Pronunciamento de Pedro Simon em 17/08/1995
Discurso no Senado Federal
REFUTANDO AUTORIA DE PALAVRA ATRIBUIDAS A S.EXA. EM DISCURSO PRONUNCIADO NO DIA DE ONTEM, DE QUE O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO TERIA ACABADO.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
- REFUTANDO AUTORIA DE PALAVRA ATRIBUIDAS A S.EXA. EM DISCURSO PRONUNCIADO NO DIA DE ONTEM, DE QUE O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO TERIA ACABADO.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 18/08/1995 - Página 14057
- Assunto
- Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
- Indexação
-
- ESCLARECIMENTOS, INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, POSIÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- APOIO, GOVERNO, CRITICA, DECISÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, BANCO PARTICULAR.
O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tivemos ontem nesta Casa um dia muito sério e de muita responsabilidade.
Como não poderia deixar de ser, fiz o meu pronunciamento. Tenho em mãos os três discursos que proferi: um da tribuna e dois longos apartes, conforme disse V. Exª. Deixei clara a minha posição com respeito à atuação do Senhor Fernando Henrique Cardoso no caso da Bahia: lamentei que, no período de cinco dias, Sua Excelência tenha alterado a sua posição. Disse e repito: ontem foi um dia muito sério.
No entanto, Sr. Presidente, um jornal publicou que eu teria dito que o Governo do Senhor Fernando Henrique acabou, que o Senhor Fernando Henrique Cardoso acabou. Li e reli todos os meus pronunciamentos proferidos ontem e que tenho aqui em mãos. Não sou daqueles que criticam a imprensa. Tenho o maior respeito por ela. Pode até ser que num improviso - realmente, falei muitas vezes, não só aqui, mas também fora do plenário - eu tenha dito essa frase. Se disse, fui infeliz e quero publicamente retirá-la.
Não me passa pela cabeça dizer que o Governo do Senhor Fernando Henrique acabou. Não! Até porque penso que não acabou. Votei no Senhor Fernando Henrique Cardoso, confio no Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso e torço para que o Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso tenha êxito. Volto a dizer: a minha posição é absolutamente favorável ao Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso. No entanto, para mim, ser favorável não significa bater palmas permanentemente. Penso que falando, debatendo, muitas vezes, criticando, estou ajudando o Governo Fernando Henrique Cardoso.
Eu sou assim, Sr. Presidente. Quando fui ministro e governador, gostava mais quando os amigos me apontavam os meus erros do que quando recebia aplausos fáceis, enquanto a minha consciência dizia que algo não estava certo. Portanto, longe de mim dizer tal frase. Pelo contrário, se eu dissesse que o Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso acabou, estaria pregando o golpe. Se Sua Excelência tem ainda três anos e meio de mandato - e devemos torcer para que tenha êxito - e eu disser desta tribuna que o seu governo acabou, então, vamos dar o golpe, porque não há mais nada a fazer. Seria um absurdo, primeiro, porque Sua Excelência tem de exercer o cargo até o último dia do seu mandato; segundo, porque esse é um governo sério; terceiro, porque devemos torcer para que tudo dê certo.
Afirmei muitas vezes desta tribuna e repito: não houve na história do País uma pessoa que estivesse tão preparada para ser Presidente da República como o Senhor Fernando Henrique Cardoso; nunca houve um momento em que o País estivesse tão psicologicamente preparado para dar certo quanto o dia 1º de janeiro deste ano, dia da posse do Senhor Fernando Henrique Cardoso, quando todos os brasileiros torciam para o Brasil dar certo.
Podemos divergir, podemos criticar, podemos dizer que ontem não foi um dia feliz do Senhor Fernando Henrique Cardoso. Na minha opinião, Sua Excelência foi mal assessorado pelo Ministro da Fazenda, que deveria estar aqui, mas estava na Argentina, num momento tão sério como esse, enquanto o Embaixador do Brasil na Argentina estava em Brasília.
Afirmei que a decisão tomada pelo Presidente deveria ser a que Sua Excelência tomou no dia 10. Não deveria voltar atrás e nem alterá-la. Se o seu assessor econômico orientou-o equivocadamente, fez mal. Mas daí a se dizer que sou contrário ao Governo e que estou torcendo para que ele tenha um mau desempenho, pelo amor de Deus!
O Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso conta com o meu apoio, a minha colaboração, a minha solidariedade gratuita. Não ganhei nada nesse Governo, nem pedi nada; torço para que tenha êxito, porque torço para o meu País. Continuo confiando no Governo, porque o Senhor Fernando Henrique Cardoso é um homem de bem, digno, correto, sério, e, enquanto Sua Excelência for assim, terá o meu apoio. Como teve o meu apoio o Sr. Itamar Franco na Presidência, porque era um homem digno, sério, correto, bem intencionado. Errar? Quem não erra? A virtude é não permanecer no erro.
Muito obrigado, Sr. Presidente.