Discurso no Senado Federal

COMENTARIOS SOBRE O BALANÇO DO BRADESCO PUBLICADO NO JORNAL GAZETA MERCANTIL, EDIÇÃO DE 24 DE JANEIRO DE 1996, DO JORNALISTA ELPIDIO MARINHO DE MATTOS.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • COMENTARIOS SOBRE O BALANÇO DO BRADESCO PUBLICADO NO JORNAL GAZETA MERCANTIL, EDIÇÃO DE 24 DE JANEIRO DE 1996, DO JORNALISTA ELPIDIO MARINHO DE MATTOS.
Publicação
Publicação no DSF de 25/01/1996 - Página 883
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • ANALISE, EFICACIA, ATUAÇÃO, NATUREZA ECONOMICA, BALANÇO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RESULTADO, NECESSIDADE, ENCAMINHAMENTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, CUSTEIO, PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), TESOURO NACIONAL.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, diz a Gazeta Mercantil de hoje:

      "O Bradesco, maior banco privado brasileiro, manteve-se em 1995 dentro de seus padrões históricos de rentabilidade. Seu lucro líquido no exercício foi de R$540 milhões, o que lhe dá um retorno de 11,1% sobre o patrimônio de R$4,482 bilhões. Em 1994, o banco havia apresentado rentabilidade de 12,1%."

Essa matéria, assinada por um dos mais veteranos jornalistas especializados na área de análise do sistema financeiro brasileiro, Elpídio Marinho de Mattos, denota um aspecto extremamente importante, qual seja o de que houve possibilidade de algumas instituições financeiras superarem os desafios e barreiras que ocorreram em função do Plano Real.

Diz ainda o analista:

      "Mesmo com a queda, o Bradesco obteve lucratividade razoável. O resultado de 1994 foi influenciado positivamente pelos ganhos com a inflação, na primeira metade do exercício, e pela expansão do consumo no segundo semestre, depois do Real. No ano passado, ao contrário, houve alto índice de inadimplência e forte aperto monetário. Isso afetou todo o sistema bancário.

      Os números de 1995 mostram que o Bradesco foi menos prejudicado ou até mesmo beneficiado pela situação, com a crise de confiança no setor. Nos dados que divulgou ontem, o banco apresenta crescimento real de 37,6% dos recursos captados e administrados que somaram R$29,8 bilhões, em 31 de dezembro, e aumento de 27,1% nas operações de crédito para R$14,1 bilhões."

Sr. Presidente, é importante fazer a comparação do comportamento do Bradesco, que obteve lucro, com o das instituições financeiras que estão sendo objeto de ajuda financeira tão acentuada pelo Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro, por meio do que propôs a Medida Provisória que criou o Proer.

Assinalo, mais uma vez, que este Governo criou o Proer para as instituições financeiras, mas não é capaz de atacar a miséria no País, como, ainda hoje, assinala Elio Gaspari, em seu artigo no jornal O Estado de S. Paulo.

Seria importante, pois, obtermos informações mais completas, que foram objeto de requerimento que eu próprio e outros Parlamentares encaminhamos ao Ministro da Fazenda e ao Banco Central, relativamente aos custos do Proer e suas repercussões no âmbito do Tesouro. Não se trata simplesmente de recursos de caixa do conjunto dos depositantes para salvar o interesse desses correntistas; trata-se de destinar a algumas instituições financeiras e aos seus acionistas recursos dos correntistas, mas que, para os acionistas das instituições financeiras, são colocados a taxas muito menores do que aquelas a que são submetidos os correntistas.

É importante que se tenha clareza, que se compare o quanto vai para o Proer, para essas instituições, e o quanto é destinado para resolver o problema premente daqueles que estão em condições de miserabilidade, de exclusão, de marginalidade social em nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/01/1996 - Página 883