Discurso no Senado Federal

SOLIDARIZANDO-SE COM AS POPULAÇÕES DOS MUNICIPIOS DO BAIXO AMAZONAS, DEVIDO AS PRECARIAS CONDIÇÕES DE VIDA ALI REINANTES. INUNDAÇÃO DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • SOLIDARIZANDO-SE COM AS POPULAÇÕES DOS MUNICIPIOS DO BAIXO AMAZONAS, DEVIDO AS PRECARIAS CONDIÇÕES DE VIDA ALI REINANTES. INUNDAÇÃO DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/1996 - Página 8477
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, ALENQUER (PA), OBIDOS (PA), TERRA SANTA (PA), ORIXIMINA (PA), ESTADO DO PARA (PA), FALTA, ENERGIA ELETRICA, INUNDAÇÃO, REGIÃO.
  • SOLICITAÇÃO, ALMIR GABRIEL, GOVERNADOR, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, URGENCIA, MUNICIPIOS, ESTADO DO PARA (PA).

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero apenas trazer ao Senado Federal a indignação, a revolta do povo de uma região do meu Estado.

Estive, neste último final de semana, no sábado e no domingo, visitando alguns municípios do Baixo Amazonas: Alenquer, Óbidos, Terra Santa e Oriximiná. São municípios históricos do meu Estado. Em todos eles fiz reuniões com a comunidade, em que estavam presentes Vereadores, lideranças sindicais, lideranças empresariais, enfim, a população de uma maneira geral. Essas reuniões duraram de três a cinco horas cada uma.

Nessas oportunidades, pude ouvir daquelas pessoas ali reunidas palavras de sentimento, de extrema revolta e indignação diante da situação em que se encontram.

O principal problema desses municípios é a falta de energia. Todos esses municípios funcionam com usinas termoelétricas, usinas a diesel. Os seus motores estão totalmente destruídos, sucateados e a energia que está sendo gerada não dá para atender a 20% de suas necessidades.

As pessoas se queixam do sofrimento. Esta é uma época de calor intenso na região e as pessoas não conseguem dormir direito, acordam cansadas, revoltadas. E, pior de tudo: sem água em suas casas para tomar banho. Todos esses municípios ficam à margem dos maiores rios do mundo: Amazonas e Trombetas. É evidente que sem a energia não há como captar água para ser distribuída às residências. Imaginem o que é a pessoa passar uma noite inteira de sofrimento, com insetos e um calor insuportável e, ao amanhecer, não ter água em sua casa para tomar banho.

Na região há, inclusive, um acelerado processo de aparecimento de doenças, como doenças de pele. Enfim, há um sofrimento generalizado nesses municípios.

Quero salientar que nunca, em nenhuma outra época, eles passaram pelo que estão passando hoje. Jamais, em momento algum, em qualquer governo anterior ao nosso, a energia gerada nesses municípios chegou ao nível atual: às vezes, blecaute total; outras vezes, quatro, cinco horas por dia de energia no município.

Finalmente, desejo falar sobre uma outra questão extremamente grave: a região está sofrendo a maior inundação dos últimos trinta anos. As águas do Amazonas subiram assustadoramente. Em que pese a beleza extraordinária daquela região, a paisagem deslumbrante, a viagem extremamente agradável que se pode fazer a um dos locais mais belos do País, a região do Baixo Amazonas, apesar de tudo isso, há muitas pessoas desabrigadas e sem receberem o socorro da Defesa Civil.

Estive lá e testemunhei essa revolta. Estou tomando providências para mostrar essa realidade ao Governador do Estado e para o Presidente das Centrais Elétricas do Pará.

Antes de viajar para aquela região, encaminhei um ofício indagando as providências que a Celpa estava tomando para tentar resolver esse problema, pois já sabia com antecipação do estado de calamidade pública que atingia esses municípios.

Lamentavelmente, o Presidente da Celpa fez um ofício de dois parágrafos sem informar a programação que estava adotando ou as providências que estava tomando, apenas se queixava da dificuldade de comprar peças para resolver o problemas daqueles motores porque o Tribunal de Contas do Estado estava criando problemas para ele. Em nenhum momento o Presidente da Celpa informou se algum técnico estava se dirigindo para o local, se tais e tais motores seriam recuperados e em que momento. Isso é extremamente lamentável porque mostra, de certa forma, uma falta de responsabilidade desse Presidente que não enxerga as dificuldades por que passam essas pessoas.

Quem deveria estar lá no meio do povo para ouvir o que ouvi durante horas a fio deveria ser o Governador Almir Gabriel ou o Dr. Guido Renno, Presidente da Celpa, e não eu, Senador da República.

Gostaria que o Governador do Estado percebesse a necessidade de deixar seu gabinete em Belém e começasse a andar pelo Estado, a fim de enxergar melhor as dificuldades do povo.

Estou fazendo este alerta para transmitir ao Governador Almir Gabriel a indignação e a revolta da população. Estou também me dirigindo à Defesa Civil do meu Estado, que, até agora, só se fez presente no município de Monte Alegre, quando, na verdade, quase todos os municípios do Baixo Amazonas estão sofrendo com as inundações. Há famílias desabrigadas, famílias passando necessidade, porque neste período, inclusive, torna-se muito mais difícil a pesca. É um período de cheia e muitas pessoas ficam privadas do seu principal meio de sustento.

Quero aqui ser a voz da indignação daquela gente, solidarizar-me com eles pelo seu sofrimento, e dizer que, da nossa parte, estamos alertando as autoridades competentes para que providenciem urgentemente resolver os graves problemas destes municípios - repito: Alenquer, Óbidos, Terra Santa e Oriximiná, os quais tive a alegria e a satisfação de visitar.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/1996 - Página 8477