Pronunciamento de Romeu Tuma em 03/07/1995
Discurso no Senado Federal
APOIO AO GOVERNO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E AO PLANO REAL.
- Autor
- Romeu Tuma (S/PARTIDO - Sem Partido/SP)
- Nome completo: Romeu Tuma
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- APOIO AO GOVERNO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E AO PLANO REAL.
- Publicação
- Publicação no DCN2 de 04/07/1995 - Página 11714
- Assunto
- Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
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- ELOGIO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPLANTAÇÃO, PLANO, REAL, CONTROLE, INFLAÇÃO, ESTABILIZAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.
O SR. ROMEU TUMA (-SP. ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ser otimista hoje, se não como uma filosofia de vida, pelo menos como um desafio! Este é o motivo que me trás a esta tribuna, no encerramento de nossos trabalhos nesta Casa - neste primeiro semestre do ano -, com a noção do dever cumprido.
Apesar deste sentimento, que me é extremamente gratificante, e de saber que esta Casa Legislativa está com seu trabalho em dia, tenho sido alvo de atenções as mais diversas onde, seja qual for o assunto, surge uma frase - sempre variando na forma mas não no conteúdo - que a destaca por sua forte conotação negativista: "infelizmente os velhos tempos não voltam mais"!
No fundo, Senhor Presidente, esta frase é fruto de uma enorme manifestação de parcialidade pessoal que tem acometido a muitos, independentemente de condição financeira ou idade, ou até do nível cultural. A ciência e a tecnologia - nos seus sentidos mais amplos - melhoraram e ampliaram a qualidade de vida do ser humano. Isto não pode ser negado. O mundo tem mudado para melhor, apesar dos problemas e desafios com que nos defrontamos hoje; no "ontem" a situação era muito mais grave, mais trágica!
A chamada "memória curta" da sociedade - na verdade uma manifestação de irresponsabilidade social e histórica - consegue "condenar ao esquecimento" acontecimentos fantásticos que não pertencem ao incrível mundo onde pontificiam a ciência e a tecnologia, mas que dizem respeito a algo muito mais importante e valioso: o ser humano, a pessoa.
Estou referindo-me aos desafios que pessoas otimistas, esperançosas, decidiram enfrentar em benefício da humanidade e que conseguiram chegar perto de seus objetivos. Estou falando de pessoas que realizam, que contribuem para um futuro melhor e que não ficam, comodamente, "desejando" a volta dos "bons tempos"! Toda a beleza e grandiosidade da obra humana, como fruto do trabalho de cada um de nós, desde os primeiros resultados das atividades do homo sapiens, resume-se na capacidade do homem em ter edificado uma sociedade complexa cujas aspirações se realizam no futuro graças ao trabalho realizado no presente. É desta visão que surge o mau otimismo. E este otimismo vem sendo alimentado pela minha origem étnica e cultural. Pela minha família, pelo trabalho que sempre realizei com dignidade e respeito ao longo de minha atividade profissional. E, hoje, esse otimismo reforça-se nesta Casa onde realizamos um verdadeiro exercício de brasilidade, consubstanciado no cumprimento democrático de um mandato outorgado pelo voto livre e soberano de cada brasileiro responsável.
O meu otimismo, Senhor Presidente, está assentado no indivíduo. É ele quem realiza, quem constrói. Como é ele quem pode escolher o "nada fazer" ou escolher o caminho da destruição. O resultado que conta é a soma do que cada um de nós é capaz de empreender, como um magno exemplo e que é preciso não ser esquecido. Basta invocar o que um homem como Gorbatchev foi capaz de realizar: não foi um grupo, uma organização - foi um homem! Ele mudou a história política, social, econômica e geográfica contemporânea de uma continente. E pensar, meus nobres colegas, que há apenas pouco mais de 10 anos ele assumia o cargo de secretário geral do Partido Comunista da então União Soviética! Um ano depois, no 26º Congresso de seu Partido, Gorbatchev lança a sua Perestróika, ou "Reconstrução" econômica e sua Glasnost, ou "transparência" política, social e cultural.
O que esse homem fez resultou, há menos de 6 anos, na queda de um monstruoso monumento: o muro de Berlim. E as duas Alemanhas se uniram! Na minha opinião otimista, Senhor Presidente, esse simbolismo poderia representar a união de todos os homens: sempre houve alguém do lado de lá e alguém do lado de cá, com algo separando-os.
