Discurso no Senado Federal

VIAGEM DOS GOVERNADORES DO DISTRITO FEDERAL, DO TOCANTINS, DO MARANHÃO E DE GOIAS A WASHINGTON (DC), EUA, PARA PLEITEAR JUNTO AO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) VERBAS PARA A CONCLUSÃO DAS OBRAS DA FERROVIA NORTE-SUL. VIABILIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTAVEL DO CENTRO-OESTE E DO CENTRO-LESTE.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • VIAGEM DOS GOVERNADORES DO DISTRITO FEDERAL, DO TOCANTINS, DO MARANHÃO E DE GOIAS A WASHINGTON (DC), EUA, PARA PLEITEAR JUNTO AO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) VERBAS PARA A CONCLUSÃO DAS OBRAS DA FERROVIA NORTE-SUL. VIABILIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO AUTO-SUSTENTAVEL DO CENTRO-OESTE E DO CENTRO-LESTE.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/1996 - Página 9063
Assunto
Outros > CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, ENTREGA, RELATORIO, AUTORIA, GILBERTO MIRANDA, SENADOR, PRESIDENTE, COMISSÃO TEMPORARIA, RESPONSAVEL, ELABORAÇÃO, CODIGO NACIONAL DE TRANSITO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), CRISTOVAM BUARQUE, MAGUITO VILELA, SIQUEIRA CAMPOS, ROSEANA SARNEY, GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESTADO DO MARANHÃO (MA), OBJETIVO, ENTENDIMENTO, BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), EMPRESTIMO, OBTENÇÃO, RECURSOS, DESTINAÇÃO, CONCLUSÃO, CONSTRUÇÃO, FERROVIA, LIGAÇÃO, REGIÃO SUL, REGIÃO NORTE, PAIS.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com prazer que venho hoje a esta tribuna, primeiro para registrar, com alegria, a entrega do relatório do Código Nacional de Trânsito pelo Senador Gilberto Miranda, relator daquela Comissão especial. Trata-se de um dos assuntos principais que estão tramitando nesta Casa e de grande interesse para a coletividade brasileira.

No primeiro discurso que fiz, pedi ao Senador José Sarney que acelerasse, que reavivasse essa comissão. Na semana seguinte S. Exª a reavivou, permanecendo o mesmo relator, Senador Gilberto Miranda, com a Presidência do Senador Francelino Pereira, e hoje concretizamos esse relatório. Se Deus quiser, espero que o Senado, também com muita diligência, torne-o mais viável e remeta-o à Câmara dos Deputados.

A segunda comunicação que tenho a fazer, Sr. Presidente, é que no dia 3 próximo estão seguindo para Washington, quatro Governadores - o Governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque; o Governador Maguito Vilela, de Goiás - meu Estado -; o Governador Siqueira Campos, de Tocantins, e a Governadora do Estado do Maranhão, Roseana Sarney. S. Exªs vão a Washington, para pleitear junto ao BID recursos para o término da Ferrovia Norte-Sul.

Nós, desta região centro-oeste e dessa parte norte do Estado, incluindo o Maranhão, consideramos que a Ferrovia Norte-Sul é uma das principais obras deste País. Será uma obra de integração, que significará, sobretudo, o desenvolvimento para a região do centro-oeste.

Sr. Presidente, nos próximos doze meses, uma comissão especial do Senado vai promover uma radiografia ampliada dos potenciais e da carência da região do cerrado, concentrada no centro-oeste brasileiro.

O relatório final pretende indicar as soluções técnicas e as alternativas políticas para viabilizar o desenvolvimento auto-sustentado da região e integrá-la definitivamente às demais regiões do País, com ênfase especial à modernização e ampliação do sistema de transportes que integra o corredor de exportações centro-leste. Não será uma carta de intenções, mas um pacto de luta para orientar a pressão de sete Estados brasileiros sobre o Governo Federal, com o objetivo de implementar as propostas. A comissão terá a presidi-la o nobre Senador José Ignácio Ferreira, tendo eu recebido o papel honroso de relator.

Com seus 150 milhões de hectares, a região centro-oeste é a mais jovem, a maior e a mais promissora fronteira agrícola do País. A agricultura de grandes escalas chegou ao centro-oeste há pouco mais de dez anos, mas o imenso poder da região de gerar riquezas já responde por uma produção de 15 milhões de toneladas de grãos. São mais de 20% de toda a produção nacional de alimentos. Somos estatisticamente os maiores produtores nacionais de carne e de soja. As modernas tecnologias agrícolas já incorporadas e adaptadas ao cerrado, a intensificação do uso de pivôs centrais na irrigação e as condições favoráveis da topografia para a mecanização prometem crescimento vertiginoso da agricultura nos próximos anos.

Teríamos tudo para contemplar esse futuro com os olhos da felicidade, mas, ao contrário, ele nos assusta. Estamos dominando a terra, mas não temos domínio sobre a arcaica infra-estrutura de transportes, que há cerca de vinte anos não recebe novos investimentos federais.

