Discurso no Senado Federal

DEFESA DA CREDIBILIDADE DO CONGRESSO NACIONAL CONTRA AS AGRESSÕES DA IMPRENSA, COMO AS DO JORNALISTA ARNALDO JABOR, FEITAS NO ' JORNAL DA GLOBO, DE ONTEM E NO 'BOM-DIA BRASIL'.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • DEFESA DA CREDIBILIDADE DO CONGRESSO NACIONAL CONTRA AS AGRESSÕES DA IMPRENSA, COMO AS DO JORNALISTA ARNALDO JABOR, FEITAS NO ' JORNAL DA GLOBO, DE ONTEM E NO 'BOM-DIA BRASIL'.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/1996 - Página 9168
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • PROTESTO, IMPRENSA, EXTENSÃO, CONGRESSO NACIONAL, ACUSAÇÃO, MINORIA, CONGRESSISTA, COMENTARIO, NIVEL, APROVAÇÃO, LEGISLATIVO, OPINIÃO PUBLICA.
  • NECESSIDADE, IMPRENSA, PRESERVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, DEFESA, DEMOCRACIA, LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB-SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na manhã de hoje, a Câmara dos Deputados ocupou grande parte do seu Expediente comentando a opinião de um repórter da Rede Globo, Arnaldo Jabor, sobre a atuação do Congresso Nacional.

Confesso que não tive oportunidade de ouvir a opinião do citado jornalista. Entretanto, dada a repercussão das críticas feitas ao Congresso, que foram divulgadas através do Programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, cumpre-me, tão-somente, dizer que, efetivamente, já é frágil e insignificante a popularidade do Congresso Nacional, agravada pelo noticiário massivo de determinados setores da imprensa que, a pretexto de agredirem uma minoria, que, eventualmente, possa causar prejuízos à imagem do Congresso, resolvem investir contra a totalidade da Casa, como se Deputados e Senadores, na sua generalidade, fizessem do Congresso Nacional um instrumento de enriquecimento pessoal, uma porta aberta à corrupção e o atendimento aos privilégios odientos que tantas vezes são alvo de críticas dos próprios parlamentares.

Não se pode, Sr. Presidente, em função do comportamento incompatível desse ou daquele profissional, generalizar uma crítica à Imprensa. Porque, se há comportamento em desacordo com as exigências da sociedade, no âmbito do Congresso, também existe no âmbito da Imprensa. Nem por isso podemos generalizar, podemos agredir a Imprensa brasileira, que atende ao papel exigido pela democracia de levar a verdade, de formar a opinião pública.

É um desprezo total que hoje existe em nosso Brasil em relação ao Congresso Nacional. Basta, Sr. Presidente, que citemos recente pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi e divulgada em vários jornais do País: ali a Imprensa aparece em primeiro lugar, com 72% de aprovação; em segundo lugar está a Igreja Católica; e o Congresso Nacional, com apenas 27% de aprovação, só perde para a Igreja Universal, aquela igreja cujo bispo, num momento infeliz e deplorável, chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, num desrespeito ao espírito religioso existente em nosso País.

O Congresso Nacional, Sr. Presidente, portanto, está vivendo momentos difíceis, de baixa na sua popularidade, no seu crédito e na sua confiança. É verdade que, vez por outra, até colegas nossos encarregam-se de enfraquecer o Congresso Nacional, não só com exceções, e praticam realmente a política combatida pela sociedade brasileira, de atendimento só aos seus interesses pessoais. Mas a grande maioria do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, cuida - não tenho a menor dúvida - dos interesses das populações que representam.

Sou um Senador da República e não me considero pessoalmente atingido pelas críticas feitas pela Imprensa, mas como a instituição a que pertenço foi atingida na sua totalidade, sem nenhuma exceção, aproveito o momento de início da sessão de hoje para dizer que não concordamos, de forma alguma, que uma instituição que representa, antes de tudo, a democracia seja vilipendiada na sua honra, seja agredida no seu comportamento ético e seja jogada no lixo da falta de credibilidade e de confiança, quando precisamos, para o fortalecimento da democracia, de um Congresso forte, de uma Câmara dos Deputados e de um Senado que correspondam às expectativas desta Nação.

É verdade que o momento que estamos vivendo, de estabilização da moeda, está implicando o sofrimento de muitos segmentos sociais e econômicos do nosso País. Não só os trabalhadores estão sofrendo, mas também os empresários; suas indústrias estão quebrando, atingindo em cheio populações inteiras, principalmente nos centros mais evoluídos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com o desemprego em massa. Isso gera, por certo, um negativismo em relação às autoridades do nosso País.

Considero que pertencer a esta Casa, ser Senador ou Deputado, já é um privilégio; e ainda mencionam que o Senado Federal e a Câmara dos Deputados são cheios de mordomias, quando as mordomias se encontram em outros lugares.

O salário que aqui recebemos, como Senadores da República, para dar assistência às famílias, aos nossos Estados, em termos de comparação, realmente é alto - R$5.200 líquidos. Porém, não é tanto assim, se levarmos em consideração as nossas responsabilidades, os compromissos que assumimos com os nossos Estados, de ir aos municípios, freqüentá-los, comparecer a todas as solenidades para as quais somos convidados; efetivamente, é um salário quatro a cinco vezes menor que o de qualquer jornalista, de qualquer empresário de um grande jornal deste País. E nem por isso agredimos esses jornalistas.

Sr. Presidente, ao encerrar as minhas palavras, pediria à imprensa brasileira, que efetivamente tem prestado um serviço enorme à democracia, ao soerguimento do nosso desenvolvimento, prestando imensa ajuda ao Brasil, apresentando denúncias consistentes - quantas delas trazemos à tribuna desta Casa -, que preserve melhor a instituição, porque, se um dia for fechada, os jornalistas não terão a possibilidade de fazer suas críticas aos poderosos do dia.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/1996 - Página 9168