Discurso no Senado Federal

CELEBRAÇÃO DE CONTRATO ENTRE O GOVERNO DO AMAZONAS E A EMPRESA COREANA SAMSUNG PARA INSTALAÇÃO DE NOVA FABRICA DE TUBOS DE IMAGEM, NA ZONA FRANCA DE MANAUS.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • CELEBRAÇÃO DE CONTRATO ENTRE O GOVERNO DO AMAZONAS E A EMPRESA COREANA SAMSUNG PARA INSTALAÇÃO DE NOVA FABRICA DE TUBOS DE IMAGEM, NA ZONA FRANCA DE MANAUS.
Aparteantes
Vilson Kleinübing.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/1996 - Página 9334
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ASSINATURA, CONTRATO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), EMPRESA, PAIS ESTRANGEIRO, COREIA, INSTALAÇÃO, FABRICA, COMPONENTE, APARELHO ELETRODOMESTICO, TELEVISÃO, LOCAL, ZONA FRANCA, CAPITAL DE ESTADO.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho amiúde destacado a luta que travamos, todos nós amazonenses ali nascidos e os que fizeram do Amazonas seu segundo estado, para o fortalecimento da Zona Franca de Manaus. Como bem acentua o economista Ronaldo Bomfim, um dos grandes especialistas na matéria:

      "A Zona Franca de Manaus não é um mero ciclo econômico, como a borracha e outros produtos do setor primário (juta, por exemplo) foram no passado. É um processo que se fortalece dia a dia e se adapta com eficiência às mudanças verificadas na economia. Além disso, inaugurou a fase do desenvolvimento industrial da Amazônia em bases empresarialmente sólidas, com elevada densidade técnica".

Tais considerações são emitidas na seqüência da abordagem que fiz desta tribuna em semanas anteriores quando noticiei à Casa as tratativas que estavam sendo levadas a efeito pelo Governador Amazonino Mendes e a Samsung, a fim de ser instalada uma fábrica de cinescópios em Manaus, uma verdadeira guerra que vinha sendo travada entre o meu Estado e o Estado de São Paulo para a viabilização dessa indústria no Brasil.

Agora já posso fazer a afirmação definitiva: o contrato, nesse sentido, foi assinado no último fim de semana, na Coréia, pelo Governador Amazonino Mendes e pelo Presidente da Samsung/Denizes, Sr. Wook Shon.

Assim, a partir do mês de julho, a Samsung inicia as obras da nova fábrica e, no mês de outubro de 1997, começa a fabricar os primeiros cinescópios em Manaus, dando independência às indústrias de televisores do estado na importação de tubos de imagem. Releva destacar que a nova linha de montagem dessa multinacional coreana representa um investimento de US$400 milhões no Amazonas e a geração de 2,2 mil empregos diretos e mais 2 mil, indiretamente.

O Sr. Vilson Kleinübing - V. Exª permite-me um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL - Ouço V. Exª com muito prazer, Senador Vilson Kleinübing.

O Sr. Vilson Kleinübing - Senador Bernardo Cabral, fico triste por um lado e alegre por outro. Triste porque lutei muito para que a Samsung fosse para Santa Catarina.

O SR. BERNARDO CABRAL - Sei disso.

O Sr. Vilson Kleinübing - Estive com o Governador lá na Coréia, visitando a fábrica - uma excelente fábrica, a maior empresa, praticamente, da Coréia hoje -, porque tínhamos o sonho de levá-la para Santa Catarina, mas realmente é difícil competir com as condições da Zona Franca de Manaus. No entanto, foi bom perder para um estado que merece, enfim, que realmente tem necessidade de ver esta fábrica instalada. Esperamos que ela tenha sucesso e que traga outros componentes, pois é um pé, é uma estrutura que ela coloca no Brasil. É a primeira instalação da Samsung, praticamente, no nosso País, e como ela é um complexo empresarial que produz desde alfinete até navio, espero que, com essa decisão, a Samsung venha a ter aqui no Brasil investimentos em outras áreas, e vamos tentar, no futuro, que a empresa se decida também por Santa Catarina. Muito obrigado.

O SR. BERNARDO CABRAL - Senador Vilson Kleinübing, V. Exª, que foi Governador de Santa Catarina, portanto, é um homem afeito ao serviço público, demonstra, mais uma vez, a grandeza da qual é possuidor. V. Exª está declarando, com todas as letras, que, antes de pertencer a Santa Catarina, V. Exª pertence ao Brasil.

Sabe V. Exª que a luta foi grande, não nos termos leais que travamos com Santa Catarina. Houve um Ministro de Estado que já não mais se encontra no cargo que, na Capital do Amazonas, em Manaus, chegou a declarar que era contra a instalação dessa fábrica de cinescópio em Manaus, muito embora ali se encontre a maior indústria de televisores da América do Sul. Era contra, dizia o titular desse ministério, porque não se dava em condições iguais às que tinha a empresa Philips em São Paulo.

Para que não pairem dúvidas, devo declarar que foi a Ministra Dorothéa Werneck que fez essa declaração. Não se deve tocar na presunção de que tenha sido o Ministro José Serra, que é de São Paulo e que nada teve a ver com isso.

Veja V. Exª como foi difícil, para nós, amazonenses, a luta não somente contra a representação em São Paulo, toda ela aguerrida e interessada no que for possível fazer pelo seu estado, mas também contra uma Ministra que queria beneficiar a Philips, prejudicando meu estado.

Hoje, é com muita alegria que posso trazer ao Senado as palavras do Governador Amazonino Mendes, após celebração desse contrato, em entrevista concedida às emissoras de televisão coreanas, onde colocou em relevo:

      "Isso dá segurança e mais força à Zona Franca de Manaus. É uma nova etapa. Significa que está tudo definido, com perspectivas da geração de emprego e mais trabalho".

Eu não posso, ao final deste pronunciamento, deixar de proclamar que a Zona Franca de Manaus, tendo alcançado no ano passado um faturamento que atingiu US$12 bilhões - valor maior que o PIB do Uruguai e mais que o dobro do PIB do Paraguai -, está mais do que credenciada para o futuro promissor que lhe reservou o Constituinte de 88, ao registrar na Carta Magna o art. 40, parágrafo único, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mola propulsora de sua prorrogação por 25 anos, ou seja, até o ano 2.013.

Vale dizer: o dever cívico da minha geração, para com aquela área, está sendo cumprido.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª a honra da permuta que teve na Presidência dos trabalhos com este seu admirador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/1996 - Página 9334