Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AOS 13 ANOS DA REDE MANCHETE.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS 13 ANOS DA REDE MANCHETE.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/1996 - Página 9452
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • HOMENAGEM POSTUMA, ADOLPHO BLOCH, EMPRESARIO, IMIGRANTE, CRIAÇÃO, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES.

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Ney Suassuna; Sr. Vice-Presidente do Sistema Manchete, Carlos Sigelmann, que aqui, com certeza, expressa também o sentimento de Jaquito; Sr. Murilo Mello Filho; Sr. Carlos Chagas; Sr. Ronaldo Vidigal; Sr. Sérgio Ross; Srªs e Srs. Senadores; ontem fiquei um pouco preocupado, porque fui informado de que deveria ser, se não o primeiro - desculpem-me a imodéstia -, pelo menos o segundo ou o terceiro signatário desse requerimento para homenagem ao 13º aniversário da Rede Manchete do Brasil. Foi bom que isso acontecesse, porque não me sentiria bem de me deter para escrever, em detalhes, expressões que pudessem traduzir toda a nossa admiração e respeito ao empreendimento que a família Bloch promoveu neste País para engrandecê-lo e eternizá-lo.

A nossa intimidade no convívio da vida empresarial e política da família Bloch e, de minha parte, como homem público e político militante, foi sempre prazerosa, porque traduzia um sentimento de respeito ao cidadão que iniciou a sua vida política e pública na terra mineira, desde a minha Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais até o Senado desta República brasileira. Aqui estamos exatamente para juntar o nosso sentimento a esta homenagem efetivamente merecida por todos aqueles que contribuíram e estão contribuindo para o sucesso do sistema da Rede Manchete neste País.

A imprensa tem um papel decisivo na construção de uma nação e, quanto mais livremente ela exerce as suas atividades, mais fluente se torna o projeto político de um estado ou de um país. 

Adolpho Bloch, com a sua ternura, o seu sentimento de companheirismo, pela sua impressionante devoção ao Brasil, pela sua crença no destino desta Nação, pelo amor desmedido que sempre teve a todos os brasileiros, há de merecer sempre o respeito e a consideração de todos os homens que formam e constroem este País.

Naturalmente que o primeiro deles é exatamente Adolpho Bloch. O que mais me encanta ainda hoje, ao pensar em Adolpho Bloch, não é propriamente tudo que ele empreendeu na vida, no campo da comunicação, mas o seu otimismo.

Na juventude, fui adversário de Juscelino Kubitschek na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais. Anos depois, tornei-me amigo pessoal de sua esposa e de suas filhas. Sempre afirmei que o que eu mais admirava em Juscelino não eram as realizações que havia empreendido nesta Nação; o que mais me encantava em sua vida foi, é e será sempre a revolução do otimismo.

Antes de Juscelino, poucos acreditavam neste Brasil. Diziam mesmo que esta Nação crescia à noite porque os brasileiros estavam dormindo. Quando Adolpho Bloch chegou ao Brasil e se transformou em um empreendedor dos mais capazes, a tônica do seu comportamento foi exatamente promover sempre a revolução do otimismo.

A meu ver, foi exatamente esse sentimento de otimismo de Juscelino e de Adolpho Bloch que os aproximou e fez de Juscelino um apaixonado permanente, até sua morte, por Adolpho, e de Adolpho Bloch um apaixonado permanente pela figura e pela história de Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Sempre que lia as crônicas de Adolpho Bloch a respeito do mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira, eu procurava identificar esse traço comum da confiança no futuro, do otimismo desta Nação, da crença no destino deste País. Daí a razão pela qual, quando se comemora o sucesso da Rede Manchete, temos sempre a lembrança voltada para essa identificação no comportamento, na palavra, no amor e na paixão entre Juscelino Kubitschek de Oliveira e Adolpho Bloch.

