A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de, em primeiro lugar, pedir o registro, na íntegra, do pronunciamento referente à comemoração do Dia Mundial das Comunicações.

Em segundo lugar, quero comentar o fato acontecido ontem no meu Estado do Rio de Janeiro, que foi a privatização da Light. O Governo vendeu a Light, ou melhor, deu um presente de R$2 bilhões. E o que me chama a atenção é que dizem que as estatais não valem para o nosso País, que foram colocadas à venda porque não são boas, não rendem, não são bem administradas e que, por conseguinte, tínhamos que privatizá-las. No entanto, passa-se a Light para uma empresa francesa estatal e para grupos americanos, e por um preço tão baixo.

Ora, foi um sucesso, uma euforia geral. Isso quer dizer que a privatização valeu pura e simplesmente como uma questão política. Por isso, eu não poderia deixar de fazer aqui este comentário, como representante do Estado do Rio de Janeiro. Não adianta dizer que a União continua com 39% do capital. Ora, se é uma empresa que dá rendimentos, se é uma boa empresa, que tem servido e já teve a experiência de estar nas mãos de empresas estrangeiras, por que privatizá-la? Para competir com quem? E por quê? Quem é que comprova a qualidade da prestação de serviços dos grupos americanos e dessa empresa francesa?

Ora, eles dizem: os vencedores vão, sem dúvida nenhuma, melhorar os serviços". Eles vão encarecer a prestação de serviços, porque não têm sequer a dimensão social da atribuição da empresa. A Light atendia, como já tive oportunidade de dizer na Tribuna, às comunidades carentes. Trata-se de uma empresa lucrativa. Dizem que vão melhorar a qualidade da prestação de serviços, mas vão aumentar o custo. Dizem que vão reduzir as perdas.

Para concluir, Sr. Presidente, pior do que isso é considerar que as nossas estatais não são sequer de confiança, porque disseram que um dos ganhos por privatizar essa empresa é que acabarão com os "gatos". E o que são os "gatos" senão adulteração dos medidores para reduzir a marcação do consumo, ligações piratas, por exemplo? É um desrespeito à empresa nacional, a quem administrou a Light até agora dizer que há que se privatizar uma empresa que dará lucro porque os compradores têm o maior poder fiscalizador e, por outro lado, são de uma honestidade tal, de uma confiabilidade tal, que vão acabar com os "gatos", porque foram exatamente esses "gatos" que justificaram a sua privatização.

Sr. Presidente, não poderia deixar de fazer esse comunicado, nesta tarde, porque tratou-se de um presente e não de uma venda.