Os transportes são o grande pesadelo nos sonhos de grandeza do centro-oeste e dos cerrados. Estamos cansados das retóricas e das promessas. Definitivamente, não dá para conviver passivamente com o descaso do Governo. Os estudos mais recentes da FAO, reproduzidos pela Sociedade Rural Brasileira, indicam que 55 países têm densidades demográficas superiores à sua capacidade de produzir alimentos.

Hoje ouvimos nesta Casa as palavras do Senador Osmar Dias exatamente nessa direção, chamando a atenção para a importância de garantir-se alimentação para o mundo todo.

As portas da China, o mercado potencial mais importante do mundo, estão escancaradas para absorver excedentes exportáveis dos grandes produtores do planeta. E a elite acadêmica dos economistas reconhece o centro-oeste como a grande opção estratégica para o salto definitivo do Brasil do próximo século. Sobram argumentos para a concentração prioritária dos investimentos públicos na infra-estrutura do centro-oeste, mas falta vontade política. Só resta mesmo transformar o plenário da comissão agora instalada num mutirão político para arrebentar as resistências. As bancadas de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal e Espírito Santo têm esse grande desafio pela frente.

No corredor centro-leste, a malha ferroviária de 1.860 quilômetros só não é obsoleta nos trechos pertencentes à Companhia Vale do Rio Doce. A parte da Rede Ferroviária Federal foi levada ao sucateamento pelo descaso. Os acidentes são freqüentes, dezenas de locomotivas vivem paradas por falta de reparos, os gargalos da Serra do Tigre e da travessia de Belo Horizonte não são corrigidos. Tudo isso compõe a situação de caos de uma empresa que obteve um prejuízo de 67 milhões de reais só no ano passado. Esse quadro caótico é de domínio público, mas não se tem feito nada para mudá-lo. Agora vive-se a expectativa de que o leilão de privatização do próximo dia 14 possa significar o começo do fim dessa história lamentável de abandono.

Acredito que o prazo de seis anos, estimado pelo BNDES para a recuperação da ferrovia, é longo demais para as necessidades e as perspectivas de desenvolvimento do centro-oeste, e esta será uma das preocupações da Comissão Especial do Senado.

O fato objetivo é que Goiás e os outros Estados, influenciados pelo corredor centro-leste, dependem dramaticamente de malhas ferroviárias modernas e eficientes para alavancar o seu desenvolvimento. As rodovias são importantes na integração dos transportes, mas o sistema ferroviário é o mais adequado para as grandes cargas graneleiras e os longos percursos. É fator fundamental para o barateamento do custo das mercadorias e o aumento de seu poder de competição nas exportações. No meu Estado, possuímos 8.100 quilômetros de rodovias estaduais pavimentadas. Graças a isso e à malha rodoviária federal que corta o Estado em todas as direções, estamos preparados para levar as cargas até os grandes comboios que vão demandar os portos de Santos e de Vitória. Atualmente, pela ineficiência da opção ferroviária na direção dos portos, 60% das mercadorias originárias de Goiás são transportadas por caminhões.

A proposta da comissão presidida pelo Senador José Ignácio Ferreira é de chegar a conclusões racionais e objetivas, para transformar economicamente a região dos cerrados. Já na próxima segunda-feira, o plenário da comissão será deslocado para Goiânia, onde vamos promover uma sessão pública de debates na Assembléia Legislativa. Faremos outras sessões públicas em Cuiabá, Campo Grande, Palmas, Belo Horizonte e Vitória, buscando estimular as forças mais representativas da sociedade de cada Estado para a sua participação nas recomendações do documento final. Universidades, instituições políticas, entidades empresariais, formadores de opinião e pesquisadores estão sendo convidados para apresentar suas contribuições.

Como principal indutor do desenvolvimento, o setor de transportes terá ênfase especial, mas o leque de assuntos que foi previamente definido inclui a discussão sobre os caminhos do centro-oeste na exploração de suas riquezas extrativas, particularmente depois da abertura do subsolo à exploração de capitais estrangeiros; a racionalização do uso dos recursos hídricos da região no seu melhor aproveitamento econômico; a ampliação das fronteiras agrícola, industrial e agroindustrial; a identificação de caminhos políticos e fiscais para a ruptura dos desequilíbrios regionais, com a desconcentração industrial e a interiorização do desenvolvimento, e a abertura de novas frentes de produção com base nas riquezas naturais dos Estados do centro-oeste.

Temos pela frente uma pauta extensa e muito trabalho. Levantaremos um diagnóstico atualizado e indicaremos soluções, dentro do objetivo mais amplo de consolidar a vocação agrícola do cerrado, sem inibir o desenvolvimento industrial e de serviços amparado pela agricultura. Os onze Senadores que integram o grupo de trabalho parlamentar estão determinados a ir muito além dos debates e dos relatórios, buscando dar conseqüência objetiva às recomendações. Estamos todos convencidos de que o palco certo para a discussão exaustiva de todas essas questões é o Senado, pelo seu papel constitucional de zelar pelo equilíbrio federativo. Daí a minha expectativa de que os temas em debate não interessem apenas aos integrantes da comissão mas também a toda esta Casa, porque o desenvolvimento dos cerrados, mais do que uma questão regional, é assunto que diz respeito a todo o País.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/1996 - Página 9063