Discurso no Senado Federal

NECESSIDADE DE UMA NOVA LEI DE IMPRENSA. REFUTANDO ENTREVISTA DO SENADOR JOSE EDUARDO DUTRA, PUBLICADA NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DO ULTIMO SABADO, NA QUAL CLASSIFICA O SENADO FEDERAL COMO LOCAL DE BARGANHA EM RELAÇÃO AS EMENDAS AOS ORÇAMENTOS DA UNIÃO E PLURIANUAL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. IMPRENSA.:
  • NECESSIDADE DE UMA NOVA LEI DE IMPRENSA. REFUTANDO ENTREVISTA DO SENADOR JOSE EDUARDO DUTRA, PUBLICADA NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO DO ULTIMO SABADO, NA QUAL CLASSIFICA O SENADO FEDERAL COMO LOCAL DE BARGANHA EM RELAÇÃO AS EMENDAS AOS ORÇAMENTOS DA UNIÃO E PLURIANUAL.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/1996 - Página 9169
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. IMPRENSA.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, FALTA, LEI DE IMPRENSA, PUNIÇÃO, CALUNIA.
  • CRITICA, SENADOR, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENTREVISTA, JORNAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ACUSAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, VOTO, REFORMA CONSTITUCIONAL, CONGRESSO NACIONAL, TROCA, SENADO, APROVAÇÃO, EMENDA, ORÇAMENTO, PLANO PLURIANUAL (PPA), PROTESTO, INERCIA, MESA DIRETORA.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, seqüenciando as palavras do nobre Senador Antonio Carlos Valadares, quero dizer que acredito que a culpa não seja só da imprensa; se a imprensa tem culpa, também nós somos culpados, porque não tivemos a coragem de fazer uma lei de imprensa que nos pudesse resguardar de determinadas calúnias e mentiras.

Mas não é somente nesse ponto que somos culpados. Existem alguns Senadores que, para aparecerem na mídia, ficam deturpando não o nome dos demais Senadores da República - também não me sinto prejudicado por isso -, mas o da instituição.

Tive aqui a oportunidade de denunciar, na segunda-feira próxima passada, que um Líder de um Partido no Senado concedeu uma entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, publicada na sua edição do último sábado, a respeito das reformas, dizendo que na Câmara é mais fácil o Governo obter votos favoráveis, porque lá isso é feito mediante, por exemplo, a nomeação do Presidente do INCRA ou de um diretor de departamento. E afirmava que no Senado essa prática é mais difícil, porque aqui a moeda mais forte são as emendas do Orçamento e do Plano Plurianual.

E ninguém toma providências a respeito disso, nem a Direção da Casa.

Não me sinto absolutamente atingido por isso, por dois motivos. Em primeiro lugar, porque não apresentei, absolutamente, nenhuma emenda individual, nem ao Orçamento, nem ao Plano Plurianual. Mas não condeno nenhum Senador da República ou Deputado que o tenha feito, porque acredito, e a lei assim o determina, que o faz em benefício das suas comunidades.

Aliás, nenhum membro da Bancada do Distrito Federal apresentou emenda individual; foram todas emendas coletivas, a pedido do Governo do PT. Acima das siglas partidárias, das cores partidárias, atendemos a esse apelo, porque reconhecemos que todas as emendas solicitadas pelo Governador do Distrito Federal, do PT, revertem-se em benefício da nossa cidade.

No entanto, o Líder do PT, infelizmente, afirma ao jornal O Estado de São Paulo que a moeda mais forte no Senado Federal são as emendas do Orçamento e as do Plano Plurianual. Condeno isso, absolutamente.

Quero deixar aqui o meu protesto e solidarizar-me, em parte, com V. Exª, porque não condeno somente a imprensa, não faço críticas somente à imprensa. Para que possamos ser respeitados, é necessário que nos respeitemos, e, acima de tudo, que respeitemos esta instituição.

Não entendo por que a Casa não toma nenhuma providência para encaminhar esse caso à Comissão de Ética do Senado Federal.

Acima de tudo, precisamos nos respeitar, para exigirmos respeito da sociedade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/1996 - Página 9169