O meu otimismo vem sendo alimentado ao constatar que aqui, na Câmara Alta da República, cada um de nós vem cumprindo com seu dever perante seus eleitorados. Hoje, Senhor Presidente, estamos com a pauta do Senado Federal absolutamente em dia.
Felizmente, todo esse meu otimismo tem fundamento. Que o segundo semestre deste ano seja testemunha de muitos outros motivos de otimismo da parte da cada um de nós e, o que é mais significativo, da parte de todos os brasileiros. Felizmente cada um de nós - cada ser humano - tem o tempo que lhe foi destinado para decidir-se pela realização de coisas que o consagre perante sua família, seus amigos, seus companheiros de trabalho, seu país e, principalmente, perante a si mesmo e a Deus. Temos como melhorar cada vez mais o futuro. Felizmente, temos como fazer isso. As decisão é pessoal. Cabe a cada um de nós transformar esse futuro em realidade para todos os brasileiros. O meu otimismo vem sendo alimentado pelas perspectivas dos bons tempos desse futuro.
Aproveito o ensejo para me referir ao significativo passo já dado por este país na busca da sua redenção econômica. Venho falar-lhes sobre o Plano Real.
O Brasil, finalmente, conseguiu encontrar, graças ao competente trabalho liderado pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, o caminho que poria fim ao monstro inflacionário que, aos poucos, nos vinha engolindo a todos, mas, principalmente, aos mais pobres, que não tinham meios de manter aplicado na ciranda financeira o pequeno salário que ganhavam.
Hoje, aquele Ministro da Fazenda é o Presidente da República. Fernando Henrique Cardoso foi eleito pela vontade do povo brasileiro ainda no primeiro turno, o que demonstrou o apoio maciço da população às suas idéias, que não vinham sob a capa de simples promessas, mas sob a aplicação prática de medidas econômicas que, competentemente enfeixadas, procura aniquilar a inflação perniciosa, aumentar os índices de emprego e dinamizar os índices de crescimento econômico em todas as frentes. Proporcionou aos mais necessitados, e isso é o mais importante, a possibilidade de poderem consumir mais alimentos, de alimentarem melhor sua família.
Sabe porém este governo que aquilo que foi feito ainda é muito pouco. Foi apenas o primeiro passo da grande caminhada que devemos empreender com a ajuda de todos, notadamente daqueles que não vivem do lucro fácil e que representam a maioria da sociedade, em detrimento da qual viviam os nababos da inflação, sempre que desejaram ver perpetuado aquele estado de coisas.
Neste ponto, prezados colegas, para dar prosseguimento a essa maratona cívica, entramos nós, o Legislativo, que terá como missão abrir os caminhos, desembaraçar as trilhas, possibilitar que a marcha siga avante no seu ideal. Por isso, a nação clama por reformas na sua Lei Maior, que possam desatravancar o acesso ao pleno desenvolvimento econômico e à riqueza que o país merece. Esta casa deverá examinar, sem perder de vista a vontade popular e o interesse maior do país, as reformas sugeridas pelo Executivo. Vamos legislar, não a favor de interesses mesquinhos ou de corporativismos camuflados sob os mais variados disfarces. Vamos examinar e, se a bem do nosso país, aprovar as reformas que o Presidente Fernando Henrique Cardoso cumpre o dever de nos enviar, para que o Brasil tenha condições de continuar no caminho que lhe garante o real, no caminho de seu destino de grande nação.
Encerrando, Senhor Presidente, devo destacar que não temos o direito de perder tempo com o passado. Temos, isto sim, o dever de empregar, da melhor forma possível, todo o tempo disponível no presente para conseguirmos alicerçar bem um melhor tempo no futuro para cada brasileiro esperançoso. Que não haja mais os de lá e os de cá, com algo nos separando. Se temos motivos para encerrar este semestre com otimismo, que retornemos a esta Casa, no próximo semestre, com muito mais otimismo para enfrentar os desafios que nos esperam.
Só desejo acrescentar um profundo agradecimento a todos, sem distinção, que com paciência e carinho têm me ajudado a cumprir melhor com o meu dever de Senador pelo meu querido Estado de São Paulo. Ao Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney e à Mesa Diretora, pela condução firme e exemplar dos trabalhos desta Casa.
Era o que eu tinha a dizer, Senhor Presidente. Obrigado a Vossa Excelência e aos meus nobres colegas.