Discurso no Senado Federal

REAFIRMANDO PONTO DE VISTA SOBRE ENTREVISTA DO SENADOR JOSE EDUARDO DUTRA, PUBLICADA NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DO ULTIMO SABADO.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • REAFIRMANDO PONTO DE VISTA SOBRE ENTREVISTA DO SENADOR JOSE EDUARDO DUTRA, PUBLICADA NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DO ULTIMO SABADO.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/1996 - Página 9211
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • CRITICA, ENTREVISTA, JOSE EDUARDO DUTRA, SENADOR, OFENSA, REPUTAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB -DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna, porque necessito de um esclarecimento.

Devo dizer a V. Exª que, no sábado, o jornal O Estado de S.Paulo publicou uma declaração do nobre Senador José Eduardo Dutra. Em certa parte de sua entrevista, S. Exª disse que é mais fácil votar as reformas na Câmara, porque, naquela Casa, negocia-se através da indicação de um Presidente ou de um Diretor do INCRA, e que, aqui no Senado Federal, a negociação se torna mais difícil, porque a "moeda forte" do Senado são as emendas do Orçamento e o Orçamento Plurianual.

Sr. Presidente, confesso a V. Exª e aos demais Senadores que estranhei essa declaração. Esperei que, no domingo ou na segunda-feira, houvesse um desmentido por parte do nobre Senador José Eduardo Dutra num jornal de grande circulação. Nada foi publicado.

Estranhei e comentei esse fato, mas não fiz nenhuma comparação. Apenas disse que eu estranhava as declarações de um Líder de Partido, quando nós, acima de tudo, deveríamos nos respeitar. Pouco importa se outras pessoas - S. Exª mesmo citou isso hoje -, tais como comentaristas, homens de imprensa ou jornalistas, falem mal do Congresso Nacional como um todo.

Os jornalistas, quando falam mal, fazem-no com muita razão, mas, quando difamam ou caluniam, o culpado também somos nós, porque não temos uma Lei de Imprensa - já a votamos - que realmente possa coibir alguns abusos.

Não houve nenhuma comparação entre o comentário do jornalista Arnaldo Jabor e as declarações do nobre Senador José Eduardo Dutra, por quem tenho respeito. Todavia, entendo que a instituição Senado Federal não são estas cadeiras, as mesas, este prédio; somos nós que fomos eleitos para representar todos os Estados brasileiros. É uma instituição provisória, porque, amanhã, serão outros Senadores, mas, hoje, somos nós que representamos esta instituição.

Portanto, à medida em que um Senador da República levanta esse problema, entendo que foi ferida a dignidade da instituição. Se nós não nos respeitarmos aqui dentro, ninguém lá fora poderá nos respeitar, ou terá o dever de nos respeitar. Acima de tudo, terá que existir o respeito mútuo aqui.

Se tenho algo a dizer, devo citar o nome. Se tem algum Senador recebendo dólares para votar, então tem que ser mencionado o nome desse ou desses Senadores.

Não condeno absolutamente que algum Senador ou Deputado Federal assinem emendas individuais, porque o Regimento e a lei nos permitem que assim façamos. Sob hipótese nenhuma condeno.

Aliás, como Deputado e Senador, já assinei algumas emendas individuais também, mas neste ano não assinei nenhuma. Portanto, não me sinto prejudicado com isso, nem a carapuça me serve.

No entanto, Sr. Presidente e nobre Senador José Eduardo Dutra, não condeno aqueles que assinaram, porque todos nós da Bancada do DF, como algumas outras bancadas, assinamos emendas coletivas, que foram consideradas prioritárias para o Distrito Federal, a pedido do Governo do Distrito Federal, que é do PT.

Agora, não sei se o Governo do PT recebeu esses recursos para outras finalidades. Eu não recebi e acredito que ele também não tenha recebido, porque, até que me provem o contrário, penso que o Governador é um homem honesto.

Então, não é justo jogarmos para a platéia, Sr. Presidente, nem dizermos aqui algo diferente do que falamos lá fora. Sinto-me, sim, atingido, porque me considero parte desta Instituição. Penso que nós, como Senadores da República, temos o direito de preservar a imagem, o nome do Senado Federal. Não existe absolutamente nada sobre isso, não existe barganha.

Se o Presidente da República disse algo a responsabilidade é de Sua Excelência. Aqui, porém, o que foi dito por um Senador, atacando a Instituição e a todos os demais Senadores, a responsabilidade será desse Senador.

Hoje mesmo afirmei que a situação está ficando difícil, porque muito mais importante é tratarmos de um assunto deste do que, às vezes, passarmos a tarde, como foi a de ontem, discutindo a ocupação, ou não, do Auditório Petrônio Portella por alguns sindicalistas, que se encontravam diante de um circo armado na Praça dos Três Poderes. Talvez isso seja mais essencial do que esclarecer o que se fala injustamente a respeito da instituição Senado Federal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, deixo bem claro que falei sim, levantei o problema sim, e vou fazê-lo em todas as oportunidades. Chega de jogarmos para a platéia e para a mídia. Temos muito trabalho a realizar nesta Casa. Portanto, com seriedade, vamos cumprir a nossa obrigação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/1996 - Página 9211