprensa. E o meu requerimento de informações diz o seguinte:

      Na Tribuna da Imprensa, de 12 de outubro de 1995, o Diplomata Joaquim de Almeida Serra publicou artigo, reproduzido com destaque pela Revista do Clube Militar de novembro/dezembro de 1995, sob o título "Apelo ao Ministro do Exército", criticando severamente a demarcação das terras indígenas, notadamente a Yanomami, por ele considerada como "crime de lesa-pátria".

      Dizendo ter mais de 50 anos de serviço público, "dos quais 35 no Itamaraty", onde desempenhou todas as funções diplomáticas, o autor, entre outros argumentos, afirma - e afirma categoricamente:

      "Como se sabe, o grande jurista Clóvis Ramalhete, pouco antes de morrer, advertiu o Governo brasileiro de que a ONU resolveu, na reunião de Bruxelas, que as reservas indígenas brasileiras serão independentes, a partir de 1996. Se até 31 de dezembro de 1995 não tornarmos juridicamente anuladas as demarcações das reservas, elas serão declaradas independentes e, pouco depois, territórios sob a proteção dos Estados Unidos da América. Logo após, colônias norte-americanas."

      O fato de a denúncia ser subscrita por um diplomata de carreira de extenso currículo na Casa de Rio Branco aumenta-lhe a gravidade, pelo que, requeiro nos termos do art. 50, § 2º, da Constituição Federal, combinado com o art. 216 do Regimento Interno, que se digne o Exmº Sr. Ministro das Relações Exteriores a informar:

      a) qual a "reunião de Bruxelas" da ONU a que se referiu o respeitado jurista Clóvis Ramalhete, citado pelo Diplomata Joaquim de Almeida Serra;

      b) qual o texto da referida resolução;

      c) qual terá sido o voto do representante brasileiro nessa alegada resolução da ONU;

      d) se o Itamaraty, no caso de ser a denúncia concreta e confirmada, tomou alguma providência no sentido recomendado pelo Embaixador Joaquim de Almeida Serra, para evitar que as terras indígenas - não apenas a Yanomami - já demarcadas, possam ser tornadas independentes, constituindo-se em nações;

      e) finalmente, se na Comissão de Direitos Humanos e na Subcomissão de Minorias da ONU tramita alguma proposta para tornar as terras indígenas independentes.

      Sala das Sessões, em 08 de maio de 1996.

Esse é o pedido de informações que encaminho à Mesa, para que se possa aferir se é verdade ou não tão grave denúncia publicada na Revista do Clube do Exército.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/1996 - Página 7694