Discurso no Senado Federal

REFERENCIAS AO PRONUNCIAMENTO DO SR. EPITACIO CAFETEIRA SOBRE AS CONSEQUENCIAS DAS DEMISSÕES NO BANCO DO BRASIL.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • REFERENCIAS AO PRONUNCIAMENTO DO SR. EPITACIO CAFETEIRA SOBRE AS CONSEQUENCIAS DAS DEMISSÕES NO BANCO DO BRASIL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 03/08/1995 - Página 12705
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, REVISÃO, POLITICA, GOVERNO, RELAÇÃO, DEMISSÃO, SERVIDOR, BANCO DO BRASIL, PROCESSO, EXTINÇÃO, ESTADO, PAIS.

O SR. ADEMIR ANDRADE (PSB-PA. Para uma comunicação de Liderança. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Gostaria de registrar um fato extremamente interessante sobre o debate que se faz aqui hoje, nesta tarde, iniciado pelo Senador Epitacio Cafeteira.

Parece-me que todos os políticos, todos os Senadores se associam às colocações do Senador Epitacio Cafeteira porque compreendem, acreditam e gostariam de ver mudada essa situação do Banco do Brasil. Srs. Senadores, nesse ponto eu me pergunto: o que fazemos aqui nesta Casa principalmente quando os Parlamentares do Partido do Governo percebem os seus erros e a sua atuação incorreta e não conseguem modificar sua forma de agir?

V. Exª, nobre Senador Epitacio Cafeteira, tem toda a razão. Os erros havidos no Banco do Brasil, não dos seus funcionários, mas sim da Superintendência, de interferências políticas, determinaram que a instituição não adotasse as regras normais de mercado, fizesse empréstimos absurdos que geraram a inadimplência de hoje e a situação difícil em que ele hoje se encontra.

A Direção do Banco adotou uma política que vem desde à época do Governo Collor: a de liquidar o funcionalismo público e tudo aquilo que pertence ao Estado.

Percebemos que o Banco do Brasil está fechando agências no interior, em regiões de produção agrícola e onde não existe nenhuma outra agência bancária e sua presença, por isso mesmo, é absolutamente fundamental.

Chamo a atenção de V. Exªs para este fato, para que aqueles que estão do lado do Governo, que pertencem aos Partidos que o apóiam, procurem compreender que essas coisas não podem continuar simplesmente sendo aceitas.

Ontem, quando eu retornava do Pará, lendo um jornal no avião, tomei conhecimento de que um desses funcionários, que aceitou essa demissão, entrou em estado de depressão, tentou o suicídio e está internado na UTI de um hospital em Belém entre a vida e a morte. São pessoas que a vida inteira tiveram uma carreira e de repente se vêem numa insegurança total.

Na verdade, a grande culpa, a grande dificuldade do Banco não está no seu quadro de funcionários. Talvez se esteja usando todo esse processo para encolher, cada vez mais, o Banco do Brasil, como estão tentando fazer com o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste, a Caixa Econômica, os bancos estaduais, enfim, com todo o setor que pertence ao Estado.

Muitas vezes falamos muito, mas, de certa forma, aceitamos as imposições do Governo sem uma ação mais concreta para fazê-lo mudar de posição.

Há poucos dias a Vale do Rio Doce, no Pará, tomava a mesma atitude com relação aos seus funcionários, incentivando-os para que se demitissem a fim de terceirizar os serviços na exploração do manganês. O sindicato dos funcionários da Vale do Rio Doce fez uma verdadeira revolução, denunciou o fato à grande imprensa e recorreu aos políticos de todo este País. Fizemos pronunciamentos nesta Casa, os jornais os publicaram, a Vale recuou, e aqueles funcionários continuam trabalhando no setor do manganês no Projeto Carajás.

É importante que nos unamos e trabalhemos para convencer o Governo de sua insensatez e radicalização nas suas ações para liquidar o Estado.

Congratulo-me com V. Exª, mas gostaria que, como homem do Governo, V. Exª bem como os Parlamentares de outros Partidos que falaram em defesa dessas mesmas posições, se juntassem a nós, para que, todos unidos, tomássemos uma atitude mais concreta no sentido de fazer o Governo rever os seus erros e suas contradições.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 03/08/1995 - Página 12705