A última vez que demoradamente estive com Adolpho Bloch foi na Praia do Russel, sede da Rede Manchete, em um café da manhã oferecido por ele, estando presentes seu irmão, meu amigo íntimo, Oscar Bloch, mais dois ou três convidados e a artista Xuxa. Naquela ocasião, conversávamos desataviadamente, espontaneamente, e, por mais íntima que fosse a nossa conversa e a nossa convivência naquele momento, de minutos em minutos ele sempre tinha uma palavra para enriquecer a conversa sobre o destino da Nação brasileira. Ele tinha horror aos juros bancários, à agiotagem; combatia de todas as formas os mecanismos financeiros do País que, em certos momentos, contribuíram para perturbar os seus sonhos de otimismo e de confiança no Brasil.

Mas, de tanto viver, conviver, conversar, debater com os homens públicos, empresários, jornalistas, trabalhadores da Nação, no dia em que faleceu, no prédio da Rede Manchete, na Praia do Russel, lá chegamos imediatamente para vê-lo, como se fosse uma figura encantada que não pudesse desaparecer naquela hora, pois simbolizava um projeto da maior significação para todos nós, brasileiros.

Fui ao seu sepultamento, abracei os seus amigos, olhei as dimensões daquele prédio, daquele edifício e vi, naquela projeção, a própria figura do homem que a encarnou e projetou um sistema de comunicações dos mais respeitados do País. Ninguém foi mais guerreiro do que ele; ninguém lutou mais do que ele. Promovera um empreendimento no campo da comunicação quando o sucesso já estava enraizado e outros segmentos do setor precisavam de muito apoio, muita colaboração, muita coragem e destemor. Quando faleceu, todos nós ficamos tristes, mas na expectativa de que os seus seguidores - já que Oscar Bloch, seu irmão, também falecera - continuassem a sua obra, mantendo sempre íntegra a sua imaginação e o seu respeito por esta Nação.

Comecei por falar cerimoniosamente do meu querido amigo Murilo Mello Filho, mas peço permissão à Casa para sair um pouco da liturgia que é imposta pelo meu querido Presidente José Sarney para dizer-lhe, meu querido Murilo Mello Filho, que devo muito da minha vida pública a você - permita-me o tratamento de intimidade. Desde o "Posto de Escuta", para o qual fornecia algumas frases e textos que criávamos na imaginação dos homens de Minas, até os textos que você colocava na minha boca e expressava em sua revista. Fomos e continuamos a ser amigos; temos uma grande afeição um pelo outro. Sinto assim, e tenho certeza que você tem o mesmo sentimento.

Temos hoje a presença, neste plenário, do jornalista Carlos Chagas, o Chaguinha, um jornalista completo, competente, corajoso, leal, inclusive a Adolpho Bloch. Poderia estar atuando em outros meios de comunicação plenamente vitoriosos nesta Nação, mas ele sempre fez questão de honrar o compromisso que tinha com a Rede Manchete, e aqui está enriquecendo a Mesa que preside os trabalhos neste dia.

A Rede Manchete nasceu, salvo engano, da revista Manchete. Não havia, no Brasil, quem não a lesse; todos a adoravam e a aplaudiam, sobretudo pelo otimismo que a revista expressava e infundia no Brasil inteiro. Era considerada a revista da confiança no futuro. Bem diferente dos tempos de hoje, em que o ataque ou o jornalismo de investigação, bastante cruel, torna a face do Brasil um pouco mais angustiante.

De qualquer forma, a revista Manchete e mais as 25 rádios existentes no País, lembrando-me sempre da Praia do Russel ou de Parada do Lucas, com a gráfica da Rede Manchete, todo esse sistema merece hoje, com bem afirmou o Senador Roberto Requião e os oradores seguintes, a nossa palavra de respeito e de admiração a esse empreendimento do Brasil.

Trago, portanto, em nome da nossa amizade, em nome do nosso sentimento, uma expressão de respeito e admiração de todos os mineiros, de todos os Partidos, de todas as parcelas, porque eu amo a todos e todos me estimam e respeitam.

Trago também, em nome do meu mandato de Senador da República, a humildade da minha homenagem, que cresce diante da Mesa que preside estes trabalhos. Aos meus amigos da Rede Manchete, aos construtores dessa apaixonante aventura de Adolpho Bloch, os abraços carinhosos e os votos de um sucesso permanente, que se eternize na mente, na imaginação de todos os brasileiros.

Muito obrigado. (Muito bem! Palmas!)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/1996 - Página 9452